Artigo: A atuação precisa do banco de desenvolvimento na economia e a retomada dos investimentos no ES
A importância do sistema financeiro na economia é esencial na medida em que permitem operações de débito e crédito, dinamizando como um todo o conjunto de atividades produtivas de uma sociedade. Historicamente, as instituições privadas têm exercido um papel de liderança no mercado impulsionando os ciclos econômicos. Essa lógica se inverte em momentos de instabilidade e de crises vivenciadas, quando instituições públicas têm liderado iniciativas de oferta de programas de crédito emergencial.
É consenso que uma das principais atribuições de bancos de desenvolvimento é a correção de falhas de mercado. Governos bem estruturados, que tenham políticas públicas que priorizam o desenvolvimento sustentável (sintonia entre crescimento econômico, conservação ambiental e preocupação social), em situações de crise, atuam fortemente no mercado em aspectos que ele não é capaz de resolver esses episódios por conta própria, abrindo espaço para intervenções – potencialmente geradoras de bem-estar social.
Os bancos de desenvolvimento têm, portanto, um papel importante em meio a crises, exatamente quando os mecanismos de apoio financeiro são mais necessários. E, recentemente, diante dos efeitos negativos causados pela pandemia do novo Coronavírus, por exemplo, esse papel ficou mais evidenciado, onde bancos públicos, como no caso do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo adotaram medidas para mitigar os efeitos da crise sanitária e econômica, visando a continuidade dos negócios, dos projetos de investimento e a manutenção de empregos.
O cenário atual de pós pandemia, que é base para essa revisão da estratégia, é favorável ao crescimento econômico e à retomada dos investimentos. Aguardamos uma queda das taxas de juros e com isso um mercado de crédito com maior demanda por financiamento, em razão da retomada de muitos projetos de investimento que foram postergados. O protagonismo necessário do Bandes precisa ser reafirmado no novo ciclo econômico que se inicia e isso se dará com ações vinculadas às políticas de governo, diversificação das formas de apoio à sociedade e soluções regionalizadas, cumprindo o papel de formulador e articulador do investimento regionalmente equilibrado.
Como uma instituição vinculada ao Governo do Estado, é esperado que suas iniciativas potencializem o desenvolvimento regional inovador e sustentável, com um volume de desembolso maior do que o que foi feito no momento de pandemia. O bom desempenho também traz expectativas da sociedade que giram em torno do apoio financeiro expressivo e com impacto na geração de emprego e renda.
Para o setor produtivo, além de uma atuação desburocratizada, mais digital e efetiva, é fundamental que o Bandes seja, neste momento de retomada, um banco fomentador do investimento, como foi na década de 70 e 80. O ano de 2023 chega cheio de expectativas, o apoio financeiro proporcionado por meio de aquisição de debêntures, com recursos do Fundo Soberano, vai ampliar substancialmente esse modelo de negócio.
Fechamos 2022 com uma situação financeira confortável, fruto de um trabalho responsável e organizado. Entretanto, é fundamental que o Bandes mantenha sua sustentabilidade financeira nos próximos anos. Isso se dará com equilíbrio das receitas e despesas operacionais, buscando medidas alternativas que resultem em redução de despesas, ampliação da receita com prestação de serviços e uma gestão estruturada dos ativos e passivos.
A situação financeira nos permite avançar ainda mais nos investimentos em infraestrutura iniciados em 2021. O mercado financeiro assiste à corrida acelerada da transformação digital e isso reforça a importância dos desafios já assumidos pelo Bandes para melhorar seus processos e desburocratizar o acesso ao crédito. Estamos com foco em ter eficiência operacional. Vemos o crédito digital como uma ferramenta importante, não só na otimização dos trabalhos internos, mas também na interiorização. Além disso, as parcerias institucionais são outra peça importante para o desenvolvimento regional, que podem melhorar a presença do Bandes no interior.
Ademais, espera-se uma atuação com ênfase na responsabilidade social, ambiental e climática e na abordagem ESG – ambiental, social e de governança. Cabe ao Bandes contribuir positivamente com as agendas vinculadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, fomentando e incentivando investimentos por meio do crédito e outras formas de apoio financeiro, e com mensuração do trabalho realizado, para dar transparência do impacto das suas atitudes no contexto interno e das suas entregas à sociedade.
*Diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)