ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA… UM NOVO OLHAR!
É curioso e ao mesmo tempo interessante, como que os gestores da saúde estão demorando a reconhecer que 20 anos se passaram desde que os conhecidos Programas de Saúde da Família foram implantados em nosso solo Espírito-santense.
Novos olhares e novos saberes se mostram necessários a fim de que essa abordagem comunitária eficaz quando bem implementada possa ser redefinida embora sem a necessidade de ampliar serviços, o que oneraria os já combalidos municípios, sejam os que estão afetados pela crise, seja os que esbarram na Lei de Responsabilidade Fiscal, impeditiva em sua maioria de ampliação de pessoal.
Nesse campo, se faz necessário primeiro reconhecer que a ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – ESA esgotou-se como um sistema que se propõe a ser bem mais abrangente, mas que atualmente resume-se a um “ambulatório” de consultas, tão antigo quanto os postos de saúde de antigamente, que nenhum vínculo formavam ou formam com a comunidade.
Os novos saberes, não demandam ampliação de pessoal, mas sim um novo arranjo com os mesmos profissionais, sejam eles médicos, enfermeiros, agentes comunitários, pessoal de apoio administrativo e demais servidores, para que com uma nova abordagem possa inserir o principal ator nesse processo que é a comunidade.
Nesse mister, o que se faz necessário é uma fórmula mais nova do que a de 20 anos atrás, sem desprezar a experiência adquirida com erros e acertos da ESA, nesses 20 anos. O que ocorre, como já disse o poeta, o copo está cheio e não dá mais para prosseguir assim.
Assim sendo, desenvolver Conselhos locais de saúde, fortalecer o Conselho Municipal de Saúde como parceiro interessado no desenvolvimento da saúde das comunidades, redirecionar as ações de saúde para com a comunidade, exercer tratamento intensivo de diabéticos, hipertensos, gestantes, saúde da mulher envolvendo preventivos programados e executados, aumentar o contingente farmacêutico para uma boa resposta terapêutica, alavancar novas abordagens grupais dentro da ESA, fazer com que as equipes tenham uma abordagem mais interativa e eficaz, deslocando-se periodicamente até as comunidades e discutindo comunitariamente como verdadeiramente tratar de uma população referenciada naquele território, sob sua responsabilidade, caminhará também de encontro com a mobilização das vigilâncias em saúde, sejam sanitária, epidemiológica, ambiental, de saúde do trabalhador. Há necessidade de que as vigilâncias de saúde (epidemiológicas, sanitária, ambientais, saiam da posição passiva e adentrem juntamente com agentes comunitários de saúde nas comunidades e tracem em conjunto com as ESF’s, mapas de atuação no território circunscrito a sua jurisdição de saúde. Sair da zona de conforto e entre outras abordagens que terão que incluir respostas sincronizadas de laboratórios de exames, atendimentos de especialidades, hoje a cargo do Estado, cuja resolutividade é baixa, enfim inúmeros envolvimentos de intersetorialidade, que de modo prático, objetivo e resolutivo, estão a espera de novos olhares e novos saberes, se torna imprescindível e por demais necessário aos gestores que não quiserem perder o bonde da história… E os novos prefeitos e vereadores necessitam exercer esses novos saberes… muito trabalho convergente, interativo e resolutivo está por ser feito, sem ampliação de gastos que esbarram em sua maioria na LRF, mas que não podem continuar em inércia enquanto aumentam as estatísticas de mortalidade, sejam elas infantil, sejam por infarto, por acidentes vasculares cerebrais, diabetes, hipertensão e tantos outros… Enfim as comunidades necessitam saber que Prefeitos, Secretários, Técnicos de Unidades de Saúde constituem uma rede de proteção que presta serviços bem estruturados e direcionados nas cidades, porque …VIVER É PRECISO.
Por: Dr. Jussimar Almeida – ex-subsecretário de Estado da Saúde