E agora José? A festa acabou?

Vamos começar este artigo com o máximo de intimidade com o nosso presidente da Câmara da Cidade das Conchas, Zé. E parafraseando Drummond: “E agora José”? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu… Seu terno azul…

A farra de cargos está com os dias contados ou estou enganada, já sabemos que a briga maior pela presidência da Casa de Leis, além do poder, são cargos da Mesa, ‘num é’, Zé? Como eu te falei ao telefone e pode acreditar: nunca engoliram aquela imagem de você soberano, no terno azul, dando um drible e vencendo a eleição da Mesa. Foi de arrepiar, eu confesso que chorei, mas eu não sabia de nada, do jogo… E Zé, que jogada, Jorge já tinha certeza que venceria, inclusive com o seu voto, porém, o seu grupo deixou o oponente literalmente de quatro, “boquiaberta”.

Ocorre Zé, que daquele grupo você não tem mais apoio, é o desenho que se mostra, matei a charada na noite do dia 23 de março quando você me ligara pedindo que eu fosse a Câmara fazer uma live, no ato de repúdio dos cavalheiros e de damas naquela corte. Desculpe, Zé, eu não pude ir, estava no lançamento do livro Estupros Consentidos.

Zé, os tempos mudaram e você não interessa mais para o seu antigo grupo, aliás, não suportam a ideia de você ser o presidente: preto, gay e forasteiro. Num é assim que falam de mim pelos cantos, os que me odeiam? Ou você acha que eu não sei que eles fingem que gostam de mim, são hipócritas, fingidos, querem o centro do poder a qualquer custo, sou uma pedra no sapato! Se eu agradar até ensaiam um elogiozinho, mas se eu desagradar, nem atendem a minha ligação, me chamam mesmo é de sapatão, desgraçada! Nem durmo de noite.

Sim, e os cargos parecem moedas de ouro. E são…E você pode acabar com esta história de uma vez e entrar para a História de vez.

Aqui entre nós, Zé, você não passa de uma espinha de bagre africano na garganta do prefeito e dos oito que, repudiando o seu ato, se levantaram e te deixaram praticamente sozinho, naquela fatídica sessão do último dia 23.

E por que repudiaram a sua atitude, se compete ao presidente dar o aval se o projeto segue ou não, às comissões? Para quem pouco entende de bastidores da política, o toma lá dá cá nunca acaba, os oito queriam porque queriam que o projeto do Executivo, que cria cargos e dá outras providências, fosse para as comissões mesmo com várias ressalvas da procuradoria, ressalvas de INCOSTITUCIONALIDADES! Advinha por que queriam tanto que o projeto do Executivo fosse até para uma sessão extraordinária?   

Os seus dias na presidência estão contatos, meu caro Zé. Só não posso afirmar quem será o próximo, mas você, eu sei que não será. Te excluíram, já se reuniram e acertaram os próximos passos. E você está fora, querido!

Só que, jogo é jogo e você tem a bola no pé. Pode escolher ficar bem com a minoria, que é maioria na Casa, inclusive, com o chefe do Executivo, ou ser aclamado pela população. E é a população quem tem o poder para retornar com você nos braços ao legislativo ou ao Executivo. Tudo é um jogo!

Não é de agora que a ação judicial proposta pelo Ministério Público condenou a Câmara Municipal a extinguir alguns cargos comissionados, criar os cargos efetivos e realizar o Concurso Público. A ação é antiga, desde os tempos de Berná “muita Raça”!

Você sabe que não cabe mais recurso a esta ação e você já foi notificado este ano e se comprometeu a não repetir os mesmos erros de outros. Negociar cargos da Mesa para ganhar a presidência hoje é um tiro no pé pra você, deixa que eles o façam, surpreenda-os, acabe com os cargos!

O cargo comissionado interessa só àqueles que são escolhidos, o concurso não, oportuniza a todos que podem concorrer as vagas de igual para igual.

Quais foram os cargos a serem extintos? Chefe de finanças, chefe de patrimônio, controlador interno, assessor parlamentar especial. Chefe de setor. Que setor?

Ora ora, se o MP já determinou, ou você faz o concurso ou ele executa a sentença, meu querido, não agrade a oito, porque eles não vão pensar em você no dia 01 de janeiro de 2023, você será carta fora do baralho.

Porém, Zé, você poderá ter todas as cartas do baralho nas mãos, se no dia 01 os servidores aprovados no concurso entrarem pela porta da frente da Câmara. Pela porta da frente não, pelo elevador, efetivados! Você estará na mídia, nos braços da população e eles, que querem negociar, vão ficar com a presidência, sem cargos, sem conchavos e sem moedas.

Reúna-se, Zé com a sua Mesa Diretora, crie os cinco ou seis cargos, coloca para votação, depois publica o edital, faz a licitação e realiza o concurso, e ainda em novembro ou dezembro homologa, meu amigo. Não espere abraço de quem não te engole.

Se você realizar o concurso público, Zé, o Ministério Público vai ter mais admiração pela sua gestão, e se não realizar o promotor tem a caneta poderá executar, sim, a sentença que não cabe mais nenhum recurso, e aí, meu querido presidente, Zé, a Câmara fecha porque; com quatro efetivos você não administra.

E quando o projeto do Executivo chegar as suas mãos com as correções ou contestações, sente-se sobre ele. Peça em requerimento que façam um levantamento de quantos servidores efetivos faleceram nos últimos 10 anos no município, quantos se aposentaram, quantos estão doentes, afastados e quantos desviados. Sugira ao nosso querido prefeito que, ao invés de atender a vereador com cargos comissionados, que realize também o concurso público. Já findou o decreto do Bozo, você estará dando ao prefeito um presente e a população, uma oportunidade. Ou seja, com uma machadada você estará cortando dois cajados. Bora, a bola é sua, faz este gol de placa!

E agora, José?