Moradores do Park Washington protestam contra instalação de estação de tratamento de esgoto do Hospital Roberto Arnizaut Silvares

Moradores afirmam que localização da ETE impacta desvalorização de imóveis e afeta qualidade de vida com odores e insetos; autoridades respondem.

Moradores do bairro Park Washington, em São Mateus, manifestaram preocupação e descontentamento com a instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares (HRAS) a poucos metros de suas casas. Segundo a comunidade, a proximidade da estação não só provoca odores desagradáveis e aumento de insetos, como também está contribuindo para a desvalorização de seus imóveis. Além disso, os moradores questionam a falta de diálogo e o descumprimento de normas de impacto ambiental.

Relatos dos moradores

Desde que as ETEs foram instaladas, os residentes têm se mobilizado para expressar suas preocupações, buscando soluções junto às autoridades e à administração do hospital. Leandro Pereira Coutinho, de 41 anos, e sua esposa, Cynthia Tesolini Viana Coutinho, 41, afirmam que, embora reconheçam a importância do tratamento de esgoto para a saúde pública, a localização poderia ter sido planejada para minimizar os impactos negativos. “Queremos um diálogo aberto e soluções que beneficiem tanto o hospital quanto os moradores”, destacam.

Márcia Alessandra de Souza Fernandes, professora e moradora da Rua Dois, do Residencial Park Washington, é enfática sobre a insatisfação com a forma como a instalação foi conduzida. Ela critica a falta de transparência e a ausência de comunicação com a vizinhança, questionando a legalidade do processo: “O HRAS começou a instalação de estruturas verticais de ETE sem nenhuma informação prévia aos moradores. Perguntamos: onde está o Relatório de Impacto de Vizinhança (RIP)? Por que a comunidade vizinha ao hospital não foi ouvida?”, diz.

Vista do quarto de uma das residências do bairro mostra trabalhadores realizando manutenção na Estação de Tratamento de Esgoto, evidenciando a proximidade das instalações com as casas dos moradores.

Ela ainda pontua que o equipamento foi instalado a menos de dois metros do muro que separa o hospital das residências, questionando se há normas sobre o distanciamento mínimo que deveriam ter sido respeitadas. “O pátio do hospital é vasto e desocupado. Por que não considerar outra área?”, questiona Márcia, que também se preocupa com os riscos de vazamentos, proliferação de insetos e a dispersão de gases.

Outros moradores reforçam essas preocupações. Geraldo Filadélpho Pinto, 56 anos, agricultor, aponta a proximidade da ETE com as casas como uma fonte de inquietação, enquanto Marta Angélica dos Santos Alves, 52 anos, teme pela desvalorização do seu imóvel. “Penso que ninguém compra uma casa ou um lote com três ou mais ETEs ao lado, bem colado no muro, pois a primeira impressão que fica é o medo de vazamentos, insetos e o impacto dessa construção”, lamenta Marta.

Resposta da Secretaria Estadual de Saúde

Diante das denúncias e questionamentos, a redação do Espírito Santo Notícias buscou a Secretaria da Saúde (Sesa), que enviou um posicionamento explicando o planejamento e a escolha da localização da ETE. Segundo a secretaria, a estação é parte de um planejamento estratégico para garantir que o hospital possa tratar adequadamente os efluentes gerados por suas atividades, em conformidade com as normas ambientais e sanitárias.

“A escolha do local foi baseada em estudos técnicos que consideraram a viabilidade, a segurança e a eficiência do sistema de tratamento, bem como o fluxo e a dinâmica do hospital. Embora a estação esteja localizada nas proximidades das residências, é importante destacar que essa medida não só visa atender às necessidades do hospital, mas também trará benefícios para a população local, ao melhorar o tratamento de esgoto na região, contribuindo para a qualidade ambiental e a saúde pública”, afirmou a Sesa.

A secretaria destaca ainda que o sistema de tratamento de esgoto também dará suporte ao novo pavilhão do Centro Cirúrgico, que contará com cinco novas salas com previsão de inauguração em novembro. Segundo o comunicado, o projeto da ETE foi desenvolvido seguindo as Normas Técnicas Brasileiras, incluindo a ABNT NBR 12209/2011 e ABNT NBR 12208/2020, que estabelecem requisitos para a minimização de impactos negativos, controle de odores e outros efeitos adversos, garantindo que a qualidade de vida da comunidade seja preservada.

Por fim, a Sesa esclarece que houve uma reunião com a comunidade no dia 1º de novembro, onde os moradores puderam expressar suas preocupações, e que as dúvidas levantadas serão respondidas pela equipe técnica da Gerência Especial de Engenharia e Arquitetura (GEAT) na próxima semana.

Busca por soluções e ações

Apesar das explicações da Sesa, os moradores do Park Washington seguem insatisfeitos e afirmam que buscarão medidas adicionais para preservar o bem-estar da comunidade. Diversos residentes já denunciaram o caso ao Ministério Público, ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) e à Ouvidoria do município. Márcia Alessandra ressalta que, segundo informações da Ouvidoria, as secretarias responsáveis devem se manifestar no prazo de três a sete dias, mas a lei garante até 30 dias para uma resposta.

Enquanto aguardam as respostas das autoridades e as prometidas esclarecimentos técnicos, os moradores continuam mobilizados em suas reivindicações.

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