OPINIÃO: A pressa é mesmo inimiga da perfeição: quantos erros numa manchete!

O texto é de opinião, sobre os erros que eu cometi na pressa de não ser copiada e levar um furo de mim mesma

Depois de ler os comentários na matéria relacionada ao assassinato do Jarbson de Pinus dos Santos, 25, residente à Rua 02 de Novembro, no bairro Céu Azul, crime ocorrido na madrugada deste sábado, 05, devemos considerar as críticas e agradecer, uma vez que, são os erros que nos ensinam melhorar.

Não vamos justificá-los, porque eles existiram e foram grotescos. O primeiro deles, o nome LAVA, digitamos “Laja” e só vi depois que o vereador Wallace Campi mandou o print e deu uma risadinha.

Em seguida olhei novamente a manchete e vi que, ao invés de ASSASSINADO estava “assassinato”, ou seja, “Dono de lava-jato é assassinato”, errado, foi assassinado. Este erro, não sei quantas pessoas viram, não recebi mensagem me avisando que estava errado.

O pior de todos, foi a afirmação de que Jarbson teria sido assassinado na rua e morrido em casa. Olha que vacilo. E olha que, quando eu produzia o texto, fiquei pensando rápido em qual o título ficaria mais próximo do que realmente aconteceu. Entre nós: assassinado na rua e morrido em casa foi péssimo!

Juro que pensei em “USUÁRIO DE DROGAS FOI ESFAQUEADO NA RUA ONDE MORA E MORREU EM CASA”. “DEVIA O TRÁFICO E FOI ASSASSINADO DENTRO DE CASA”, “O TRÁFICO NÃO PERDOA, MATARAM A FACADAS LAVADOR DE CARROS NA RUA, mas havia um rastro de sangue desde o Posto de Saúde até a sua casa. E o jovem morreu em casa. O título ficaria comprometido. Cheguei a digitar: “homem é atacado a facadas em frente à unidade de saúde do bairro Céu Azul e morre em casa”, mas Ana Cláudia logo disse: “Ué, ele foi mordido por um cachorro, atacado não fica bom!”. Eu tinha muita pressa, temia que publicassem primeiro que a matéria que eu estava apurando.

Oh vida ingrata! E olha que fui logo escolher ser jornalista, para lidar todos os dias com texto. Mesmo sem conhecer a família de Jabinha, eu não queria que eles lessem uma manchete semelhante a esta: “USUÁRIO E NEM DEPENDENTE QUIMICO”.

Eu sabia que onde ele lavava carros era improvisado, não era um lava-jato (com hífen, tá?), mas pensei que dono de lava-jato ficaria menos agressivo. Sei que cometi vários erros na mesma manchete, inclusive na palavra LAVA-JATO, que é composta por hífen. Olha que língua “desgramada” a nossa “Portuguesa” e ao mesmo belíssima.

Eu não quis invadir a privacidade da família e entrar na casa. Não quis fazer fotos de perto, não quis que doesse mais do que doía. Eu pensava na mãe o tempo todo. Eu imaginava o sofrimento dela. Anteontem, quando sentiu o calafrio e resolveu se fechar dentro do quarto, imagino até agora a dor que ela sente, e penso que ela não vai se esquecer dos gritos, de quantas vezes orou e aconselhou o filho para que saísse daquela vida.

Realmente, não posso deixar a emoção me levar. Não posso escrever e publicar sem passar por uma revisão de outra pessoa.        

Agora, o que poucos sabem, é que eu fiz as fotos, conversei com o irmão, ouvi uma vizinha e acabei não conversando com os policiais para saber se haviam suspeitos daquele crime. Era uma pressa danada para publicar a matéria e compartilhar com você!

Em tempos de redes sociais e WhatsApp, a notícia é escrita no celular para ser publicada o mais rápido e onde o jornalista estiver, basta ter Internet disponível. E, pasmem, enquanto eu narrava na live já tinha jornalista no conforto de sua casa, escrevendo a notícia com os detalhes que só eu tinha, rindo e tomando café.

Eu sei que burra sou eu, em deixar o café na xícara, a banana cozida no pires, o shot para depois, o detox e a academia para sair de casa com o meu carro, subir o morro, apurar tudo e entregar de graça ‘pra’ geral.

A pressa, é sim, inimiga da perfeição. Uma matéria como esta, que chega a mais de 30 mil leituras em menos de oito horas, é preciso ser revisada por um profissional da área. O jornalista, mesmo que ele saiba e conheça as regras gramaticais, vai engolir uma letra, cometer uma gafe, utilizar um pleonasmo, gerar uma ambiguidade e comer um hífen.

Bom tarde leitores de nossa página, eu reconheço que ontem a pressa foi totalmente inimiga da perfeição. E para ser justa, eu lhes quero pedir desculpas e anunciar que em breve estarei solicitando a minha aposentadoria. Estou cansada. Cansada de vísceras, de histórias como a de Jabinha, com finais tão trágicos e saturada de trabalhar de graça para muitos que modificam palavras e trazem com calma e sem o menor esforço, a mesma notícia, tomando café com pão e manteiga. Ah, café com e com manteiga mesmo!

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