Cachoeiro-ES: Carnaval é das escolas de samba para o povo

As Escolas de Samba são as rainhas do carnaval, não adianta insistir com novidades, as fantasias e o samba faz parte da tradição

 

O baixo público no parque de exposições em Cachoeiro de Itapemirim pode se justificar por duas razões: concorrência direta com o evento no litoral e dissociação da essência do carnaval cachoeirense, que reside no compasso das escolas de samba locais.

Nas cidades onde há desfile de agremiações, sabe-se que o próximo evento inicia logo após a apuração dos votos. Daí, a quarta-feira de cinzas cede espaço para nova mobilização das comunidades.

Diversas famílias se envolvem na preparação do carnaval: algumas pessoas emprestam o seu talento na costura e no artesanato para a confecção das fantasias; nos instrumentos, para compor a bateria; na dança, para sambar nas alas; na poesia, para composição do enredo; e a beleza, para reinar na escola.

Em toda esta participação, centenas de crianças também desejam ser peça integrante desta engenharia – e é neste momento que elas conseguem se identificar com um instrumento musical ou por qualquer outra atividade (citadas acima) ofertada pelo samba. Uma vez na ‘avenida’, desfilando com amigos e familiares, consolida-se a manutenção da existência das escolas de samba. Todas ficam aptas a receberem o ‘anel de bamba’.

E o processo de mobilização das comunidades também perpassa pelos eventos para arrecadação de recursos. Isso ocorre através dos ensaios das agremiações, geralmente nas quadras dos bairros, onde as famílias se divertem, socializam com os vizinhos e aprendem o samba enredo de sua escola, ansiando o carnaval durante todo o ano.

Tudo isso também ocorria em Cachoeiro de Itapemirim. Atualmente, os carnavalescos locais estão com os tamborins calados e, com isso, a tradição começa a ser questionada, principalmente por quem desconhece o sentimento depositado por todos que integram uma escola.

Para não deixar o samba morrer no município, é preciso trazer as soluções adquiridas a partir dos tropeços do passado; regularizar a Liga Independente das Agremiações Carnavalescas, a Liacci; e discutir viabilidades com o governo, que passam por incentivos, organização, planejamento e, até mesmo, o melhor local para sediar o carnaval.

A regularização da entidade é fundamental para a angariação de verbas para as escolas de samba em todas as esferas do poder público. Para este ano, por exemplo, o vereador Alexon (Pros) fez emenda destinando R$ 100 mil para a liga, porém ela não pôde receber por falta de documentação.

Caso haja esta movimentação entre carnavalescos, liga e poder público, é possível que o carnaval 2019 comece a ser elaborado ainda neste primeiro semestre. E, claro, em data que não concorra com os eventos litorâneos.

Quanto ao público, é preciso registrar que cada escola de samba tem aproximadamente 400 integrantes. Em 2012, por exemplo, mais de 20 mil pessoas foram à Linha Vermelha prestigiar o desfile, que teve como campeã a Explosão do Novo Parque, contando a história da mitologia do continente africano. Não há porque deixar isso morrer, é cultura popular.

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