Religiosos se manifestam contra a intolerância

 

Religiosos e representantes de entidades negras estiveram na Câmara nesta terça-feira (07) para se manifestar contra atos de intolerância que têm ocorrido no país, inclusive no norte do estado. João Henrique da Cruz Boaventura, praticante de candomblé e membro da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); Manoel Alves Oliveira, da União Cachoeirense de Negros (Uninegros); e o Padre Juliano Ribeiro, representando a Diocese, fizeram pronunciamentos defendendo a convivência pacífica entre as religiões.

João Henrique aproveitou a oportunidade para convidar vereadores e a população para participarem de manifestação contra a intolerância religiosa, que vai acontecer no domingo (12), às 9h00, com concentração em frente ao Supermercado Casagrande. Segundo ele, a verdade de todas as religiões deve ser respeitada. “A violência e a intolerância religiosa não têm espaço num estado laico”, lembrou, acrescentando que os membros de religiões de matriz africana, que já se viam obrigados a suportar a violência psíquica, agora precisam também se proteger contra a violência física.

Já o representante da Uninegros, Manoel Oliveira, foi além. “Praticar a violência em nome de Deus passa do limite da compreensão de todos nós, que buscamos a construção da paz”, afirmou. Manoel pediu à Câmara que  discuta sobre a criação de uma frente parlamentar que impeça a tramitação na casa de qualquer projeto que fira a liberdade da prática religiosa em Cachoeiro.

O padre Juliano disse que a agressão a uma religião coloca todas as outras em perigo, bem como ofende outros direitos garantidos pela lei brasileira, como a liberdade de expressão, de orientação sexual e de associação em partidos. “A intolerância e a discriminação se manifestam de várias formas, e Jesus transcendeu todas elas. Não podemos demonizar quem pensa diferente de nós. Nossa luta é entre nós, mas contra o ódio, o mal, a intolerância, a injustiça, a corrupção e outros males”, concluiu.

Vereadores defendem a paz

Muitos vereadores usaram a tribuna para se manifestar contra a intolerância e apoiar a iniciativa do grupo.

O presidente da Câmara, Júlio Ferrari (PV), elogiou a atitude das lideranças  e afirmou que toda a sociedade organizada deve se mobilizar para defender a paz. Disse, ainda, que a Comissão de Direitos Humanos da casa está à disposição para demandas que surjam do movimento contra a intolerância religiosa. E anunciou que, já que a Câmara não pode fazer este tipo de projeto, irá, junto com os demais vereadores, encaminhar uma indicação ao Poder Executivo solicitando a elaboração de projeto de lei que inclua matérias contra a intolerância nas disciplinas da rede municipal de ensino.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Pastor Delandi (PSC), colocou-se a disposição do grupo. Ele defendeu a liberdade religiosa, e lembrou que há intolerância em todas as religiões, o que, segundo ele, fere os princípios cristãos. “Deve-se amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, afirmou.

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