91% dos municípios do Espírito Santo estão em áreas de risco ambiental
Cerca de 518 mil capixabas vivem em regiões suscetíveis a desastres ambientais, aponta estudo do governo federal
O Espírito Santo enfrenta uma preocupante realidade ambiental: 71 dos 78 municípios do estado possuem áreas com risco de desastres naturais, conforme dados sistematizados até 2022 pela Agência Brasil, com base em informações do governo federal. Essa situação coloca aproximadamente 518.762 pessoas, o que representa 13,8% da população estadual, em potencial perigo.
Em um ranking dos estados brasileiros com maior proporção de população em áreas de risco, o Espírito Santo ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas da Bahia, onde 17,3% dos habitantes vivem em áreas suscetíveis a desastres. Em seguida estão Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%).
Mapeamento Nacional de Risco
O levantamento federal abrangeu 1.942 municípios em todo o Brasil, identificando regiões vulneráveis a deslizamentos de terra, alagamentos, enxurradas e inundações. Isso representa cerca de 35% dos municípios brasileiros. No total, mais de 8,9 milhões de brasileiros vivem nessas áreas de risco, o equivalente a 6% da população nacional.
A recente publicação, em abril deste ano, revisou a metodologia anterior, incorporando novos critérios e bases de dados, o que resultou em um aumento de 136% no número de municípios considerados em risco desde o mapeamento de 2012, quando 821 cidades foram identificadas.
Vulnerabilidade das Populações Pobres
O estudo ressalta que as populações mais pobres são as mais afetadas pelos desastres ambientais. A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, junto com a segregação sócio-territorial, leva as comunidades carentes a ocuparem áreas inadequadas e perigosas.
“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio-territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, destaca o estudo.
Histórico de Desastres no Brasil
Entre 1991 e 2022, o Brasil registrou 23.611 eventos de desastres ambientais, resultando em 3.890 óbitos e 8,2 milhões de pessoas desalojadas ou desabrigadas devido a inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.
Recomendações e Medidas Propostas
Para mitigar os danos de futuros desastres, a nota técnica do estudo sugere uma série de recomendações, incluindo a ampliação do monitoramento e sistemas de alerta, a atualização anual dos dados de risco e a divulgação dessas informações para todas as instituições pertinentes.
“É fundamental promover ações governamentais coordenadas voltadas à gestão de riscos e prevenção de desastres”, reforça o documento. O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) é visto como uma oportunidade crucial para melhorar a gestão de riscos e desastres no Brasil.
As recomendações incluem a inclusão de municípios elegíveis para obras de prevenção de risco, como contenção de encostas, macrodrenagem, barragens para regulação de vazões e controle de cheias, e intervenções em cursos d’água, visando aumentar a resiliência das comunidades vulneráveis aos desastres ambientais.