Nada vem de graça
A votação do tão almejado projeto de lei que atualiza o plano de cargos e salários dos funcionários públicos de Cachoeiro de Itapemirim, um antigo sonho dos servidores públicos efetivos do município, foi usado para mascarar um aumento exorbitante para prefeito, vice-prefeito, vereadores e secretários municipais.
Não que cada um não mereça o aumento, mas no atual momento de crise que o país atravessa e com a maioria dos prefeitos reclamando de falta de recursos, soa como uma afronta à população, que espera de nossos representantes mais empenho em prol da sociedade e não em ações de favorecimento próprio. O aumento dos vereadores chega a 69%, dos demais, um pouco menor, só para registrar.
Esta manobra utilizada para já votar o aumento salarial dos cargos eletivos para a próxima legislatura, tira todo o brilho do reajuste, diga-se, devido e digno, dos servidores municipais, que são merecedores. Porém, o que parecia ser uma ação para valorizar o trabalhador, mostrou-se, na verdade, uma troca de favores com migalhas para quem merece, e caviar para quem não merece.
Para o próximo mandato, o prefeito passa de R$ 14.450,00 para R$ 17.700,00; o vice-prefeito, de R$ 8.938,00 para R$ 12.188,00; o dos vereadores, de R$ 6.192,00 para R$ 10.514,00, sendo que o presidente da Câmara Municipal receberá R$ 12.514,00; e os secretários de R$ 7.263,03 para R$ 10.514,00. Porém, foi aprovada uma emenda que o aumento dos secretários acontece de imediato, ou seja, já passam a receber no próximo mês.
Em momento em que a população demonstra certa aversão à classe política, um aumento salarial tão expressivo para os mesmos, faz ainda mais crescer a revolta do povo com nossos representantes. Aumento salarial é uma prerrogativa de todo e qualquer trabalhador, mas não pode ser usado como moeda de troca, dando migalhas para aqueles que realmente fazem a máquina funcionar, enquanto os que são colocados no cargo pelo nosso voto legislam em causa própria. Tentaram mascarar o aumento da classe política dando aumento para o servidor. Até nos momentos de comemoração, o funcionalismo público é usado. Nada vem de graça, infelizmente.