Protocolos demais para salvar a vida do adolescente de Cachoeiro que morreu pedindo para não morrer
O texto é de opinião, e se não concorda, eu te respeito, mas é o que eu penso.
Meu Deus! Estou muito, muito, muito indignada com os excessos de protocolos. Para mim neste momento, como mãe do coração de Jorge Henrique e Agatha, afastar as médicas plantonistas é o de menos. Para mim, a Secretaria Estadual de Saúde abrir sindicância e investigar a irresponsabilidade de quem foi, pouco me importa. Dane-se, diretor do hospital a sua lamentação…
Estou mesmo me colocando no lugar da mãe de Kevinn e de todos os seus, ele também é um dos meus. Um menino lindo, com uma vida toda pela frente ser morto por negligência. NEGLIGÊNCIA! Apresente-me outro substantivo para este crime, senão bastarem: desrespeito, omissão, homicídio – Assassinato.
Mataram o adolescente de Cachoeiro. E a culpa será mesmo das médicas? Acaso foram elas quem disseram à família de Kevinn que o Hospital Infantil de Cachoeiro só pode atender adolescentes até 15 anos?
Secretário Estadual de Saúde não consigo parar de pensar nos pais, nos parentes, nos amigos. Não! Estou com tanta dor, tanta, que sinto uma vontade enorme de entrar na Santa Casa e rasgar o tal protocolo que diz que só pode atender acima de 18 anos e olha que é SANTA CASA DE MISERICÓRIDIA!
Inadmissível, inaceitável, o menino estar em Cachoeiro de Itapemirim, onde tem tantos hospitais e ser conduzido à Vila Velha porque o estado era gravíssimo, ficar a porta a espera de uma vaga, MORRENDO e pedindo a mãe para não o deixar morrer.
Não, senhores, os senhores não têm respeito com pobre, não tem respeito com gente, não tem respeito com vidas. Só as vidas medíocres dos senhores importam e a dos seus.
Por que, senhores, não atenderam o garoto em Cachoeiro de Itapemirim corretamente, fosse no Infantil, na Santa Casa, no Evangélico, no Elefante Branco, ou na Unimed, e depois resolvessem a transferência? Mataram o menino por conta de um ano ou sei lá, três anos na sua certidão de nascimento? BRASIL, que saúde podre!
Tá todo mundo errado e a cadeia deveria estar aberta para todos, senhor delegado Felipe Vivas. Gostaria de ver o inquérito policial e os pedidos de prisão. Pedir desculpas à família, fazer nota de esclarecimento, oferecer condolências, translado, Victor Coelho, os senhores estão falando sério?
PARA! Vão tomar vergonha na cara de vocês e aprender a respeitar as vidas humanas. Se fosse um cachorro de rico que tivesse tendo parada respiratória dentro de uma ambulância, eu duvido se o hospital não abria a porta. Eu duvido se a presidente da Comissão de Maus Tratos a Animais, deputada Janete de Sá não abriria uma CPI no dia seguinte e mandaria a sua assessoria um release a toda imprensa!
Aposto que agora tem translado, caixão, café e biscoito na capela. Para que flores, senhores? Tem nota à imprensa, afastamentos, sindicância, denúncia no CRM. O que importa para os que amam Kelvinn?
Senhores, senhores, agora tem dor, grito, revolta e lamento.
Se fosse com meu filho, eu certamente estaria presa, tinha sido conduzida num camburão de uma viatura da polícia para um fundo de uma cela, não respondo pelos meus atos quando vejo negligência, desrespeito e protocolos demais. Estou indignada e quero ver como vai se dar os desfechos desse crime contra o Belo.
4 horas na porta de um Hospital implorando uma vaga para entrar, eu não posso acreditar nisso. Para que pagamos os impostos, senhores, para suas mordomias? Para que elegemos representantes, para que cursam medicina? Deveriam mesmo rasgar os seus diplomas e irem todos juntos lavar latrinas!
O fato
Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, foi transferido do Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes, em Cachoeiro, para o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, porém não chegou a ser internado na unidade. Ele morreu dentro da ambulância. O caso aconteceu na madrugada deste sábado (30).
O adolescente foi levado pela mãe ao PA de Cachoeiro após sentir desconforto respiratório. O caso evoluiu e a família foi informada da necessidade de transferência devido ao estado de saúde de Kevinn que precisava de cuidados intensivos. Outro motivo dado à família foi que, em Cachoeiro, o Hospital Infantil Francisco de Assis só atende adolescentes até 15 anos de idade, e a Santa Casa de Misericórdia atende paciente apenas após os 18 anos. A ambulância saiu do município com destino ao HIMABA na sexta-feira (29) às 22h30.
Mas, para a surpresa da família, ao chegar no HIMABA, a equipe responsável pelo plantão, informou que não havia nenhuma reserva de vaga. Antônio Marcos Sant’Anna, primo de Kevin, acompanhou a chegada do adolescente ao hospital. Marcos, que é morador de Vila Velha, conta que foi auxiliar a família. “Eu tenho uma Casa de apoio para pacientes e acompanhantes hospitalares aqui na cidade. Vim oferecer ajuda à minha prima e acompanhei o desespero dela”. Ele conta que chegou ao local por volta de 1h. “A ambulância já estava parada na porta da emergência quando eu cheguei lá. Ele havia chegado à 00h30. A equipe de plantão informou que a vaga reservada era para ambulatório e não de UTI. Nenhum médico saiu do prédio para atendê-lo”.
Ele relata, que somente por volta das 5h, depois de muita insistência dos paramédicos que acompanham Kevinn na ambulância, uma médica veio para socorrer o adolescente, que estava tendo uma parada cardiorrespiratória. Mas ele não resistiu.
Kevinn veio a óbito depois de mais de quatro horas, dentro de uma ambulância há menos de cinco metros da entrada do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (HIMABA).
O corpo de Kevinn foi levado para o Serviço Médico Legal de Vila Velha, onde passa por procedimento e será liberado à família na tarde deste sábado.