Tenho uma anomalia, senhores? Vou ser queimada na fogueira por amar???? Quem vai acender o fósforo?
O artigo é meu, e mostra a minha opinião, e sou eu quem escrevo, a jornalista que é contra todas as violências. Todas!
Nós já temos ciência de que a homofobia continua a ser um problema no mundo inteiro. Os números não mentem, quando o assunto é assassinato de pessoas LGBT’s. No nosso portal mesmo, temos registros diversos, inclusive de suicídio gerado a partir do sofrimento da pessoa não respeitada pela sociedade e pela família, que devia ser o berço do primeiro acolhimento.
Talvez não se lembre, caro leitor, que em 2016, o atirador, Omar Mateen invadiu uma boate gay, em Orlando, nos Estados Unidos e matou 50 pessoas. E talvez, os que acham que tudo não passa de mi mi mi do movimento LGBT+ acreditem que este ódio do assassino tenha ligação com a homofobia. Os mesmos que acham que o delegado foi infeliz e se embananou apenas para responder ao estudante, quando perguntado se homofobia é crime.
Ao que tudo indica, Omar Mateen matou as 50 pessoas e feriu 53 na Boate Pulse, no dia 12/06/2016, conforme relato do pai dele, depois de ter visto dois homens se beijando em Miami. O atirador havia demonstrado descontentamento ao ver a cena. O pai de Mateen revelou que o filho frequentava a própria Boate Pulse, com certa regularidade, e que utilizava aplicativos de celular voltados para o público gay. Normal isso? Quantos machos não fazem o mesmo, se divertem, pagam e depois querem mostrar a sociedade que são machos…
É, infelizmente, quem mata às vezes é o mesmo que deseja o corpo que ele sente repulsa. A psicanálise deve explicar estes comportamentos.
Discutiu-se muito, na época, se o ataque à Pulse teria sido terrorista (o Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque, apesar de não haver ligações diretas entre Omar e o grupo), contudo, esse relato e o alvo escolhido por Omar sugerem que se trata também de um ataque de cunho homofóbico.
Mas, afinal, o que é homofobia? “A homofobia pode ser definida como “uma aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais (também conhecidos como grupos LGBT)”.
Infelizmente, muitas pessoas continuam a reproduzir preconceitos contra pessoas com orientações sexuais ou de gênero minoritárias. Esse preconceito afeta a qualidade de vida dessas pessoas, que sofrem com o bullying na escola (homofobia é o terceiro motivo mais recorrente de bullying, segundo pesquisa, e a discriminação tanto de desconhecidos, quanto de membros da própria família. Lamentável.
Ontem, após veicular matéria sobre o fato em Itapemirim, houve muitos comentários no WhatsApp do jornal, a maioria criticando a infeliz fala do delegado que mostrou a sua opinião pessoal, e se esqueceu que estava em uma Escola Municipal pública, com um grupo de estudantes que estavam aprendendo justamente o contrário, respeitar as diferenças, acabou confundindo a cabeça da meninada.
Eu quero deixar bem claro que, tenho imensa admiração pelos trabalhos realizados pelo delegado de Itapemirim, inclusive, posso ressaltar aqui, toda a atuação e esforço para prender os assassinos da Anna Souza, a trans de Piúma, assassinada no dia 02 de maio de 2022, no Maraguá, em Itapemirim. Não terminaria aqui, a lista de casos investigados e concluídos pelo delegado. Devemos a ele este reconhecimento público. Porém, em relação a sua fala na escola, nesta terça, ele teria se saído muito melhor, se não entrasse no assunto da homofobia e não usasse o seu exemplo de família exemplar.
A homofobia é uma coisa nojenta, e a Escola não pode permitir que comportamentos da natureza ocorra, de forma nenhuma, nós temos juntos que multiplicar informações de que o respeito é o que se exige. Nada menos. E, é crime, comparado ao racismo comportamentos homofóbicos.
Não importa, se o crime não tem relação com raça, como diz um PM à jornalista, que o mandou cobrar então do Congresso, do Senado uma lei específica. E que cobre punição de qualquer pessoa que cometa um crime, seja de racismo, de homofobia, de assassinato, de roubo, de golpe… O que não podemos mais é comungar de pensamentos retrógrados e cheios de preconceitos. A sua família não é a única ser família, a minha também é!
O que eu não posso admitir é ser adjetivada de anormal, ou que sofro com uma anomalia, porque amo uma pessoa do mesmo sexo que eu. E se ainda disserem que o fato de eu não procriar, devo ter uma anomalia, digo a todas as excelências, Jesus amou a todos e nos ensinou a amar o próximo. Eu escolhi não gerar filhos e cuidar de um casal que Deus me escolheu para amar. Mas eu podia gerar, se eu quisesse, mas eu nunca quis, porque não gosto de manter relações intimas com homens!
Se você acha que é mi mi mi, cuida da sua vida, ensine aos seus filhos os seus conceitos e pré-conceitos, indiferente a sua forma de pensar, o respeito cabe sempre em todo lugar. Se és heterossexual, viva sua vida, que eu vou viver a minha vida, independente do que você pensa, ou me adjetiva. E se desejar, escreva um artigo e mande para mim, que eu vou publicar a sua opinião na íntegra. A minha é esta: eu pago as minhas contas, os meus impostos e transo com eu quiser!
Por hora encerro este artigo de minha opinião com a fala da coordenadora do Programa Diversidade da FGV Direito Rio, Lígia Fabris que chama atenção para a homofobia, que pode ser, a princípio, conceituada como a aversão a grupos LGBTQIA+ e que ainda é frequente na atualidade:
“Em 2019, o STF decidiu que a homofobia é um crime imprescritível e inafiançável. Na decisão, o STF entendeu que se aplicava aos casos de homofobia e transfobia a lei do Racismo (Lei n 7.716/1989). O artigo 20 da lei em questão prevê pena de um a três anos de reclusão e multa para quem incorrer nessa conduta. Há, ainda, a possibilidade de enquadrar uma ofensa homofóbica como injúria, segundo o artigo 140, §3º do CP”. Na dúvida, se é crime ou não, opte apenas pelo respeito! Tenha uma excelente tarde! Axé!!! Eu não tenho tempo para o ódio, eu escolhi apenas amar!