Ministério Público Eleitoral investiga irregularidades em Anchieta e aponta possíveis abusos na campanha
O Ministério Público Eleitoral do Espírito Santo, por meio da Promotoria Eleitoral da 17ª Zona, entrou em cena no processo que questiona a lisura das últimas eleições municipais em Anchieta. Um parecer detalhado, assinado pelo promotor Robson Sartório Cavalini, trouxe indícios de abuso de poder econômico e político durante a campanha eleitoral, envolvendo diretamente o atual prefeito Fabrício Petri e os candidatos que receberam seu apoio, Léo Português e Renato Lorencini.
A investigação foi motivada por uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela coligação “Juntos, Vamos Voltar a Dar Certo”, formada por sete partidos, incluindo Podemos, MDB e PDT. O grupo alega que Petri utilizou a máquina pública para beneficiar os candidatos aliados, comprometendo a equidade do pleito.
As irregularidades apontadas pelo Ministério Público incluem uma série de práticas suspeitas durante a campanha:
- Contratações durante o período eleitoral: Foram identificados aumentos desproporcionais no número de contratações diretas e terceirizadas, configurando possível estratégia para influenciar eleitores.
- Uso de maquinário público para fins particulares: Máquinas da prefeitura e de empresas contratadas foram supostamente utilizadas em propriedades privadas, em troca de apoio político.
- Distribuição de cestas básicas e brindes: Relatórios apontam que cestas básicas foram distribuídas às vésperas da eleição, além da doação de postes públicos e distribuição de brindes, prática vedada pela legislação eleitoral.
- Atos eleitorais em espaços públicos: Foi relatado o uso de estabelecimentos e eventos municipais para promover candidatos apoiados por Petri, incluindo inaugurações e visitas acompanhadas de promessas eleitorais.
- Reuniões com servidores: Documentos e vídeos sugerem que servidores foram convocados para encontros onde foram feitas promessas de vantagens em caso de vitória dos candidatos apoiados.
A coligação autora destacou que o uso da máquina pública foi decisivo no resultado do pleito, que apresentou uma diferença de apenas 528 votos entre os candidatos. Além disso, afirmam que o slogan “Fabrício é Leo, eu também”, amplamente divulgado durante a campanha, ilustra a tentativa de colar a imagem de continuidade administrativa nos candidatos apoiados por Petri.
O processo segue em tramitação na Justiça Eleitoral, que poderá contar com a colaboração da Polícia Civil e da Polícia Federal para apurar os fatos. Caso as irregularidades sejam confirmadas, os envolvidos poderão enfrentar sanções graves, como a inelegibilidade e a cassação de mandatos.
Em seu parecer, o promotor Cavalini destacou que a imparcialidade do Ministério Público Eleitoral é garantida pelo princípio da independência funcional, reafirmando o compromisso da instituição com a transparência e regularidade do processo eleitoral.