Caps de Anchieta/ES aposta em horta terapêutica para tratamento de pacientes
Sempre buscando novas alternativas no tratamento oferecido a seus pacientes, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Anchieta está desenvolvendo o projeto Horta Terapêutica. A iniciativa consiste na implantação de uma horta onde são cultivadas verduras, legumes e plantas medicinais e os principais cultivadores são os pacientes com apoio dos servidores da unidade.
A iniciativa tem como objetivo proporcionar integração social, incentivar a alimentação saudável, além de ser um método de tratamento não medicamentoso, visando a melhorar os aspectos físicos, biológicos, psicológicos e sociais dos usuários.
De acordo com o coordenador do projeto, o servidor Kennedy Fernandes Vieira, a ideia já existia, mas, no final do ano passado foi retomada, após ser apresentada e aprovada pelo Programa Boas Práticas no Campo das Políticas sobre Drogas, promovido pelo governo estadual por meio da Secretaria de Direitos Humanos e em parceria com a Rede Abraço. “Nosso projeto foi escolhido e com isso recebemos um recurso em dinheiro que foi utilizado para compra de equipamentos para retomarmos com o projeto de maneira profissional e que servisse como ferramenta para acolher nossos pacientes”, disse.
E desde o início do ano a Horta Terapêutica vem sendo executada e proporcionando a colheita de bons resultados. Cerca de 18 pacientes do Caps participam diretamente da iniciativa e estão comemorando os avanços individuais e coletivos. Uma das pacientes, Renata de Lourdes Gomes, 47, disse que a atividade mudou sua vida e dos demais pacientes. Segundo ela, a horta é um escape para a ansiedade. “É uma experiência que nos tem ajudado a compartilhar uns com os outros o que podemos aprender de melhor”, contou.
Já a paciente Hélia de Jesus Carlos, 56 contou que a iniciativa está fazendo se sentir melhor e ajudou a se curar da depressão e das crises de pânico. “Estou muito feliz em poder participar desse projeto. A horta e suas experiências me fazem sentir bem e mudou minha vida para melhor”, comemora.
O psicólogo da unidade Joaquim Luiz da Silva Filho, acompanha de perto e notou nitidamente resultados positivos nos pacientes envolvidos no projeto. “Assessoro a equipe desde o início e pudemos constatar avanços significativos nos indivíduos e na relação entre a equipe”, relata o profissional.
Conforme Kennedy Fernandes, que é graduado em tecnologia ambiental fitoterapia e plantas medicinais, os produtos cultivados e colhidos na horta são compartilhados entre os pacientes e servidores envolvidos, como também utilizados em lanches promovidos no próprio Caps. “A equipe trabalha, aprende, compartilha e interage, tornando um ambiente tranquilo e acolhedor, sendo uma importante ferramenta para o tratamento dessas pessoas”.
Além de plantar e colher, a equipe realiza trabalhos diários como irrigação, poda, manejo, preparação de mudas e sementes, discute e planeja em conjunto as ações. Entre os cultivares estão alface, couve, repolho, cebola, salsa, tomate, capim cidreira, hortelã, entro outros.
Segundo o psicólogo, as plantas medicinais são todas catalogadas, conforme estudos de universidades brasileiras. “Algumas ervas auxiliam no tratamento da insônia, depressão e ansiedade. E a partir de agora iremos potencializar nossas ações terapêuticas na unidade com outros pacientes e com isso iremos compartilhar o uso das plantas e suas funções terapêuticas”, disse Joaquim, acreditando que isso irá trazer mais pessoas para o projeto da horta.
A usuária Magda de Cássia Rezende, 55, disse que se apaixonou pelo projeto e isso fez mudar para melhor sua vida.
A coordenadora do Caps, Carla Salarolli Bisi, vê o projeto como um gerador de mudanças positivas. “O projeto horta terapêutica foi desenvolvido por muitas mãos e de sensibilidade para com nossos usuários. É de grande importância essa inserção, o contato social e o poder de produzir que cada um tem. A horta está sendo esse exemplo, do quão grandioso e gerador de mudanças podemos ser quando se tem oportunidades”, disse.
O Caps de Anchieta atende 1.625 usuários para tratamento de transtornos mentais, psicoses, neuroses e demais quadros que justifiquem sua permanência num dispositivo de atenção diária. A unidade também atende pessoas em uso e abuso de álcool e outras drogas.