‘A vida de João Victor era brincar, trabalhar e ser feliz’

Depois de uma semana tão dura, tão difícil, de tanta dor para tantas famílias com tantas perdas, o olhar da jornalista para João Victor, que ela não conheceu…

João Victor, a filha e a sua mãe, Adriana

Eu não o conheci. Não tive a oportunidade de tê-lo como amigo. Eu não sei se era meu leitor, se curtia nosso trabalho. Mas eu sei que João Victor marcou a vida de todos que tiveram a honra de conviver com ele.

Um pai herói. Um menino homem. Um cara incrível. Um filho, que segundo o padrasto, maravilhoso, sem igual. Um ser humano acima da média.

João Victor e o irmão

Não é fácil narrar acidentes fatais. Ir ao local e ver as cenas que a gente ver. Não! Mesmo o repórter tendo de ser frio e objetivo para escrever a notícia e ser o mais fiel possível, o jornalista também tem sentimentos.

E saber que era tão cedo, e ele já estava indo ao trabalho. Seguia para buscar o sustento para sua doce família. Foi interrompida a sua jovem vida no meio do caminho por um caminhão que entrou na sua frente e não lhe deu nenhuma chance.

O jornalista precisa ser fiel aos fatos. E até que o Boletim Unificado fique pronto, nas redes sociais as piores fotos e muita informação desconectada. Inicialmente, fui informada que João teria batido na traseira do caminhão. Mas não tinha como ter sido assim. As fotos revelavam os detalhes e as testemunhas viram como tudo ocorreu.

Nós tentamos ouvir a Polícia Civil, entramos em contato. Ligamos para a 10ª Cia, para o Departamento de Trânsito. Ligamos para a Guarda Municipal. Só no fim do dia o relato mais conciso trazia parte dos detalhes que eu não gostaria de ter redigido. Quando recebem a notícia pronta, o leitor não sabe o trajeto percorrido. Ninguém sabe como é construir um texto com informações inacabadas. Mas eu compreendo, são ossos do ofício.

João Victor estava indo para o trabalho, covardemente arrancaram dele a vida. Deixou a sua bebê que procura por ele a todo instante sem nada compreender. Meu Deus! Deixou um buraco no peito de sua mãe e o coração da sua amada esposa esfacelado.  

Não é porque João foi morar no céu que estamos falando bem dele, não tem nada a ver. Geralmente quando uma pessoa parte desde mundo a maioria dos que conhecem tece muitos elogios. Mas não é o caso de João Victor. Ele sempre foi mesmo um ser humano diferente.

João Victor, a esposa, a imrça, a filha e as duas sobrinhas

Para sempre será lembrado como um filho exemplar para sua mamãe, Adriana Alves Cavalcanti. Para seu irmão, para os seus amigos, para os seus sobrinhos, para os seus tios, seus avós. Imagina, se chegava em casa e percebesse a mãe preocupada, logo queria saber o que poderia fazer para que ela ficasse feliz.

João vivia para cuidar das filhas, da esposa, vivia a trabalhar. Este é o João Victor – “moleque trabalhador, honesto, família, amigo de todo mundo, brincava com todo mundo, adorava uma festa”. “A vida de João Victor era brincar, trabalhar e ser feliz”.

Pela imprudência e a falta de respeito no trânsito arrancaram a vida de João Victor. Isso mesmo! O motorista do caminhão não só entrou na pista sem olhar se João estava vindo, passou em cima dele, o arrastou – maldito!

Agora, a mãe dele não sabe como serão os dias desde aquela fatídica manhã do dia 08 quando ele seguia para a marmoraria lá no trevo de Castelhanos.

João Victor – “Um homem de caráter, um homem de verdade”

Todo dia João Victor chegava à casa da mãe para tomar seu cafezinho e se ela estivesse sentada cabisbaixa, ele achava que algo estava ocorrendo: ‘mãe, a senhora está sentindo alguma coisa, está sentindo alguma dor? Quer que eu compre algum remédio? O que você está sentindo, mãe? Este é o filho que a gente perdeu”, narrou Helinho.

Depois do serviço duro na marmoraria o dia todo, o pouco tempo que tinha era para brincar com as filhas. Logo se arrumava e seguia para o outro trampo. A noite ele trabalhava de motoboy entregando jantinha.

Que maldito caminhão, que manhã mais triste, que dia que não sairá tão fácil da memória de todos que João Victor amou e que o amam para sempre.

Eu queria muito ter olhado João nos olhos para ver se o sorriso dele era mesmo tão sublime como parece na foto. Eu sei que para a sua amada esposa, ele foi e será sempre o melhor marido, pai, amigo e companheiro. Para sua mãe, inesquecível. E esta dor que lhes corta por dentro, como coentro para moqueca há de cessar um dia e as lembranças deste menino tão lindo estarão enchendo de paz o coração de todos vocês.

“Um homem de caráter, um homem de verdade”, chorando me confidenciou o seu padrasto, Welinton Antônio Cavalcante.

A toda família de João Victor Alves, os nossos mais sinceros sentimentos. Que Deus em sua infinita misericórdia acalme o coração de cada um, traga-lhe o bálsamo. Que Jesus traga conforto e onde estiver, João, saiba que todos aqui guardam de você as melhores lembranças. Fica em paz, menino, que a sua luz irradie os que aqui choram de saudades de você. Fica com Deus!    

PS(As informações desta crônica foram repassadas pelo Pai de João Victor”    

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *