PC caça ex-vereador de Iconha condenado por assassinar a ex-mulher

JUSTIÇA: 12 anos família espera pela prisão do ex-vereador acusado de matar a mulher em Piúma. O ex-vereador de Iconha, José Inácio de Lima teve a prisão decretada pela justiça na tarde de ontem, desde então se encontra foragido.

 

Foragido

O ex-vereador de Iconha, José Inácio de Lima teve negado o último recurso impetrado no Supremo Tribunal de Justiça – STJ relacionado a condenação pelo assassinato da ex-mulher, Jailza Marinho. Lima recorreu até a última instância e não logrou êxito. Ontem a Justiça expediu o mandado de prisão contra ele. A Polícia Civil de Piúma está a caça dele, no entanto, ele fugiu. A família dele informou a polícia que Inácio está férias e viajando. Não forneceu contato telefônico.

A Polícia Civil de Piúma está atrás de Inácio de Lima que se encontra foragido. Quem souber do paradeiro dele informe a polícia imediatamente. O mandado de prisão saiu na noite de ontem e desde então os policiais estão a procura do assassino.

Em 2009, o vereador chegou a ser condenado, mas recorreu da decisão e estava em liberdade. José Inácio Lima foi condenado a 14 anos de prisão e deve cumprir a pena atrás das grades. “A gente pede a população da cidade e de outras localidades, que sabem do paradeiro do vereador, para ligar para o 181 ou para a delegacia mais próxima que nós vamos lá prendê-lo”, afirmou o delegado Milton Sabino.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que José Inácio Lima deve cumprir a pena por ser considerado culpado pela morte da esposa, Jailza Marinho. Na época, o vereador negou que tivesse jogado a mulher de dentro do carro em movimento.

 

O crime – no dia de um comício

Era uma noite de quinta-feira, 02/09/2004. Um dia de muita agitação na cidade de Piúma. O ex-prefeito Valter Luiz Potratz promovia um comício no bairro Tamarindo. E, nesta noite, a família de Jaílsa Marinho estava nesse comício com ela, quando o ex-marido, o ex-vereador, José Inácio de Lima, chegou de Iconha e a convidou para entrar no carro e conversarem. É certo que eles viviam em um pé de guerra. Há relatos do filho, Marcelo Marinho, que, os pais brigavam muito e ele sempre a jurava de morte. Marcelo contou que dormia com uma faca embaixo do travesseiro, já imaginando que o pai pudesse tentar matar a mãe e ele entrasse no meio para defendê-la.

Naquela noite, no entanto, a família da vítima não imaginava que as ameaças pudessem se consumar em um homicídio qualificado, com requintes de crueldade. Jaílsa morreu de traumatismo craniano. José Inácio a espanou tanto que quebrou  os dentes dela, os olhos e a língua saíram, ela ficou completamente deformada, irreconhecível. “Muito triste para a nossa família. Minha irmã ficou completamente deformada. A revolta é muito grande, a tristeza maior ainda, e a indignação. Deus não falha, eu acredito na justiça. São 12 anos de luta. Sabemos que agora ele é um foragido da justiça, esperamos que a condenação seja cumprida”, frisou a irmã da vítima, Renata Marinho.

 

Espancou, jogou para fora do carro, a socorreu e matou

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O assassino foi o mesmo que a socorreu levando-a ao hospital Nossa Senhora da Conceição, depois de espanca-la e atirá-la para fora do veículo, mas acabou sendo preso em flagrante dentro a unidade hospitalar, depois, posto em liberdade.

Segundo a irmã, Renata, dissimulado, o ex-vereador assassino, espancou a irmã dela naquela noite de 02 de setembro e a jogou para fora do veículo em movimento. Uma das testemunhas do caso relatou em depoimento a justiça que a viu jogada na beira da praia pedindo socorro. “A Polícia recebeu um telefonema anônimo de um cara que contou que um homem estava batendo em uma mulher em um Fusca azul, adesivado com propaganda política. Nessa mesma hora, o carro passou sentido ao hospital de Piúma. A viatura foi até lá e os policiais o prenderam e logo em seguida ela faleceu na frente de toda a família e dos filhos”, contou Renata.

Passados 12 anos que o homicídio ocorreu, saiu na noite de ontem o mandado de prisão contra José Inácio, que se encontra foragido.

Desabafo da mãe: “Eu não acreditava mais na justiça”.

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De acordo com a mãe de Jailsa, a marisqueira Gelcira Marinho, ela não acreditava mais na justiça da terra, somente na de Deus, até que o neto, o cabeleireiro, Marcelo Marinho afirmou a ela que iria para os Estados Unidos da América trabalhar e juntar dinheiro para contratar um bom advogado e colocar o assassino da mãe na cadeia.

Ressaltou Gelcira que ninguém pode imaginar o sofrimento dela em relação a impunidade do ex-vereador, que parecia ter privilégios por conta das ligações políticas. “Ninguém sabe o quanto a gente sofre, são 12 anos a espera de justiça. É uma luta incessante. Eu não acreditava mais. A sorte é que meu neto foi para os Estados Unidos trabalhar, coseguiu juntar dinheiro para pagar um bom advogado, só que o assassino fugiu, falaram que ele tirou dois meses de férias e se mandou, ele não é bobo. Meu neto sempre falava: “vó, eu vou trabalhar, juntar dinheiro, pagar um bom advogado e colocar aquele monstro na cadeia’. Já esperávamos que ele fugiria, esperamos que ele seja logo encontrado, preso e pague pelo que fez com a minha filha. Todos os dias da minha vida eu sinto uma dor que não passa”, disse dona Gelcira.

A marisqueira está com passagem comprada para Aparecida do Norte, viajaria hoje, mas está tão nervosa que pensa em desmarcar. “Estava querendo desmarcar, mas meu neto que me deu esse presente, eu vou para agradecer a Nossa Senhora da Aparecida por essa graça, agora eu espero que ele pague”.

 

Dos EUA, Marcelo fala com a Reportagem

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“O Luciana, perdi muita coisa aí no Brasil vindo para os Estados Unidos, abri mão de coisas importantes para mim, mas, não me arrependo, pois se eu não tivesse feito isso, eu não conseguiria reatar o processo, investi muito para o advogado sair de São Paulo, alguém estranho do convivo do assassino, para que ele não soubesse de nada. O advogado saiu de São Paulo só para pôr esse assassino na cadeia, mas como eu já esperava, ele fugiu, pois como sempre fui claro, ele é um assassino confesso. Estou de consciência tranquila, pois minha parte como filho querendo justiça, estou fazendo, e nunca desistirei. Quero deixar bem claro para ele, toda sociedade e amigos, que vamos colocar esse monstro atrás das grades”, ressaltou Marcelo. 

Posse na cadeia

José Inácio chegou a ficar detido em 2004 e tomou posse de seu segundo mandato na Câmara enquanto ainda estava preso. Porém, o vereador foi libertado e respondia o processo em liberdade. Agora o vereador é foragido da justiça, a família de Jaílsa pede que qualquer informação seja passada a polícia.

 

Inácio está de férias e a Prefeitura não sabe o numero do telefone dele

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O assassino é funcionário efetivo da Prefeitura de Iconha. A reportagem entrou em contato com a administração para saber se o mesmo está de férias, qual a função, quanto recebe e se será exonerado do cargo. De acordo com nota enviada relacionada aos questionamentos da reportagem, Inácio exerce a função de operador de máquina e entrou de férias no dia 05 de abril. Na ficha funcional não consta o fone do servidor e a prefeitura vai analisar o Estatuto do Servidor para ver se Inácio deverá ser exonerado da função.

Segundo o art. 92 [1] do Código Penal, o servidor que vier a praticar conduta tipificada criminalmente poderá ser sancionado com a perda do seu cargo público.

Art. 92 – São também efeitos da condenação:

I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

 

Nota enviada a Redação

 

Diante das interrogações provocadas pelo Jornal “Espírito Santo Notícias” acerca do servidor José Inácio Lima, vimos por meio desta informar que o mesmo exerce o cargo de operador de máquina, readaptado por laudo médico, recebendo o vencimento base de R$ 2.098,99.

Quanto a demanda referente às férias, informamos que o mesmo solicitou férias para o período de 30 dias a partir do dia 05 de abril do corrente ano, tendo trabalhando normalmente até a referida data, assim não procede a informação de que o mesmo esteja em recesso por dois meses, bem como não possuímos informações de quaisquer viagens e destino do servidor. De acordo com os registros da ficha funcional o servidor não forneceu o número de telefone.

Quanto ao desdobramento da decisão judicial e seus efeitos na vida funcional do servidor, o Município observará os procedimentos previstos no Estatuto do Servidor Público do Município de Iconha, após a comunicação oficial pelo Poder Judiciário, o que ainda não ocorreu.

Logo, a Prefeitura de Iconha se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos.

 

 

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