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Atendimento no Hospital Nossa Senhora da Conceição de Piúma é impactado por sobrecarga de casos não urgentes

A superlotação e a demora no atendimento no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Piúma, têm sido motivo de reclamação constante dos moradores. Em meio a essa realidade, a responsável técnica pela enfermagem do hospital, Cristina Roncati, esclarece as causas dessa situação, que se agrava devido à procura excessiva por atendimentos de baixa complexidade que poderiam ser realizados nas unidades de saúde da família.

Cristina explica que, diariamente, o hospital recebe pacientes buscando serviços como consultas de rotina, administração de injeções e inalações, avaliação de exames laboratoriais, retirada de pontos, curativos, troca de receitas e testes rápidos. Muitos desses casos não se enquadram como urgências ou emergências. “Dores persistentes há mais de três dias, cólicas menstruais leves, ou até mesmo aqueles que querem apenas mostrar exames ou pedir encaminhamentos, todos acabam aqui, quando deveriam procurar as unidades de saúde. Esses pacientes têm de aguardar para serem atendidos, uma vez que priorizamos os casos urgentes,” destacou a enfermeira.

Dados do hospital revelam que, entre as 18h e 20h do dia 29 de setembro, quinta-feira, foram atendidos dez pacientes externos, além dos atendimentos internos de pacientes que já estavam em observação e sendo reavaliados. Mesmo com denúncias de que os médicos não estariam atendendo nesse horário, a equipe manteve o fluxo de atendimento, ainda que limitado pelas circunstâncias.

O secretário de Saúde de Piúma, Caio César de Souza Barbosa, também comentou sobre o problema, reconhecendo que a sobrecarga no hospital está diretamente ligada à dificuldade de agendamento de consultas nos postos de saúde do município. “É fundamental que a população entenda os fluxos de atendimento da nossa rede. Nosso hospital e pronto-socorro estão lá para os casos de urgência e emergência. As outras demandas devem ser atendidas nas unidades de saúde da família, localizadas em diversos bairros da cidade,” ressaltou o secretário.

A demanda por atendimentos médicos, tanto em casos de rotina quanto de especialidades, aumentou significativamente no período pós-pandemia. Além disso, fatores sazonais, como o aumento de arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya) e quadros respiratórios, também têm contribuído para a pressão sobre o sistema de saúde local. Segundo Caio César, medidas estão sendo implementadas para minimizar esses impactos, como investimentos em infraestrutura e otimização de agendas para atender a diferentes grupos prioritários, incluindo gestantes, hipertensos e diabéticos. Algumas unidades, como União, Vitório Bossato, Niterói, Itaputanga, Maria Helena e Portinho, contam agora com dois médicos para atender à alta demanda.

Em relação ao acesso a especialidades médicas, como neurologia, pediatria e ortopedia, que têm gerado longas esperas — em alguns casos de até um ano —, o secretário informou que a equipe de saúde está trabalhando em um planejamento contínuo para ampliar o acesso. “Embora algumas especialidades não sejam de responsabilidade direta do município, temos oferecido serviços como neurologia pediátrica e psiquiatria, além de pequenas cirurgias no nosso Centro de Especialidades. No entanto, a alta demanda e a escassez de profissionais na nossa região continuam sendo desafios,” afirmou.

Para enfrentar esses gargalos, a Secretaria de Saúde de Piúma está desenvolvendo um aplicativo de marcação de consultas, que promete facilitar o agendamento e reduzir o índice de faltas, além de melhorar a comunicação com os pacientes. Outra iniciativa já em vigor é o Micropolo Litoral Sul, uma parceria com o Governo do Estado e os municípios da região, que visa trazer consultas e exames mais próximos da população, ampliando o atendimento e a oferta de especialistas em Anchieta, cidade vizinha a Piúma.

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