‘Se o pastor quer fazer política, faça na rua, não no altar’, afirma Lula durante evento com evangélicos em SP

Ex-presidente entrega carta de compromisso ao segmento, reafirma compromisso com liberdade de culto no país e chama Bolsonaro de ‘psicopata e mentiroso’.

Segundo Lula, o documento é uma resposta a mentiras que estão sendo veiculas contra ele. Fotos/ DivulgaçãoEm encontro com lideranças evangélicas em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfatizou nesta quarta-feira o seu compromisso com valores caros ao segmento, como a defesa da liberdade religiosa e da família, que chamou de “sagrada”. O petista apresentou a tão esperada carta aos evangélicos e criticou pastores que “tiram proveito do altar para fazer política” (leia íntegra). O evento reuniu mais de 300 convidados: entre eles, mais de 100 pastores e pastoras de nove estados.

A 11 dias da eleição, Lula trabalha para reduzir a distância para Jair Bolsonaro (PL) entre esse grupo religioso. O petista se reuniu com representantes de cerca de 30 denominações, mas cuja maioria tem um viés progressista nas pregações. Bolsonaro tem o apoio da maior parte das lideranças evangélicas das grandes igrejas, como Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus, entre outras.

Lula criticou pastores que “tiram proveito do altar para fazer política”:

— A pessoa pode escolher o Bolsonaro, não tem problema. Mas as pessoas não podem mentir. Se o pastor quer fazer política, ele que vá para a rua fazer política. Mas não tire proveito do altar para fazer política.

Pastores evangélicos fizeram uma oração por Lula no ato desta quarta e entregaram uma bíblia para ele. Valor para os evangélicos, Lula vinha sendo cobrado por lideranças religiosas para falar de amor e família. Em seu discurso, ele enfatizou que “a família é sagrada”.

— A família para mim (choro) é uma coisa sagrada. Eu sou daquele que todo final de semana reúno os meus filhos e a gente faz um churrasquinho. Quando vejo as pessoas colocarem em dúvida a nossa relação e respeito pela família, eu fico ofendido — discursou Lula no evento.

A última pesquisa do Datafolha, divulgada na sexta-feira (14), mostra que o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), mantém ampla vantagem contra Lula entre os evangélicos. O atual presidente tem 65% das intenções de voto do grupo religioso. Lula, por sua vez, tem 31% das intenções nesse recorte do eleitorado.

O petista voltou a desmentir a fake news de que, caso seja eleito, vai instalar banheiros unissex nas escolas:

— As acusações são as mais berrantes possíveis. Tem coisas que eu não acredito que um ser humano possa acreditar. Agora inventaram a história do banheiro unissex. Eu tenho família, tenho filha, neta, bisneta. Isso só pode ter saído da cabeça do satanás.

Ainda durante o discurso, Lula disse ter se surpreendido com a força das mentiras repassadas por celular.

— Conversem com mais pessoas, sabendo que têm pessoas que não gostam da gente, (é para) conversar com as pessoas, saber a dúvida que as pessoas têm. É preciso conversar e convencer as pessoas. Eu não imaginava que as mentiras pelo celular tinham tanta força pela internet. Eu não imaginava o poder de multiplicação de mentiras que têm o ‘zap’. E eles têm uma fábrica monstruosa de produzir mentira, e a gente não pode ganhar uma eleição mentindo.

‘Pintou um clima’

O ex-presidente também aproveitou o evento para atacar o atual mandatário. Ele chamou Bolsonaro de “psicopata e mentiroso”. O petista também explorou o caso em que Bolsonaro afirmou que “pintou um clima” com meninas de 14 e 15 anos da Venezuela para dizer que o presidente “não respeita a família”.

— E não é só ele (que é mentiroso). É a família inteira. A última coisa que ele fez foi aquela coisa contra as meninas da Venezuela. Ele não tem respeito pela família. A família são os filhos dele — disparou o petista.

No final do seu discurso, o petista ainda afirmou que vai aumentar a participação de mulheres em seu eventual governo, e disse que terá um indígena ministro numa nova pasta dos povos originários. Ao concluir seu discurso, Lula ainda prometeu retomar programas de obras e infraestrutura dos governos petistas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.

Marina, Benedita e Eliziane

Entre os participantes do evento também estão a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP). As três são evangélicas.

Eliziane Gama criticou o que considera como manipulação das igrejas e pastores pelos bolsonaristas.

— O evangelho não é aquele que divide, que exalta a tortura. (…) Estamos vivendo um momento de instrumentalização da fé. E isso é pecado. Não vai prosperar a divisão da igreja de Deus — afirmou a senadora.

Benedita da Silva reafirmou o compromisso de um eventual governo petista com a liberdade religiosa e enalteceu a necessidade de um governo voltado para o combate à fome.

— Achava incrível fazer uma carta depois de ter oito anos de governo Lula e seis de Dilma, quando as igrejas não foram fechadas. Sabemos que a mentira é coisa do satanás. (…) Não podemos perder a nossa fé e nem concordar com gente pedindo comida no meio da rua. Isso não é de Deus — disse Benedita.https://db3fb6ec3b6a37c71eebba1799a511fc.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Em seu discurso, a ex-ministra Marina Silva defendeu a laicidade do estado:

— Eu não faço do púlpito um palanque (…). É uma atitude de respeito. E temos que cumprir com esse preceito de que o templo é um lugar de oração e onde vamos adorar a Deus.

O pastor Ariovaldo Ramos, líder da Comunidade Cristã Renovada, que tem atuado como porta-voz do petista entre os evangélicos, foi um dos primeiros a falar. Ramos afirmou que o petista sempre teve uma relação republicana com todas as religiões.

— Pedimos ao presidente Lula que fizesse algo de extrema bondade. E ele não vai fazer o que nunca fez. Presidente vai lá e diz para o nosso povo e diga que o senhor nunca tirou a liberdade da gente e nunca fechou igreja. E que o senhor promulgou a lei de liberdade religiosa. Temos a responsabilidade de sair daqui consagrando a verdade e dizer para todos que sempre soubemos que temos um projeto político que honra os pobres, órfãos e viúvas e que ele tem uma liderança clara de Lula — disse Ariovaldo.

Candidato a vice na chapa do petista, o ex-governador Geraldo Alckmin enalteceu a capacidade de conciliação de Lula para unir o país em meio ao um ambiente de ódio e divisão da sociedade:

— Não tenho dúvida de que Lula representa uma das maiores virtudes do cristianismo, que é o ‘amor ao próximo’.

Fonte: O Globo

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2 Comentários

  • wilson Rodrigues da Luz disse:

    Gente há muito tempo, que BOLSONARO e seus apoiadores veem publicando FAKE NEWS, mentindo contra LULA, popis, os direitos religioso, já estão garantindo na nossa Constituição de 1988. No artigo 5º no seu item VI, da nossa Constituição de 1988, está garantido os direitos das Igrejas. Portanto, as denúncias e publicação de BOLSONARO e seus apoiadores a respeito das IGREJA é tudo FAKE NEWS , é tudo mentira. Cabe agora o povo fazer o seu julgamento.

  • Wilson Rodrigues da Luz disse:

    Gente é uma vergonha um religioso usar o Altar do Senhor nosso Deus, que é um local sagrado, exclusivo, para a pregação da palavra de Deus, para falar sobre política. Hoje o que temos visto, tem sido umja falta de respeito com o nosso DEUS.

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