Mulheres de PM, mães e filhos param as viaturas de norte a sul no ES

Mães, filhos e esposas de PM impedem viaturas de saírem do Batalhão em diversos batalhões no ES

_ana5358-4887459

Um movimento que começou bem pequeno com dez mulheres em frente ao Batalhão da Polícia Militar – PM na Serra, ontem, ganhou força de norte a sul no Espírito Santo.

Esposas, namoradas, mães e filhos de policiais militares protestam desde as 6 horas deste sábado na frente de diversos batalhões da PM do Estado. Em Piúma todas as viaturas estão paradas na sede do Batalhão. Elas bloqueiam a saída de dos veículos com barracas, cadeiras e policiais não saem para atender as ocorrências. 
As mulheres reivindicam reajuste salarial, o pagamento de auxílio alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno. Além de pedir mais apoio aos maridos que colocam em risco a vida na defesa da sociedade. Elas denunciam também a frota sucateada e a falta de perspectiva de carreira. Elas protestam pelos seus familiares visto que os policiais militares são proibidos pelo Código Penal Militar de protestar, fazer greve ou paralisação. A pena para o PM que tomar parte em atos desse tipo pode chagar a dois anos de prisão.

 

Viaturas da PM paradas em Piúma: Mulheres de policiais acampam na frente do DPM

b222f882-25e1-4efc-8ceb-e04afb8be8eb

A Reportagem conversou com a advogada Marina Feres, esposa de um policial que atua no GAO, ela explicou que a manifestação é fruto de vários anos de descaso do Executivo para com a PM, disse que a corporação está há sete anos sem um centavo de aumento, há quase quatro anos sem a reposição das perdas salariais que por lei é obrigatório e com o revezamento de coletes, viaturas sucateadas, DPM’s sucateados e como promoção atrasada, devido às várias mazelas, as famílias dos militares resolveram dar um basta nisso.

Como os policiais não têm direito a greve, podendo ser presos e excluídos da corporação, as famílias tomaram as dores dos policiais que estão sofrendo. O movimento começou na Serra ontem, 10 mães de policiais e esposas pegaram cartazes e foram para a porta do pelotão e impediram as viaturas de saírem para a rua, enquanto o governador não se posicionar. Essas 10 mulheres contagiaram o estado todo, as famílias dos policiais de todo estados não acharam justo só aquelas senhoras lutando por uma corporação inteira, e uma corporação fiel ao estado, a que mais reduziu o índice de homicídio no Brasil e é a pior polícia paga no país, de todos os Estados o ES é o pior a remunerar os seus policiais. Diante disso os familiares dos militares nãos e acovardaram e entraram no movimento. “Viemos protestar, eles saem de casa nós ficamos apreensivas, não sabemos se vai voltar com vida e o governo não está nem aí, não dar uma condição de trabalho. Hoje o local de trabalho deles é pago pela Prefeitura de Piúma, uma pousada que foi toda equipada pela Prefeitura, antes era em um local que o telhado estava caindo na cabeça. Eles estão há sete anos sem aumento salarial e a quatro sem reajuste e o Paulo Hartung não quer conversa, o Estado não está dando um pingo de atenção a PM, chama quando precisa e em contrapartida não dar condições para o trabalho deles”, ressaltou Marina.

A pedagoga Renata Carla Rogério dos Santos é casada com um subtenente aposentado da PM e está no movimento em Piúma. “Estamos aqui apoiando os nossos maridos, há mais de sete anos que eles não têm aumento, uma defasagem de 40% no salário. Os policiais colocam a vida em risco, defendem a segurança do cidadão, mas não tem tido respeito por parte do governo. É um protesto silencioso, só estamos impedindo que eles vão para a rua’,

Paciente baleado corria risco no hospital com a manifestação das esposas dos policiais

40400fbd-2d4b-4bb5-b6a4-eae1209a5c55

Enquanto as viaturas estão paradas na sede do DPM em Piúma uma situação por pouco não terminou em tragédia. Um jovem baleado que se encontrava internado no Hospital Nossa Senhora da Conceição estava correndo risco de morte. Pela manhã foram vistos próximos a unidade hospitalar homens armados que ameaçavam entrar e terminar o serviço. A PM foi acionada e a informação era que eles estavam impedidos de sair do local, por conta da manifestação.

Procurado, o diretor do Hospital, Pastor Nilson Rainha informou que acionou o CIODES através do 190 e de lá a solicitação por reforço policial dissera que nada podia fazer. Nilson comentou que foi orientado a nada fazer, deixar livre a entrada, mesmo com o risco iminente. Funcionários do Hospital chegaram a passar mal tendo aumento de pressão arterial devido à situação tensa.

A Reportagem foi ao Batalhão ouvir o comando e de lá a informação de que não estaria apto a falar sobre o assunto, mas que as viaturas não podiam sair do posto da PM por conta dos manifestantes. “Eu não estou autorizado a responder isso, eu faço parte da PM mas estou aqui impossibilitado de sair devido a circunstância, tem crianças de colo, eu não estou autorizado a falar isso”, disse o sargento que está no plantão.

Policiais a paisana e de folga acompanharam a jornalista até o hospital e fizeram a segurança para que o jovem baleado fosse transferido para outro hospital. “Estamos comum jovem que foi baleado no domingo que foi transferido da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, recebeu alta dia 03, ficou aqui com a gente dia 03 e hoje e precisou de uma nova transferência porque ele começou a apresentar febre, e nessa transferência começamos a observar alguns suspeitos rondando o hospital e nãotíamos como sair com esse paciente daqui. Ligamos para a PM, os policiais todos em paralisação não podiam vir, graças a Deus com um manifesto, pedido do prefeito, diretor do hospital conseguiu policiais a paisanas para fazer a retirada do paciente daqui”, informou a enfermeira chefe.

O clima ficou muito tenso no hospital pela ausência de um segurança. “Muito tensos, não temos segurança, nem policiamento, nada. Tem uma técnica que está até passando mal, mas o paciente já foi transferido, vai dar tudo certo”, disse Isabela Rangel, enfermeira chefe do hospital.

Vitória

Fonte Gazeta online

2380b4d6-a29e-4203-be64-6bbf0d2d95cb

O protesto acontece em toda a Grande Vitória e também no interior do Estado. Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Sargento Renato, há manifestantes inclusive em frente à cavalaria, BME, batalhão de transito e Quartel General da PM.

Os manifestantes informaram que não há previsão de quando o protesto vai acabar. As famílias aguardam uma sinalização do Governo do Estado sobre melhorias para a categoria.

A Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo informou que apoia o movimento. O Major Rogério do BME afirmou que espera que possa haver diálogo em breve entre os manifestantes, as associações e o Governo do Estado. “Nossos policiais estão passando fome. Temos o pior salário do Brasil. Queremos sentar e traçar uma possibilidade de melhoria salarial”, disse.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e com o Comando da Polícia Militar, mas, até o momento, não recebeu reposta.

Sul

No Sul do Estado o protesto acontece na frente dos batalhões de Cachoeiro de Itapemirim, Iúna, Piúma, Marataízes e Alegre. As manifestantes se reuniram por volta das 18 horas de sexta-feira (03) na frente dos imóveis e não tem previsão de sair dos locais.

Em Cachoeiro de Itapemirim, cerca de 15 mulheres se reúnem na frente do 9º Batalhão, no bairro Coronel Borges. Elas estão se revezando em turnos. Para conseguir ficar no local, elas montaram um acampamento com barracas, mesas, cadeiras e outros objetos.

O namorado e o sogro da atendente comercial Jéssica Medeiros, 20 anos, são da Polícia Militar. Ela fez parte do primeiro turno de manifestantes. “A criminalidade abaixou muito e infelizmente o governo não dá valor para eles. Estamos correndo para ver se temos uma melhora. Eles não falam nada. Enquanto eles não forem ouvidos vai continuar”, disse.

Norte e Noroeste

9b3a75a5-c8f1-4b27-ba33-d949483e46dc

No Norte do Estado, as manifestações acontecem nos municípios de Linhares, São Mateus, Nova Venécia, Aracruz e Sooretama.

Em Linhares, o protesto é realizado em frente ao 12º Batalhão da PM, no bairro José Rodrigues Maciel. Cerca de 50 mulheres e parentes de militares estão no local. “Nossos familiares estão há sete anos sem aumento salarial e sem reajuste. Estamos aqui desde as 6 horas e não temos hora pra sair. Vamos nos revezar até que o governo nos dê uma resposta”, disse a irmã de um PM, que não quis se identificar.

Já na região Noroeste, os protestos acontecem em Barra de São Francisco, Colatina, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Mantenópolis, Santa Teresa e São Gabriel da Palha.

(Com informações de Victor Muniz e Geizy Gomes)

 

Compartilhe nas redes sociais

1 comentário

  • Edson Santos disse:

    Parabéns Policiais Militares do Espirito Santo.
    Infelizmente não posso parabenizar da mesma maneira os Policiais Militares do Rio de Janeiro, em especial aqueles lotados no Batalhão de Choque que parecem ter prazer em dar tiros com balas de borracha em seus pares, servidores estaduais que estão sem salário e se manifestam para receber. O mais incrível é que eles também estão com os salários atrasados e ainda assim defendem bandidos que faliram o Estado do Rio de Janeiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *