19 DE ABRIL – DIA DO ÍNDIO

 

Hoje é o dia do índio. Todos os dias deveriam ser deles, afinal quando os portugueses chegaram, eles já eram donos desta terra e todos os dias eram deles. Não contraiam doenças. Eram saudáveis e corajosos. Exímios caçadores e pescadores. Conheciam todos os segredos da selva. Eram coreógrafos, dançarinos, instrumentistas e cantores.(pelo menos isso não lhes foi tirado) Caçavam e pescavam sem extinguir os peixes e nem os animais. Cultivavam alimentos para sua própria subsistência não havendo necessidade de super produção. Suas aldeias não tinham luxo e nem enfeites mirabolantes; não tinham saneamento básico e nem água encanada. Eram simples o bastante para se defenderem do sol e da chuva, mas  mesmo assim eram felizes e se guiavam pela lua e as estrelas. Mas aí tudo mudou: chegou o homem branco cheio de cobiça e falta de respeito. De chegada já começou enganando alguns e matando outros. Percebendo a abundância de ouro e prata, logo se apoderou de suas minas. A paz acabou. Daí em diante milhares de indígenas foram exterminados. Um verdadeiro genocídio. Para o “conquistador” os índios eram insignificantes. Usava-os só como guia e depois que aprendia os atalhos da floresta, os abandonava à própria sorte e essa”sorte” transformava-se em morte: péssima rima. Novo alento se deu com a chegada dos padres jesuítas, destacando Anchieta que quatrocentos anos mais tarde viria a ser canonizado, pois desenvolveu um magnífico trabalho de evangelização entre os mesmos. Os tempos foram passando, os povos indígenas para o interior das matas recuando, o homem mais e mais explorando, assassinatos praticando e os índios dizimando. Os séculos foram passando e chegamos ao ápice do cúmulo do absurdo. Eles que sempre foram os verdadeiros donos desse imenso território, agora têm que se conformarem com a demarcação de suas terras. Suas reservas não são mais reservadas. Seus corpos não são mais imunes à doenças. A caça e a pesca não são mais abundantes como outrora. A sensação de liberdade lhes foi tirada. Mas mesmo assim continuam acreditando em um futuro melhor praticando suas danças; cantando suas canções; efetuando suas pinturas; realizando suas coreografias e tocando seus instrumentos rudimentares. Os índios têm a pele vermelha e não desejamos que fiquem vermelhos de raiva com todas as atrocidades que lhes foram impostas. Muitos deles carregam através dos séculos suas qualidades que os levam a serem  médicos e conselheiros sem nunca haverem sentado numa sala de aula. Fica o pedido: procuremos valorizar nosso irmão índio sem jamais esquecer que o Brasil antes de ser denominado assim, há muito era deles.

 

(José Alberto Valiati – 19 de abril de 2017)

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