Mistérios envolvem o caso Dr. Rogério Venâncio
Embora completamente lúcido, respondendo pelos seus atos, o cardiologista Dr. Manuel Rogério Venâncio a situação que o envolve é misteriosa.
A Reportagem foi ao encontro do médico, o cardiologista Manuel Rogério Venâncio, no Hospital Nossa Senhora da Conceição em Piúma, onde o mesmo ocupa um quarto, sem que esteja internado e conversou com a ex-esposa do segundo casamento dele, Helemarcia Castro Oliveira, a Helen, com quem teve um filho, Guilherme Henrique Castro Oliveira Venâncio, 23 anos.
Durante a visita, o médico parecia muito bem cuidado, recebendo toda atenção necessária, embora deprimido. Já falando, Dr. Rogério fez questão de afirmar que não ver a hora de deixar o leito e começar a trabalhar. “Aguardem-me que estou voltando, quero fazer o bem”.
Venâncio chorou diversas vezes enquanto a Reportagem perguntava se ele queria voltar para casa e ao consultório médico, uma vez que, seus pacientes estão aflitos a espera do atendimento humanizado que ele sempre prestou tanto no Hospital, como na Estratégia de Saúde da Família – ESF, no bairro Itaputanga, bem como, na Clínica Nova Aliança e em Iconha. O médico era diretor clínico do Hospital de Piúma.
A rotina na vida do cardiologista mudou completamente, na manhã do dia 03 de agosto desse ano, quando ele foi encontrado pela mãe da ex-noiva, Indiara Soares, caído de bruços no chão na sua residência, com marcas de queimaduras no peito, sinais de agressão, além dos dedos das mãos com as extremidades aparentemente queimadas. Ele foi socorrido e levado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição em Piúma. Logo, quando chegou à unidade de saúde, a notícia na cidade se espalhou que ele havia sido espancado e estava em coma, com risco de morte.
De helicóptero, o cardiologista foi transferido ao Hospital São Lucas, em Vitória, onde foi diagnosticado primeiramente com traumatismo craniano, segundo informações extraoficiais. Dias depois, veio a informação de que Rogério era portador de um aneurisma, seguido de um Acidente Vascular Encefálico – AVE.
De acordo com o médico, e amigo pessoal, Glauco Dahan de Almeida, Dr. Rogério já tinha problemas com pressão alta e não fazia tratamentos adequadamente. Nesse evento do dia 03 de agosto ele teve dois AVE’s, um pequeno e um maior, que causou grandes sequelas. “Existiam indícios e marcas de possíveis torturas, mas, não existiam sinais de traumatismo craniano. Suponho que durante a referida situação a pressão arterial – PA tenha subido a nível estratosférico produzido os AVE’s, mesmo que hoje ele negue. Existiam queimaduras nas extremidades dos dedos e uma queimadura no tórax, que nos deixou na verdade em uma dolorosa interrogação”, comentou Dahan.
Em Vitória, o médico continuou o tratamento, e quem o acompanhava eram, sua ex-esposa, do terceiro casamento que manteve por 13 anos, a enfermeira, Luciane Alves de Paulo e a promotora de eventos, Maria Lígia Antero, com quem Rogério teve um filho posteriormente. Até então, Helen, não havia aparecido.
Para melhor compreender essa história, o jornal conversou com várias pessoas que mantiveram relacionamentos com o médico e estão preocupadas com a situação dele, uma vez que ele se encontra literalmente aprisionado em um quarto cedido pelo Hospital, sem que o mesmo tenha necessidades de continuar no ambiente hospitalar, onde corre sério risco de contrair infecções.
Ex-esposa pede fraudas, medicamentos, dentista
Durante a conversa com Helen, na visita a Rogério, quem está acompanhando ele, a ex-esposa que estava a 17 anos separada dele, o médico está precisando de ajuda. Ela pediu ao jornal que fizesse uma campanha para conseguir ao médico um fisioterapeuta que pudesse atendê-lo em dias alternados. Pediu ainda um dentista, frutas, remédios e fraudas.
Nesse instante, a Reportagem questionou sobre o beneficio que Rogério recebe da previdência e ela afirmou que o dinheiro não dava para custeá-lo, uma vez que ele estava devendo muito, embora não tenha informado que dívidas e quais valores se tratavam. Citou apenas uma dívida supostamente alta com a Receita Federal.
Outra situação questionada foram os motivos que levam ao encarceramento de Rogério em um quarto de hospital, com janelas e portas fechadas, estando o mesmo de alta hospitalar, desde setembro, quando retornou a Piúma de Vitória. Helen disse que no quarto do hospital ela não tem despesas e nem trabalhos, como lavar, passar, cozinhar. Além de poder distanciá-lo das ex-mulheres que certamente fariam confusão na porta de uma casa. “Aqui ele está muito bem cuidado, logo vamos embora, ele vai para Juiz de Fora conosco. Eu e o filho dele estamos cuidando. Em uma casa terei despesas, pois não darei conta de cozinhar, passar e comprar comida. Aqui é tranquilo, pois não tenho gastos e ele possui dívidas”, disse.
O fim do noivado e a surpresa: a casa vazia
A noiva terminou e Helen doou todos os móveis a ela, bem como um Fiesta e a jovem saiu de cena
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A Reportagem tentou falar com a ex-noiva do médico Rogério Venâncio, ela que morava em Iconha, Indiara Soares, mas infelizmente ela não deu retorno, a jovem está em Goiânia, pelo que se pode ver na sua página do Facebook.
Segundo Helen, Indiara pôs fim ao relacionamento tão logo viu a situação do médico, “ela não quis mais um homem doente e pobre”, comentou Helen.
Outra situação que não ficou explicada por Helen foi o fato dela dividir com Indiara vários dias os cuidados com Dr. Rogério, no Hospital de Piúma e depois a ex-noiva sair de cena de uma vez, uma vez que, Lígia assegurou que Indiara tinha muito apreço pelo médico e parecia amá-lo. “Eu acredito que não, ela gostava muito dele, existe uma interrogação. Ela dizia lá no Hospital que se casar com ele, que só esperava ele melhorar um pouco”.
Embora Helen afirme que a Indiara tenha terminado o noivado no quarto do hospital, não explicou os motivos que a fizeram desmontar a casa de Rogério e entregar tudo: roupas e móveis, porta-retratos, bem como, um Fiesta Preto a jovem, se limitou a dizer que era melhor desocupar o imóvel para não ter dívidas e a noiva recebeu os pertences para que ficasse com algum direito. Depois da doação da geladeira ao hospital e a entrega dos móveis a ex-noiva, Rogério ficou sem nada e sem ter para onde voltar. Apenas com uma remuneração de R$4.600.00 que recebe de beneficio da Previdência Social.
Procurada pela Reportagem, a advogada Maria Luciana de Oliveira Nascimento, representante legal de Maria Lígia Antero e Luciane Alves Paulo explicou, que, teoricamente, a ex-noiva não possuía direitos algum, apenas por manter um relacionamento. Frisou que os bens de Rogério, ou tudo que é relacionado a ele, o filho Guilherme ficou com o poder legal de administrar, ou seja, foi nomeado curador. Oportunamente, explicou que a curatela é um encargo público conferido à determinada pessoa pelo Poder Judiciário, para que ela se encarregue de dirigir e defender os interesses do interdito. Caso o curador pratique atos contrários ao múnus, como desfazimento de bens, o mesmo pode ser responsabilizado civilmente pelos eventuais prejuízos que tenha causado ao curatelado em virtude da má-administração dos seus bens (art. 1.752 do CC). “Ainda não há uma decisão judicial que tenha cessado a interdição, e enquanto isto não ocorrer o curador continua sendo responsável pelos atos da vida civil do curatelado, no entanto, por se tratar de processo que tramite sob segredo de justiça, nenhuma informação sobre o mesmo pode ser trazida a público. Não há nenhuma ação nesse sentido. As representantes legais a trouxeram apenas informações relevantes ao processo de Curatela, subsidiando o Ministério Público e o Juízo para melhor alcance na proteção dos interesses do curatelado”, ressaltou Maria Luciana.
Ex-mulheres acionam a justiça
Preocupadas com a exposição nas redes sociais de Rogério, quando foi pedido fraudas e outros, Luciane e Maria Lígia, mães de filhos menores de Rogério se uniram e contrataram Maria Luciana para orientarem nas questões jurídicas.
De acordo com Luciane em momento nenhum ela pensou em acionar a justiça, uma vez que compreende as dificuldades por que passam Dr. Rogério. Luciane informou que antes do ocorrido com o médico ele recebia em torno de R$30 mil e acordou com ela uma boa pensão, sem mesmo haver interferência da justiça, a relação de ambos, mesmo após o fim do casamento sempre foi de harmonia. Porém, ao perceber gastos na fatura de cartão de crédito do médico ela procurou uma advogada. Outro motivo seria o distanciamento que o filho especial de Rogério está tendo do pai sem ao menos poder visitá-lo.
Lígia também confessou a Reportagem que o filho dela recebia uma pensão suficiente, mas a mesma parou de ser depositada após o episódio. Para ela não havia problemas não receber a pensão, inclusive teria dito a Helen para não se preocupar, pois, ela estava cuidando do filho e queria ver o Rogério bem, de pé, depois cuidaria do assunto. “Procuramos uma advogada a partir do momento que eu e a Luciane tivemos acesso as faturas do cartão de crédito dele e vimos que eles estavam viajando, o filho almoçando e jantando em restaurantes caros da cidade. Quando chegaram as faturas com compras de celular e eles pedindo fraudas para as pessoas e o pai sendo exposto, ficamos indignadas”, comentou Lígia.
De acordo com a advogada Maria Luciana não existe em trâmite nenhuma ação em que os menores estejam requerendo e/ou executando o Dr. Rogério, débitos com pensões alimentícias. “Embora seja um dever legal, as representantes dos menores entendem que neste momento o mais importante é garantir a ele meios para total sua recuperação”.
Como foi deferida pelo juízo de Piúma a curatela provisória, fica o curador nomeado responsável pelos atos da vida civil do curatelado, que inclui, dentre outras atribuições, a administração do patrimônio, quitar débitos e aplicação correta dos créditos.
Fatura do cartão
A ex-mulher do médico Helen conta para todos que vão visitar Rogério que ele tem muitas dividas, inclusive para a Reportagem, que sequer perguntou. O filho dela também confirma haver muitas dívidas. Mesmo que o médico tenha dívidas que estão parcelas, segundo Luciene, a ostentação parece continuar, como se o médico tivesse ainda recebendo os mesmo valores antes do episódio.
Já Luciane que tem acesso as contas do médico, disse que existem dois empréstimos já no fim, uma dívida de cartões de crédito, e uma com a Receita Federal. “Ele negociou com a Receita e ele pagava, dentro dos limites dele”.
A Reportagem teve acesso a uma das faturas do cartão de crédito do médico. Pelo menos 13 despesas com dois restaurantes de renome na Orla da Praia, somando mais de R$400.00, os almoços e jantares nos dias 06, 07, 08, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 20. Além de outras compras, que não voltadas ao pai. Só a fatura do cartão que venceu no dia 12/12 está acima de R$2.000.00.
Foto Fatura – A fatura do cartão de Dr. Rogério aparecem muitos gastos com restaurantes na cidade de Piúma.
A primeira impressão de Lígia foi espancamento
Lígia é mãe do filho mais novo de Rogério, ela não acredita que o médico tenha sofrido um AVE simplesmente.
Mesmo que o diagnóstico tenha comprovado AVE, Lígia acredita que Rogério tenha sido espancado
Maria Lígia Antero disse que assim que soube que o médico estava no Hospital de Piúma, no dia 03 de agosto, foi rapidamente para lá, e quando foi liberada para vê-lo, ele estava entubado e muito inchado, machucado como se tivesse sido espancado, e o comentário era que ele havia sedo agredido. “A parte do rosto estava machucada como se tivesse apanhado, eu fiquei assustada, eu não podia imaginar como uma pessoa faria isso com ele por ser um homem tão bom”, contou.
Em seguida, Ligia contou que foi ao São Lucas e lá teve contato com Rogério, assim que ele foi para o semi-intensivo, “cheguei lá ele chorava muito, o tempo todo falava com ele e ele só chorava. Lá eu fiquei sabendo que ele havia sido espancado, na portaria do hospital uma mulher me disse que ele estava com traumatismo craniano, ela me mostrou a entrada dele. Lá em cima, na UTI, as enfermeiras que cuidavam dele disseram que era espancamento. Ele estava com o peito queimado, os dedos. Depois que veio a Helen falando que era um AVC”, lembrou Antero.
Lígia frisou que para evitar que Rogério ficasse nervoso quando acordou, nada era comentado com ele, lembrando que todos os dias ela arrevesava com a Luciane o acompanhamento. “Quando ele foi para o semi-intensivo nós começamos a conversar bem devagar, já na segunda semana. A gente perguntava a ele se teria sido espancamento, ele fazia sinais positivos com a cabeça. Perguntado se lembrava de quem teria feito com ele aquilo, ele dizia que não”.
Lígia disse que achou que a alta do São Lucas era para que Rogério continuasse o tratamento no hospital de Piúma, não sabia que ele estava liberado para ir para casa. “Eu achei estranho ele não ter para onde ir. Ele tinha casa, os móveis todos novos, acabados de comprar. Ele comprou uma mesa de oito cadeiras para reunir toda a família e de repente sumiu tudo, enquanto ele estava desacordado no São Lucas, ela desfez de tudo, a Helen, deu tudo para a ex-noiva e a moça saiu de cena de repente”.
Relatou Lígia ainda que, já em Piúma ela continuou acompanhando-o. Certo dia, a Helen a dispensou e disse que ela não mais precisava ir. “Eu ligava e perguntava se eu podia ir cuidar do Rogério e ela dizia que não, porque a noiva iria e não queria minha presença. Eu tinha de respeitar, ele era noivo. E depois quando eu a vi pedindo fraudas para as pessoas e dizia que ele não tinha família e precisava de alguém para ajudá-lo, algo estranho no ar”.
Delegado arquiva o caso
O delegado Geraldo Peçanha que estava a frente da investigação do caso em Piúma arquivou o inquérito, depois de ouvir o médico e ele afirmar que não foi agredido.
Contudo, as circunstâncias que envolvem o médico deixam margem para levantar dúvidas sobre o que de fato aconteceu naquele dia 03 de agosto. A perícia da Polícia Civil não encontrou indícios de arrombamento na residência, o médico estava de bruços, e quem o encontrou foi a mãe da ex-noiva. Mas, pelo que a reportagem foi informada, houve falhas no exame de corpo de delito, uma vez que, havia sinais de tortura, como se alguém tivesse furado com agulhas embaixo das unhas das mãos dele.
Uma técnica de enfermagem do Hospital de Piúma, que pediu anonimato, comentou com a Reportagem que, esteve muitas vezes no quarto que Rogério ocupa. Logo no início ela perguntava para ele a sós, se ele teria sido agredido, ele dizia que sim, e que não sabia quem havia feito com ele aquilo. Mas depois achou estranho ele negar e dizer que foi um AVC.
Estranho também ele continuar morando no quarto do hospital sem estar precisando, afirmou a técnica de enfermagem, que se preocupa com os riscos que Rogério corre estando em um ambiente hospitalar repleto de bactérias. “Eu não sei o que está ocorrendo, mas não é normal. A ex-mulher estava a tanto tempo separada dele, apareceu do nada, doou tudo da casa dele, deixou ele sem nada, até a geladeira deu para o hospital. Não sei o que está por trás disso tudo”.
O carro da Lu
A enfermeira Luciane falou com a Reportagem que está muito preocupada com a situação de Rogério. Disse que chegou a oferecer a casa dela para ele ficar após alta hospitalar, pois tem com ele um carinho muito grande, além do filho especial. Luciane sempre teve um relacionamento bom com o ex-marido. Ele inclusive financiou um carro para ela, um HB 20. Esse veículo era pago pela enfermeira, segundo ela, Rogério descontava da pensão o valor da prestação. Cabia a ela ainda as taxas relacionadas ao carro, como IPVA, seguro, revisão, licenciamento.
Recentemente foi informada de que o carro está com uma restrição, no Renajude e bloqueado, pois o filho do Rogério, o Guilherme acionou a justiça para tomar o veículo. Ela inclusive recebeu uma carta escrita à mão pelo jovem que afirma precisar do carro para vender e pagar dívidas do pai. “Eles colocaram o meu carro no Renajude, inclusive está bloqueado para circular. Quando eu Rogério estávamos casados ainda, eu tirei um carro no meu nome para ele e ele tirou esse carro para mim. Na época eu tinha dois empréstimos e o financiamento não liberava o meu nome, e ele com nossa relação boa que sempre tivemos fez um empréstimos e quitou o carro. O problema é que esse acordo foi cordial, nada foi assinado. Depois nós divorciamos e a pensão foi homologada e ele continuou fazendo os depósitos normais, descontando apenas o valor da prestação. Nunca tivemos problemas. De repente chegou uma cartinha na minha casa escrita pelo Guilherme me pedindo para devolver o carro para vender, que o mesmo era do pai e precisava ser vendido para pagar dívidas”.
Diante da carta, a enfermeira foi ao Hospital conversar com Guilherme e gravou o Rogério falando ao filho que o HB 2 é dela. “O que deixou a gente triste foi eles terem feito isso com o Renatinho (filho especial), Rogério sempre zelou para que tivéssemos um carro bom para que o nosso filho não ficasse na mão em caso de emergência”, ressaltou Luciane.
Salientou a advogada de Luciane, Maria Luciana que quanto ao carro HB20, apesar de estar financiado e licenciado em nome do Dr. Rogério, este pertence tão somente à Luciane, que custeia todos os gastos que envolvem um veículo, como parcela de financiamento, emplacamento anual e contrato de seguro. “Quanto a estar o veículo bloqueado pela justiça, a Sra. Luciane ainda não foi notificada judicialmente desde fato. Por estas razões a mesma desconsiderou a carta enviada pelo curador, sr. Guilherme”, disse.
Médico corre riscos de contrair infecções
O quarto do hospital não é um ambiente adequado para uma pessoa que está de alta permanecer por cinco meses
Além de poder estar correndo risco de morte, uma vez que, a situação do Dr. Rogério ainda não está clara, sobre de fato o que ocorreu com ele naquele dia 03, ainda que ele tenha dito a polícia que não foi agredido e confirme essa versão as pessoas há suspeitas que ele tenha sofrido torturas.
O médico Glauco Dahan de Almeida não vê com bons olhos a permanência do amigo e colega nas dependências do antigo isolamento do hospital e próximo da capela, ficando o mesmo trancafiado entre portas e janelas 24h00 por dia, tornando assim um ambiente insalubre e inadequado para a sua boa e completa reabilitação. “Rogério é um irmão amado e querido, ele merece o de melhor e sabe que pode contar comigo e com minha família para isso em todos os aspectos. Ele não pode permanecer encarcerado, pois vai acabar enlouquecendo e morrendo de tristeza”, ressaltou Glauco, em lágrimas.
Casas disponíveis sem custo
O médico é mesmo muito respeitado em Piúma. Assim que ele retornou de Vitória um vereador da cidade chegou a oferecer uma casa sem custos para ele residir, já que havia ficado sem ter para onde ir. A casa foi dispensada.
O médico Glauco Almeida, amigo pessoal de Rogério disponibilizou uma suíte em sua própria casa para ele morar e receber todos os cuidados médicos, assistenciais, fisioterapia, hidroginástica e outros, sem nenhum custo, mas Helen dispensou tudo, dizendo que não é necessário, pois tem tudo no Hospital.
O Hospital por sua vez não tem obrigação de manter a família do médico residindo lá estando o mesmo de alta. Convém ressaltar que, no quarto onde Rogério está, portas e janelas ficam trancadas o dia todo e o filho, um rapaz de 23 anos, permanece de cuecas no local, mesmo na presença de visitantes. E sequer ajuda a dar um banho no pai, segundo uma técnica de enfermagem. “Eles chamam no Hospital alguém para ajudar todos os dias e reclamam de tudo. O rapaz passa o dia mexendo no celular e vendo televisão, só sai quando vai dar uma volta para almoçar e jantar nos restaurantes”.
Família sabe de tudo
A reportagem entrou em contato com uma das irmãs do médico para saber se a família tem conhecimento de que Rogério corre riscos vivendo em um hospital e que havia contraído pneumonia depois de cinco meses estando de alta hospitalar. A irmã dele afirmou que tem conversado com ele por telefone e ele diz que está bem cuidado e que não está precisando de nada. Sobre a ex-esposa, a irmã de Rogério disse que ela presta todos os cuidados necessários, não cabendo nenhuma suspeita.
A curatela
Ainda em coma no Hospital São Lucas, o filho de Rogério, Guilherme Venâncio passou a ser o curador do pai, já que o médico não tinha condições físicas para resolver situações ligadas ao dia a dia e estava entubado. “Tudo foi feito sem a gente saber de nada”, disse Luciane Alves Paulo, enfermeira com quem Rogério esteve caso 13 anos e tem um filho especial, o Renatinho.
Durante o período que representou o pai, Guilherme não prestou contas de como utilizou o dinheiro pago pelo beneficio e nem mesmo o saldo que havia na conta quando assumiu a curatela. No hospital, ele disse à reportagem que o pai tinha muitas dívidas. Não foram pagas no período que Guilherme esteve curador, nem mesmo as pensões dos filhos menores de Rogério.
A Prefeitura oferece apoio
A Prefeitura de Piúma em nenhum momento deixou Dr. Rogério sem cuidados e atenção necessárias, muito menos sem remédios. Em contato com o secretário de Saúde, José Carlos de Araújo, ele afirmou que todos os especialistas estão disponíveis a atendê-lo, inclusive fisioterapeuta, fonoaudiólogo e dentista. Sobre os remédios confirmou José Carlos que todos estão a disposição na Farmácia Básica.
Amigos querem notícias
Antigos amigos, vizinhos e pacientes de Dr. Rogério de Juiz de Fora/MG que também acompanham o enredo dessa história, ficaram estarrecidos com o que aconteceu e vem acontecendo. Muitos são amigos e pacientes dele em Piúma e já o conheciam de Juiz de Fora, pois possuem casa de férias nessa cidade. Esses amigos trazem e postam notícias sobre ele, que sempre foi uma pessoa presente e extremamente humana em se tratando de lidar com as pessoas. Educação, atenção e dedicação eram o cartão de visitas.
Essas pessoas ligam para o hospital, entram em contato com o jornal, querendo saber notícias dele, se podem visitá-lo, perguntam como está reagindo o tratamento, a ex-esposa Helen libera a visita em alguns casos, mas jamais o deixa sozinho com o visitante, principalmente, se esse visitante já teve algum relacionamento com o médico. Até os filhos estão impedidos de vê-lo. Uma grande amiga de infância está para vir visitá-lo e mesmo sendo muito amigos de longas datas, os horários estão limitados, e só podem ocorrer no horário específico determinado. Essa amiga ainda não tem data prevista para vir a Piúma.