Após atos terroristas em Brasília, Lula se reúne com governadores no Palácio do Planalto

Vice-presidente da República e presidentes do STF, do Senado e da Câmara também participaram do encontro. Nos discursos, governadores reafirmaram compromisso com democracia e anunciaram envio de policiais ao DF.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu presencialmente nesta segunda-feira (9) com governadores, vice-governadores e representantes das 27 unidades federativas do país. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, que foi alvo de depredação por bolsonaristas radicais no domingo (8).

Durante a reunião, alguns governadores representando as cinco regiões do país discursaram em solidariedade aos chefes dos três poderes e reafirmaram o compromisso com a democracia (veja mais abaixo).

Até apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se colocaram à disposição para ajudar na pacificação do país.

Lula destacou a simbologia da reunião e agradeceu o compromisso dos aliados e não aliados na busca pelo fortalecimento da democracia do país.

“Nesse país, é possível tudo […] A única coisa que não é possível é alguém querer acabar com a nossa incipiente democracia”, afirmou Lula.

O presidente também fez críticas contra os terroristas responsáveis pela destruição dos prédios públicos da capital federal.

“Essa gente não tem pauta de negociação. A única negociação que essa gente poderia ter e que se entrou com recurso tentando negar o resultado do processo eleitoral, tentando mostrar que havia tido falha na urna.”

Além dos governadores, também participaram:

  • o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin
  • a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber
  • os ministros Dias ToffoliRicardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso
  • o presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo
  • o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira
  • o procurador-geral da República, Augusto Aras
  • o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT)
  • o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT)
  • o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB)
  • o líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede)
  • e o presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Edvaldo Nogueira (PDT), prefeito de Aracaju

Compromisso com a democracia

Na abertura da reunião, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez um discurso em que afirmou o compromisso dos estados com a democracia e informou que as polícias militares das unidades federativas já iniciaram a desmobilização dos acampamentos golpistas.

“Entendemos a importância de não apenas emitirmos um manifesto, mas estarmos aqui presencialmente para reafirmar o compromisso dos 27 estados da federação com a democracia e nos colocar ao lado dos poderes constituídos deste país, neste momento sensível que a nação vive”, disse.

Reconstrução do STF

Em seguida, a presidente do STF agradeceu a iniciativa dos governadores e disse que a destruição do plenário da Corte a “entristeceu de maneira enorme”.

“Nosso prédio histórico, seu interior, foi praticamente destruído. Em especial, o nosso plenário. Essa simbologia a mim entristeceu de maneira enorme, mas quero assegurar que vamos reconstruir”, afirmou Rosa Weber.

Governadora do DF em exerício

A governadora em exercício do Distrito Federal – palco dos ataques terroristas, Celina Leão (PP) disse que Ibaneis Rocha (MDB) recebeu informações “equivocadas” por “infelicidade” no “momento da crise”.

Ele foi afastado do cargo por 90 dias por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Primeiro, reafirmar que o governador eleito Ibaneis é um democrata, é um homem que exerceu a presidência da OAB, sabe o que significa os ataques aos poderes da República. Preciso trazer esse posicionamento do nosso governador que foi interinamente afastado que, por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas no momento da crise”, disse ela durante discurso, que representou os governadores da região Centro-Oeste.

Aliado de Bolsonaro

Ex-ministro e aliado de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também discursou.

Representando os governadores da região Sudeste, Tarcísio disse que estava “muito feliz” por participar da reunião e afirmou que a “pacificação demanda gestos do Legislativo, Executivo, Judiciário, e dos estados”.

“Estou muito feliz de estar participando dessa reunião e enaltecer a capacidade de diálogo. Peço a Deus que nos proporcione sabedoria para que a gente construa a pacificação. Lembrando que a pacificação demanda gestos, gestos de todos, do Legislativo, Executivo, Judiciário, estados”.

Intervenção federal

O presidente da Câmara, Arthur Lira, reforçou que as instituições não vão parar e destacou que os deputados federais participarão de uma sessão extraordinária ainda na noite desta segunda (9), para aprovar a intervenção federal na segurança do DF .

“Votaremos simbolicamente, por unanimidade, para mostrar que a casa do povo está unida em defesa de medidas duras contra esse pequeno grupo radical”, disse.

A intervenção já está em vigor, mas precisa do aval da Câmara e do Senado para continuar valendo. A medida foi decretada por Lula no domingo (8), depois das invasões e depredações às sedes dos três poderes.

Governadores na reunião com Lula

Como foi destacado na fala de Helder Barbalho, governadores e vice-governadores das 27 unidades federativas foram presencialmente para o encontro.

  1. Antônio Denarium (PL), governador de Roraima
  2. Carlos Brandão (PSB), governador do Maranhão
  3. Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná (voo atrasado)
  4. Celina Leão (PP), governadora em exercício do Distrito Federal
  5. Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro
  6. Clécio Luís (Solidariedade), Governador do Amapá
  7. Augusto Leonel de Souza Marques, superintendente de Integração do Estado de Rondônia em Brasília (Sibra) – governador de Rondônia mandou representante
  8. Daniel Vilela (MDB), vice-governador de Goiás
  9. Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul
  10. Eduardo Riedel (PSDB), governador do Mato Grosso do Sul
  11. Elmano de Freitas (PT), governador do Ceará
  12. Fábio Mitidieri (PSD), governador de Sergipe
  13. Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte
  14. Mailza Assis (PP), vice-governadora do Acre
  15. Helder Barbalho (MDB), governador do Pará
  16. Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia
  17. João Azevedo (PSB), governador da Paraíba
  18. Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina
  19. Otaviano Pivetta (União), vice-governador de Mato Grosso
  20. Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas
  21. Rafael Fonteles (PT), governador do Piauí
  22. Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco
  23. Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo
  24. Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais
  25. Tarcísio de Freitas (PL), governador de São Paulo
  26. Wanderlei Barbosa (Republicanos), governador do Tocantins
  27. Wilson Lima (União), governador do Amazonas

O encontro foi acertado durante reunião do Fórum de Governadores, na noite do domingo.

“O Fórum dos Governadores se reuniu agora à noite e reafirma indignação e repúdio veementes diante dos atos golpistas, terroristas ocorridos em Brasília que afrontam a nossa Constituição” disse a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), pelo Twitter.

  • Objetivo da reunião: segundo Fátima Bezerra, os governadores decidiram convocar o encontro para juntar esforços ao lado dos ministérios para manter a capital federal em segurança, punir os envolvidos e recuperar os prédios depredados.

Envio de policiais

Ainda na reunião de emergência do domingo, os governadores decidiram oferecer o envio de forças policiais para ajudar na segurança da área central de Brasília.

No encontro, secretários de segurança pública dos estados avaliaram que é preciso proteger a capital federal e a democracia.

Agentes de alguns estados já foram mandados para Brasília. De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), 500 policiais de outras unidades federativas vão ajudar nos trabalhos.

Reunião com chefes dos poderes da República

Pela manhã, Lula também se reuniu com os mesmos chefes dos poderes que estavam no encontro com os governadores.

Depois da reunião, eles divulgaram uma nota conjunta em que dizem “rejeitar” os atos terroristas de bolsonaristas radicais em Brasília e pedem à população a “defesa da paz e da democracia”.

A nota é assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva; pelo presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo; pelo presidente da Câmara, Arthur Lira; e pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.

Ataques terroristas

Bolsonaristas radicais, golpistas e criminosos invadiram e depredaram neste domingo (8) o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília.

O ataque às sedes dos três poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.

O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado. Até o fim da noite deste domingo, pelo menos 300 pessoas tinham sido presas.

Fonte: G1- Por Pedro Henrique Gomes, Paloma Rodrigues, Ana Paula Castro e Letícia Carvalho, g1 e TV Globo — Brasília

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *