Economia capixaba cresce mais do que a nacional e avança 2,6% o 3º trimestre de 2021

A economia do Espírito Santo vem crescendo acima da média nacional, de acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). No terceiro trimestre deste ano, o índice capixaba teve alta de 2,6% frente ao trimestre anterior, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) nacional retraiu 0,1%. 

Com o desempenho dos meses de julho a setembro deste ano, o Estado teve o seu quinto trimestre consecutivo com resultados positivos, sendo que o terceiro trimestre foi superior ao observado no período imediatamente anterior (0,2%). Os dados do IAE foram divulgados nesta terça-feira (14) durante coletiva de imprensa na sede da Federação, em Vitória.  

A presidente da Findes, Cris Samorini, lembrou que a melhora da pandemia possibilitou uma maior flexibilização das medidas restritivas e, consequentemente, a retomada de atividades que ainda estavam em ritmo lento em função da menor mobilidade das pessoas e da necessidade do distanciamento social. Além disso, o aumento no preço de mercado do minério e do aço contribuíram para a alta no valor das exportações. 

“É importante lembrar que esse aumento se deve a fatores externos, ou seja, que não podemos controlar. Da mesma forma em que hoje estamos “surfando”, por exemplo com a alta das commodities, amanhã podemos ser impactados pela queda. Por isso, devemos estar atentos para 2022. É importante pensar na diversificação da matriz industrial e ainda mais em como agregar valor ao que produzimos”, ressaltou Cris. 

Quando olhamos de forma detalhada para os setores que compõem a atividade econômica capixaba, vemos que, no terceiro trimestre deste ano, todos foram positivos: Indústria (0,8%), agropecuária (1,6%) e serviços (3%).  

No caso da Indústria, a variação positiva de 0,8% foi resultado do bom desempenho dos setores da construção (2,3%) e de energia e saneamento (0,3%), que contrabalancearam o leve recuo na indústria de transformação (-0,4%) e a queda na indústria extrativa (-1,9%).  

“Nossos destaques do trimestre foram a indústria de transformação e o setor de serviços. A indústria de transformação, apesar de certa estabilidade frente ao 2º trimestre, vem registrando resultados superiores ao verificado para o setor a nível nacional, sobretudo quando comparado com o desempenho de um ano atrás. Por sua vez, o setor de serviços, um dos mais afetados pela pandemia, vem apresentando trajetória sustentável de recuperação no Estado ao longo deste ano”, apontou a gerente-executiva do Ideies e economista-chefe da Findes, Marília Silva.   

RESULTADO INTERANUAL (3º TRIMESTRE DE 2021 CONTRA 3º TRIMESTRE DE 2020) 

Indústria avança 9,4% no 3º trimestre deste ano na comparação com mesmo período de 2020 

A economia capixaba também teve um resultado positivo na comparação entre o terceiro trimestre de 2021 e o mesmo período do ano passado. Após registrar avanço de 17,6% no segundo trimestre de 2021 em relação ao segundo trimestre do ano passado, no terceiro trimestre de 2021, o crescimento foi de 9,8% em relação ao segundo trimestre de 2020. 

Enquanto o segundo trimestre de 2020 consistia em uma base de comparação bastante deprimida, em função dos impactos causados pela Covid-19, o 3º trimestre do ano passado foi marcado pelo início de uma recuperação econômica, devido ao arrefecimento da primeira onda da pandemia. 

No Espírito Santo, apenas o setor da agropecuária registrou desempenho negativo frente ao terceiro trimestre do ano passado (-5,5%). Já serviços e a indústria avançaram 10,8% e 9,4%, respectivamente.  

O setor de serviços cresceu 10,8% devido ao comportamento positivo de todas as atividades que compõem o segmento: o comércio (7,5%), os demais serviços (11,0%) e o transporte de cargas e pessoas (18,1%). Por demandar maior contato social, este foi um dos setores a se beneficiar com o avanço na taxa de vacinação contra a Covid-19. 

A atividade do setor industrial aumentou 9,4% em comparação com o terceiro trimestre de 2020, impulsionada pelo expressivo avanço da construção (48,0%), da indústria de transformação (15,6%) e de energia e saneamento (6,4%).  

De acordo com Marília Silva, o crescimento da construção pode ser explicado pelo bom momento vivenciado pelo segmento, que tem levado ao aumento no número de contratações no mercado de trabalho, apesar dos desafios como aumento do custo e a escassez de insumos produtivos.  

“Por sua vez, a indústria de transformação registrou crescimento em todas as atividades analisadas pelo IAE: metalurgia (26,2%), coque e derivado do petróleo (34,9%), celulose e papel (9,4%), produtos minerais não-metálicos (7,5%) e produtos alimentícios (6,8%). Por fim, o avanço do setor de energia e saneamento pode ser interpretado por meio do aumento do consumo de energia observado no período, impulsionado pelo momento de recuperação das atividades econômicas”, explicou a economista. 

A indústria extrativa, única atividade industrial a recuar nesta base de comparação, registrou queda de 11,1% frente ao terceiro trimestre de 2020. No terceiro trimestre de 2021, tanto o ramo de minerais metálicos quanto o de petróleo e gás natural contribuíram negativamente para o recuo do setor. “Vale ressaltar que, desde o final de 2017, o Espírito Santo já vem registrando queda natural dos campos em atividade exploratória de petróleo e gás natural no Estado”, comentou Marília Silva.  

Por sua vez, o setor de agropecuária contraiu 5,5% ante ao 3º trimestre de 2020, influenciado pelas quedas tanto nas atividades agrícolas (-3,7%), pressionadas pela menor produção de café arábica, pimenta-do-reino, tomate e da cana-de-açúcar, quanto nas atividades pecuárias (-4,0%), devido ao menor desempenho da bovinocultura, da produção de leite e das atividades de avicultura. 

Alguns desafios que o setor, tanto estadual quanto nacional, vem enfrentando em 2021 são os aumentos dos preços dos diversos insumos (tais como os agrícolas, as embalagens e a energia) e as condições climáticas adversas, sobretudo a nível nacional. 

No ano, economia do ES cresce 9,8% (jan-set) 

No acumulado do ano, a atividade econômica capixaba, medida pelo IAE-Findes, cresceu 9,8%, crescimento acima do PIB nacional (5,7%). À exceção da agropecuária (-4,6%), as demais atividades do Espírito Santo apresentaram resultados positivos em relação ao acumulado do ano passado até o 3º trimestre. Vale lembrar que, principalmente, o segundo trimestre de 2020, foi muito impactado pela pandemia, apresentando uma base de comparação bastante deprimida, o que contribui para um crescimento mais expressivo em 2021. 

Sobre o IAE-Findes 

O IAE-Findes é o Indicador de Atividade Econômica do Espírito Santo. Ele é uma estimativa trimestral do PIB do Estado, com abertura setorial, calculada pelo Ideies.  

O que motivou o Ideies/Findes a desenvolver este indicador foi a necessidade de se conhecer o comportamento da atividade econômica de cada um dos setores para poder acompanhar melhor a indústria e as demais atividades produtivas do estado. 

Em contextos de adversidades, como o da pandemia da Covid-19, o IAE-Findes permite que se obtenha informações sobre as respostas dos setores frente a eventos que impactam a economia, antecipando informações que só teríamos daqui a dois anos.  

Dessa forma, o IAE-Findes é uma informação estratégica que dá autonomia à Findes sobre o principal indicador da economia do Espírito Santo (o PIB), de maneira a reduzir as incertezas sobre o cenário econômico capixaba, antecipando a tendência da atividade econômica e propiciando o acompanhamento do desempenho dos diferentes setores e atividades econômicas do Estado enquanto ainda não estão disponíveis as informações oficiais para o PIB capixaba com abertura setorial, disponibilizado pelo IBGE com defasagem de 2 anos.  

Ou seja, sem o IAE-Findes, conheceríamos o comportamento do PIB setorial do ES de 2021 apenas no ano de 2023. 

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