O sentido da sensibilização para as questões relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA)
02 de Abril – Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Sem nos aprofundar por demais nas definições, é importante lhes apresentar resumidamente o sentido conceitual de “conscientização” e “sensibilização”. A “sensibilização” se relaciona à capacidade de se comover, tornar-se sensível, se refere à disseminação de determinado conhecimento buscando informar e esclarecer sobre uma problemática e apontar possíveis soluções. O sentido de “conscientização” está mais próximo à convicção individual, é interna ao ser e não necessariamente se exterioriza, transformando-se em “ação”. Ao não se transformar em “ação”, permanece interna ao ser e pouco impacta no coletivo social.
Feita acima a necessária observação, penso que neste “02 de Abril”, quando somos convidados a voltarmos nossa atenção às questões acerca do autismo, nossas forças devem se voltar para a sensibilização do indivíduo, objetivando assim um “agir no coletivo” em busca de minimamente entender o que é o autismo e de saber como nos colocar diante das diversas situações cotidianas em que nos deparamos com alguma pessoa que direta ou indiretamente está inserida no Transtorno do Espectro Autista (TEA), quer seja o próprio autista ou um familiar, por exemplo.
Segundo estudos recentemente divulgados em março de 2023 pelo Centro de Controle de Prevenção e Doenças dos Estados Unidos (CDC) sobre a prevalência do autismo nos Estados Unidos, o autismo está presente em 1 criança a cada 36 que nascem hoje nos EUA. Esse estudo, muito embora não tenha sido realizado no Brasil, nos dá segurança para afirmar que nossos números também estão nesse patamar ou bem próximo disso. Portanto, a chance de termos hoje algum caso de convívio social com um autista ou pessoa diretamente ligada a este, por exemplo um familiar do autista, é praticamente de 100%, daí a importância da sensibilização que culmine no “agir coletivo”, a importância de saber de qual forma a gente pode se inserir nesse contexto e ser participativo e colaborativo.
A difusão dos inúmeros estudos científicos enfatizando a saúde, educação, acessibilidade e direitos garantidos por lei é importantíssimo; socializar metodologia de ensino com eficácia comprovada, difundir as tantas vertentes econômicas dos tratamentos e capacidade técnica de profissionais da área são sem dúvida necessária, entretanto, te convido a iniciar sua inserção no tema lhe apresentando alguns fatos relevantes, quais sejam, profissionais qualificados estão abandonado suas carreiras para se dedicarem exclusivamente ao filho autista; relações familiares estão sendo prejudicadas, famílias carregam uma espécie de sentimento de frustração quando a elas são direcionadas falas pautadas nos comportamentos inapropriados da criança autista ou nas habilidades que eles ainda não adquiriram; famílias inteiras estão se privando do convívio social ou que dele são excluídas.
Com isso nos vem uma pergunta: o que nós, enquanto parte desta sociedade, sensíveis à essa problemática, podemos fazer para minimizar esses impactos, que não atingem só a criança, mas também a família e consequentemente toda a sociedade? A resposta não é tão simples, mas penso que antes conhecer os avanços da ciência, as questões mais profundas que cercam o tema, que é complexo e requer praticamente dedicação exclusiva, a pessoa interessada deve buscar aproximar-se de quem já vive a situação e a eles recorrer, me refiro principalmente aproximar-se do familiar e aos que convivem com o autista. Comece fazendo uma única e fundamental pergunta: “Como posso ser útil e colaborar com sua criança e com você?”, eles saberão lhe responder.
Se você chegou até aqui no final do texto, parabéns! Esse é um bom sinal, você é sensível ao tema e pode dar um segundo passo. Lembre-se, todos nós somos muito importantes e úteis nesta caminhada.
*por Panttila Tonani, fonoaudióloga (Certificada em Modelo Denver Mestranda Distúrbios do desenvolvimento)