O Barulho dos tiros, quebrou o silêncio da roça família alvo de assaltantes 15 X em Iconha

 

Há família que já foi vitima pelo menos 15 vezes de assalto, furto e arrombamento. Algumas já pensam em abandonar suas casas

O título dessa matéria parece com título de crônica, mas é uma noticia desagradável para quem idealizou o conforto na casa do campo, na roça. O interior de Iconha e a sede, estão assustados com o número de assaltos, furtos e arrombamento de casas. Uma família que residiu em vários distritos, em três anos foi alvo 15 vezes de furtos, assaltos e arrombamentos. O saldo: mais de R$150 mil de prejuízos e uma vítima fatal.

Outra família, 11 vezes vítima dos mesmos crimes, outra, três vezes, outras, duas vezes. Difícil é saber o que é pior, se é perder o que se comprou pagando em dinheiro, se é o medo de vítima outras vezes, se é a prisão no seu próprio cárcere, ou a fuga para a cidade para tentar se esconder em apartamentos com grades.

A Reportagem do Jornal ouviu algumas vítimas de furtos, arrombamentos e assaltos, mas todas pediram anonimato por medo dos bandidos voltarem a fazerem o que fizeram com Charles Paulino, assassinado depois de três furtos à sua casa, e avisar a Polícia: “estou sendo ameaçado de morte”.

“O Charles que foi assassinado, já tinha sido alvo três vezes. Na última vez antes do assassinato, ele viu o bandido rondando a casa dele e passou a ser ameaçado e a polícia não podia fazer nada. A própria população viu o crime, mas preferiu o silêncio. É um descaso da própria população”.

Além do concunhado assassinado, a irmã foi feita de refém num assalto a mão armada, cujas marcas dos tiros ainda permanecem nas paredes da casa. “Ela não volta mais para a casa, o trauma não a deixa voltar. Temos de abandonar nossas casas e deixar tudo que projetamos para trás, a casa como sonhamos”.

Os crimes não param, na cidade são todos os dias, mas no campo a paz já não reina mais, e não é por isso que tem de achar normal, assegura uma das vítimas. “Vamos achar que é normal por que tem lugar que é pior? Não, não podemos nos conformar, então para que pagamos impostos, para que temos governantes? Hoje, o nosso sonho é vir para a cidade e se misturar com a muvuca. Os sonhos estão sendo podados,  e ter que voltar para a cidade? O bandido tem mais vez que nós, o animal vale mais que nós”?

 

 

Amordaçadas e caladas, esquecidas pelo Estado

 

Infelizmente, a violência chegou ao interior. Bandidos armados assaltam, matam, roubam, levam o que podem, traumatizam as vítimas indefesas e o prejuízo psicológico e financeiro fica só para as vítimas.

A Reportagem do Jornal tem recebido reclamações de pessoas que foram vítimas de assaltos em Iconha, tentou conversar com o delegado que responde pelo município, mas não o encontrou na sede da delegacia. O escrivão que atendeu a reportagem disse que os crimes ocorrem em todos os lugares e que Iconha não é diferente, e todos estão sendo investigados.

A Reportagem procurou a proprietária de uma loja no centro de Iconha que também foi assaltada em sua residência, mas ela teve medo de falar, pois teme que o assaltante volte e acabe com a vida dela, ou vá à sua loja calá-la para sempre.

Outra vítima, disse que não poderia ser identificada porque teme que os bandidos acabem com ela e a sua família. Iconha está na mira do crime, sem armas para combater, disse uma das vítimas. Faltam viaturas para a Polícia Militar, pois só dois investigadores e um delegado que respondem por Rio Novo do Sul e Iconha.

Uma das vitimas fez um desabafo e afirmou que não acredita que terá o caso dela resolvido. Revoltada, ela pede ao Estado a atenção à sua cidade.

“Três bandidos entraram na minha casa por volta da meia-noite, meu marido ficou amarrado pelos pés e mãos durante duas horas com uma arma na cabeça. Eles levaram uma TV no valor de R$ 8.900,00, levaram celulares, jóias, microondas e forno elétrico”.

A PM foi acionada assim que conseguiram se libertar, mas infelizmente a PM não podia ir ao local, pois uma viatura estava em Itapemirim e a outra não podia sair do plantão. “A polícia só compareceu 11 horas depois do fato. Segundo um vizinho, um policial foi, mas eram 5h, depois que ele chegou de Itapemirim, mas o bandido já tinha fugido. Eu nunca mais voltei à minha casa, eu tenho medo e a casa está fechada”.

Impotente, é assim que a vítima se sente. “Você procura as autoridades e já passam de 60 dias e nada foi feito, a máquina para colher as impressões digitais está quebrada para fazer a perícia”.

Da casa de outra vítima cuja família foi alvo 11 vezes, levaram até o saxofone da filha, além de bijuterias, aparelhos de televisão, dois notebooks e dinheiro. “Chamei a policia logo após o crime, a PM veio, mas logo disse: deixa ir, que só hoje foram seis vítimas’. Nem pista do bandido. Dá mais raiva das autoridades do que deles, pois não fazem nada a não ser vista grossa”, revoltou-se outra vitima.

 

Ofícios ao Estado

 

A Câmara já pediu ao secretário de Justiça, através de ofício um delegado exclusivo para Iconha, um investigador. Um investigador foi enviado à Iconha, mas o delegado responde pelas comarcas de Rio Novo do Sul e Iconha. “O caso do produtor Charles Paulino, assassinado a pauladas, foi assaltado três vezes e o assassino avisou que iria voltar, pois a Polícia sabia disso. A Câmara já fez vários ofícios à secretaria de Justiça, encaminhamos para a delegacia e estamos aguardando”, ressaltou o presidente Marcos José Beiriz Soares.

 

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