Professores capixabas são reconhecidos com o Prêmio Educar por promover equidade racial e de gênero

Na última quinta-feira (26), em uma cerimônia no Sesc Pinheiros, em São Paulo, professores da Escola Estadual Wilson Resende, localizada no Espírito Santo, foram contemplados com o 9º Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero. A premiação, considerada a maior do país em promoção de equidade, é chancelada por instituições como a UNICEF e a UNESCO e visa reconhecer práticas pedagógicas que fomentam a igualdade étnico-racial e de gênero no ambiente escolar.

Os professores Fabiana Brito Gava, Hellen Rosa Franshetto, Nathacha Poncio Gava e Ojuobá Pedro Francelino Amador se destacaram com o projeto “Autodeclaração: um caminho para a equidade”, que foi o único do Espírito Santo a ser premiado na categoria de práticas docentes do Ensino Fundamental II. A iniciativa foi elogiada por promover a conscientização racial e a representatividade no ambiente escolar, e serve como exemplo para outras escolas no Brasil que buscam combater o racismo e a exclusão nas salas de aula.

O projeto premiado nasceu da necessidade de enfrentar problemas como a evasão escolar e o sentimento de não pertencimento que muitos alunos, especialmente de minorias raciais, enfrentam no sistema de ensino. A proposta central é utilizar a autodeclaração racial no momento da matrícula escolar como uma forma de fomentar a equidade e incluir o letramento racial na formação dos alunos e da comunidade escolar.

Entre as principais ações do projeto, estão a análise de dados étnico-raciais dos estudantes, o uso de literatura e obras artísticas para discutir a questão racial, além de debates e a criação de uma comissão da equidade composta por alunos e professores. Essas atividades buscam não apenas promover a conscientização, mas também gerar mudanças práticas no cotidiano escolar e cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena.

O Prêmio Educar com Equidade recebeu 524 inscrições de projetos de todas as regiões do Brasil, sendo que apenas 32 chegaram à final. A conquista da equipe da Escola Wilson Resende foi um motivo de grande orgulho para os educadores e para a comunidade capixaba, especialmente por terem sido os únicos representantes do Espírito Santo.

Fabiana Brito Gava, uma das professoras premiadas, destacou a emoção de ver o nome da escola sendo mencionado durante a cerimônia e afirmou que esse reconhecimento reforça a certeza de que estão no caminho certo. “Ficamos surpresos pela quantidade de inscritos. Já era um grande feito estarmos entre os finalistas, e vencer foi uma experiência incrível”, comentou.

Para os professores envolvidos, o prêmio vai além de uma conquista pessoal. Nathacha Poncio Gava, outra docente do projeto, enfatizou que a premiação valida o esforço coletivo em promover a equidade no ambiente escolar e traz visibilidade para questões muitas vezes negligenciadas. “Esse prêmio é uma oportunidade de inspirar outros educadores a seguirem o mesmo caminho, mostrando que é possível construir uma educação mais justa e acessível para todos”, afirmou.

Ojuobá Pedro Francelino Amador, que representou a escola na cerimônia de premiação, reforçou que o trabalho está apenas começando. “Receber esse prêmio foi uma mistura de dever cumprido e o questionamento sobre o que faremos agora. A luta pela equidade não termina aqui”, disse. Segundo ele, o próximo passo é ampliar as ações e garantir que a equidade racial se torne uma prática constante e presente em todas as relações escolares.

Durante a cerimônia, a frase de Nilma Lino Gomes, referência na luta racial, marcou os professores da Escola Wilson Resende: “Dá para esperançar? Eu acho que sim.” Inspirados por essa mensagem, os educadores retornam à solo capixaba com a missão de continuar promovendo mudanças e de fortalecer ainda mais as práticas pedagógicas que buscam inclusão e justiça social.

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