Prefeito de Itapemirim e seis servidores afastados por 120 dias
O prefeito de Itapemirim, Dr. Luciano de Paiva Alves foi afastado da Administração na manhã de hoje juntamente com seis servidores da Secretaria Municipal de Obras. Nesta mesma manhã, a vice-prefeita Viviane da Rocha Peçanha foi notificada e já assumiu a direção do município.
A Reportagem falou com exclusividade com a prefeita em exercício e ela assegurou que foi pega de surpresa. “Foi uma surpresa mais uma vez. Eu como vice-prefeita estou aqui à disposição do município, já que o prefeito novamente foi afastado pela Justiça, a medida é cautelar e sigilosa, cabe a ele saber por que foi afastado e eu estou disponível mais uma vez, para que Itapemirim possa seguir em frente”, ressaltou Viviane.
Muito tranquila, a prefeita em exercício recebeu a Reportagem do Jornal no gabinete da Prefeitura e disse que medidas enérgicas deverão ser tomadas nas próximas horas. A propósito adiantou que a maioria do secretariado deverá ser exonerada e serão feitas nomeações para as pastas. Disse também que precisa tomar pé de como anda o município para planejar os próximos passos. “Como eu fui pega de surpresa, eu ainda não montei minha equipe, mas tudo que está acontecendo com o prefeito, o meu primeiro ato é não ter o primeiro escalão porque eu não posso cometer as mesmas falhas”, frisou.
Pontuou a prefeita que vai aproveitar a presença do Tribunal de Contas na Prefeitura para fazer as auditorias internas que precisam ser feitas. “O primeiro passo é esse, fechar o setor administrativo para o Tribunal de Contas está a meu lado vendo todo o processo para daí eu tomar as atitudes que tem de tomar”.
Viviane deixou um recado à população de Itapemirim e para as pessoas que acreditam no trabalho dela, “serenidade e paz, vai dar tudo certo, já deu das duas vezes que o prefeito foi afastado e o município pode ver que nós levamos a administração com seriedade e com respeito aos recursos públicos”.
A prefeita não quer falar de futuro e, nem de pré-candidatura, quer primeiro centrar todas as atenções no presente para ‘tocar o barco’ rumo ao desenvolvimento. “Eu não penso agora na política, em candidatura, eu já havia pensado, mas hoje, com essa situação torna-se diferente. Primeiro eu quero centrar todas as minhas forças na administração para que a Prefeitura possa andar e possamos caminhar com responsabilidade”, salientou Peçanha.
Olísipo II
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Procuradoria de Justiça Especial e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Polícia Militar, deflagrou nesta terça-feira (17/05) a Operação “OLÍSIPO II”, com o objetivo de desarticular e colher provas relativas à atuação de organização criminosa constituída com fim específico de lesão aos cofres públicos do Município de Itapemirim, no Litoral Sul do Espírito Santo.
A operação consiste no cumprimento de 6 mandados de busca e apreensão pelos agentes do Gaeco e da Polícia Militar, 7 mandados de afastamento cautelar dos cargos/funções públicas, 7 mandados de condução coercitiva, bem como proibição de acesso e frequência a quaisquer dependências do Poder Executivo Municipal, emitidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, além da efetivação de ordens judiciais de indisponibilidade de bens visando à recomposição futura de valores indevidamente adquiridos.
Primeira fase
A primeira fase da Operação Olísipo foi deflagrada no dia 31/03/2015, pela Procuradoria de Justiça Especial e pelo Gaeco, com apoio da Polícia Militar. Na ocasião, foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão, 6 mandados de afastamento cautelar dos cargos/funções públicas, proibição de acesso às dependências do Poder Executivo Municipal, conforme determinado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, além da efetivação de ordens judiciais de indisponibilidade de bens visando à recomposição futura de valores indevidamente adquiridos.
As investigações começaram em 2013 e foram desenvolvidas pela Procuradoria de Justiça Especial e pelo Gaeco, que colheram provas e fortes indícios do envolvimento de agentes públicos, diversos familiares e interpostas pessoas, em procedimentos licitatórios. Essas concorrências eram direcionadas, irregularmente afastadas e por vezes superfaturadas, e objetivavam a contratação de apresentações artísticas e shows musicais, contratações de serviços de engenharia e de obras públicas com pessoas físicas e jurídicas, ou ainda locação e aquisição de bens e serviços diversos.
O nome da Operação “Olísipo” remonta ao primeiro nome da atual cidade de Lisboa, capital de Portugal. Na povoação, na época sob domínio do Império Romano, o sobrenome Paiva teve muita importância. Na região, fixaram-se famílias que cultivavam terras e, em troca de comida e de vinho, recebiam proteção.
População apreensiva
Expediente interno. Portas fechadas, assim figurou o cenário da Prefeitura de Itapemirim nessa manhã. Os servidores comissionados, a maioria saiu das dependências e nas ruas, muitos comentários.
Mais uma vez a população de Itapemirim fica apreensiva diante dos fatos. Hoje, o centro da cidade parou para assistir a continuação da Operação Olísipo, parte II. Em frente à Prefeitura muitos jornalistas registravam os momentos dos agentes entrando e saindo da sede do Poder Executivo.
Pessoas anônimas em meio a especuladores falavam em cada esquina e o assunto era, até quando Itapemirim continuará nas lupas da imprensa sempre com escândalos.
A comerciante Johnny Moreira, de Itaipava, comentou com a reportagem que a situação política da cidade acaba prejudicando a população. Ela acredita que Itapemirim tem tudo para dar certo, porém, “isso vai muito além do prefeito e da vice. Se o prefeito é afastado tudo para e nada anda. Se tirar a vice tudo continua da mesma forma, um não continua o trabalho do outro. Todo mundo quer mostrar serviços e ninguém faz nada”.
O também comerciante da Vila, Valdinei dos Santos Costa está desacreditado da política em Itapemirim. “É o povo quem perde com isso. Eu não acredito que nada vai melhorar, só piora”.
