Um pedaço de mim chora

Uma crônica de quem admira muito a trajetória de uma mulher que dedicou a vida ao trabalho e a sua família

Penso nela sonhando com um príncipe. Penso no corpo no chão sem vida.  Não paro de pensar um minuto depois que soube do brutal fim que teve sua vida. Noite passada foi difícil demais dormir, só depois de um Aprazolan.

Desde a primeira imagem chegando no WhatsApp no domingo e os milhares de compartilhamentos nas redes sociais, meu pensamento não sai de você, Roseli. A todo instante entrando nos grupos de imprensa para buscar qualquer informação. Nada me dizia que estaria viva e encarcerada. Ontem, eu estava numa choperia quando o telefone tocou. Eu ia fazer uma live, anunciando a Nova Estrela.

A verdade que eu não queria receber nunca, por um instante eu quis acreditar em cárcere privado. Mas ele deveria ser muito forte fisicamente para mantê-la presa e incomunicável. Com uma arma nas mãos todos os covardes são bravos e dão ordens. Ela era grande também, ele teria de ser muito maior para dominá-la. Primeiro com falsas esperanças e talvez, se passando por um lorde inglês. Claro que se aproveitou do vazio da alma dela com as perdas e as dores. O luto, os lutos.

Uma alma sangrando e triste tentando encontrar um afago sincero caiu nas garras de um assassino maldito e desgraçado.

Agora, depois dos detalhes da tamanha covardia e frieza, meu coração sangra. Estou espatifada por dentro com as imagens projetadas na minha cabeça. Desde o falso jogo do Flamengo, premeditando a sua desculpa nojenta e esfarrapada para decidir tirar a vida de uma pessoa tão maravilhosa.

Seu algoz dos infernos – a vítima que você tirou dela a vida e os sonhos é Roseli. Sua forma de por fim a um relacionamento, não colou. A verdade está por vir.

Rose estava feliz, havia tirado o passaporte, ia viajar. Não há nada que saia da sua boca escrota que soe verdade por um instante para sua paranoia fria e calculada, quando tenta culpa-la pela sua infeliz decisão de apertar o gatilho na cabeça dela.

Desgraçado, maldito. Mentiroso e covarde. Hoje cabisbaixo com capuz na cabeça. Quis cuspir na sua cara! Mas eu não podia gastar nem a minha saliva com um lixo imundo como você! Quando deixou o carro dela lá e voltou a pé, de cara dissimulada, se ferrou, foi filmado todos os seus passos. Desgraçado!

Ah, meu Deus, eu não aguento mais escrever essas notícias destes covardes feminicidas que acabam confessando e presos, daqui uns dias saem beneficiados por brechas da lei, que parecem ter sido feitas para protege-los, propositalmente.  

Enrolar o corpo dela no cobertor e deixar no chão até o dia seguinte, sair para lanchar e dormir. Meu Deus!

É inacreditável que Rose não tenha percebido nenhuma pista, mesmo no início quando ele se apresentou com o outro nome.

Não, não aguento imaginar como foi tão frio em carregar o corpo, fazer a cova, por duas horas e enterrar há mais de 100 km da casa onde tudo ocorreu.

Duvido muito que esta sua versão tenha um fundo de verdade. Quem mente tão facilmente escondendo a identidade, usando fake, é capaz de criar qualquer outra narrativa.

É, eu fico trêmula de reviver as cenas, a cada linha que descrevo, imagino o plano diabólico sendo montado, executado passo a passo. E o pior, não bastasse tira-la de todos que a amam desta maneira tão imperdoável, ainda está lá o corpo dela, numa gaveta a espera de um médico legista. Não vou poder me despedir, tudo deverá ser muito rápido.

Tão linda, tão trabalhadora, tão mulher, depois de chorar tanto, se vai, sem realizar seus sonhos. Fica aqui minha indignação e meu pedido: Jesus, receba nossa querida Rose, e cuide dela, de suas dores, promova o seu encontro com os que ela tanto amou aí. Amenize aqui a dor dos seus e nossas orações continuam para que o conforto aconchegue a todos neste momento de tamanha tristeza. Gratidão Roseli por ter me ensinado tanta coisa quando passei por lá, onde se dedicou 20 anos da sua genialidade. Bandeira, abrace Simone e todos aí. Eu tô aqui, sentindo também uma dor tão doida que eu não sei qual é tamanho. Descanse querida, um dia a gente se vê de novo, por aí, num plano muito superior a esta galáxia tão baixa.

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