O rei Roberto Carlos comemora 82 anos ’em casa’, com show especial, em Cachoeiro de Itapemirim

Dos bancos da escola estadual até a casa onde nasceu o cantor Roberto Carlos, a cidade do Sul do Espírito Santo guarda viva as memórias dos primeiros anos de vida do menino que mais se tornaria o rei da música brasileira.

Entre uma emoção e outra, o local escolhido pelo cantor Roberto Carlos para celebrar os 82 anos de vida nesta quarta-feira (19) foi “Meu Pequeno Cachoeiro”, no Sul do Espírito Santo, cidade onde o artista nasceu em 1941. Na agenda de comemorações da semana especial de aniversário do ilustre capixaba também tem espaço para um show em Vitória, na sexta-feira (21).

O cantor já está em Cachoeiro de Itapemirim. Ele pousou de jatinho no Aeroporto de Vitória por volta das 15h desta terça-feira (18) e, em seguida, percorreu os cerca de 140 km que separam a capital do estado a Cachoeiro de Itapemirim, onde passou a noite e faz o primeiro show logo mais.

Ao g1, assim que desembarcou, o cantor falou sobre a sensação de voltar ao estado para duas apresentações especiais. Os moradores de sua cidade natal aguardavam ansiosos pela chegada do rei.

“Tô me sentido muito bem, contente por fazer esse show em Cachoeiro. Pra mim, é sempre uma data especial. Um lugar muito especial”, disse o cantor.

Sorridente, o artista também comentou o repertório da apresentação que acontece neste dia do seu aniversário e o que os capixabas podem esperar dos dois shows.

“Eu seleciono sempre as músicas que eu acho que o público gostaria de ouvir e de me ver cantando. Então meu show é baseado nisso, né? Eu troco algumas canções de vez em quando, mas tem umas que não posso deixar de cantar”.

Segundo a assessoria do cantor, os dois shows ainda possuem alguns ingressos disponíveis à venda.

A expectativa para os shows no Espírito Santo não é à toa. Desde 2018, o cantor não se apresentava em Vitória.

Em Cachoeiro de Itapemirim, no entanto, Roberto Carlos se apresentou uma única vez no Estádio do Sumaré, em 2016, para comemorar os 75 anos de idade.

De volta às origens

Dos bancos da escola estadual Liceu Muniz Freire, passando pelo conservatório musical, até a casa onde nasceu Roberto Carlos, a cidade de Cachoeiro de Itapemirim guarda viva, em cada um de seus cantos, as memórias dos primeiros anos de vida do menino que, anos mais tarde, se tornaria o rei da música brasileira.

“A gente saber que ele passou por esses bancos escolares é um orgulho para todos os funcionários e professores”, disse Mônica Borges de Melo, atual diretora da escola Liceu Muniz Freire, onde Roberto Carlos estudou durante a infância.

Em Cachoeiro, Roberto também passou pela escola Jesus Cristo Rei, onde conheceu a irmã Fausta, freira que o ensinou a ler e a escrever. Irmã Fausta morreu em fevereiro de 2021 e, na época, recebeu uma homenagem do cantor.

Além de estudar, Roberto também tinha aulas de música no conservatório da cidade. Sua primeira professora foi Elena Mignone, que morreu há cinco anos. Maurício Gonçalves Mignone, filho dela e que vive em Cachoeiro, contou que a mãe sempre manteve contato com Roberto Carlos.

Até hoje a instituição mantém guardado, como um registro histórico, o histórico escolar do pequeno Roberto, datado de 1953. A nota mais alta do documento, 9.8, é de uma disciplina já esperada: a de canto. Mais uma prova de que o talento musical já aflorava desde cedo.

Casa onde nasceu virou museu

Foi em uma casa de três quartos, localizada na chamada Rua da Biquinha, que Roberto Carlos nasceu, em 1941, no quarto de seus pais. Filho do relojoeiro Robertino Braga e da costureira Laura Moreira Braga, Roberto foi o caçula de quatro irmãos, nascendo depois de uma menina e de outros dois meninos.

Atualmente, o local se transformou em um museu que conta a história das origens do rei. Com exceção das paredes, que antes eram amarelas e hoje são azuis, o imóvel está praticamente do mesmo jeito que foi deixado pela família, desde a cozinha com fogão à lenha e assoalho de madeira até as fotografias penduradas nas paredes.

Já do lado de fora, era em uma ladeira da Rua da Biquinha que Roberto costumava passar suas horas livres. O amigo de infância, Paulo Ney Viana, com quem Roberto costumava dividir esse tempo, contou que entre as brincadeiras favoritas da dupla estavam as bolinhas de gude e até mesmo as bolinhas de meia.

Já aos domingos, Paulo lembra que Roberto ia para a rádio da cidade, onde desde menino já costumava cantar, sempre aplaudido pelos amigos.

“Ele ia cantar na rádio, cantava em show, cantava na praça. Na época da festa de Cachoeiro, sempre que havia show ele estava lá cantando também”, contou Paulo.

Da casa na Rua da Biquinha, Roberto Carlos mudou-se aos 13 anos, quando foi morar no Rio de Janeiro. Segundo Paulo, desde aquele momento o adolescente Roberto já pretendia seguir a carreira musical e alçar voos maiores no estado vizinho.

Paulo, então, tornou-se médico, enquanto Roberto Carlos tornou-se líder do movimento musical chamado de Jovem Guarda, que surgiu nos anos 1960, conquistando, nos anos seguintes, fãs por todo o Brasil. Os amigos, no entanto, continuaram se encontrando ao longo da vida.

Mas esta não seria a primeira vez que o Roberto voltaria à cidade para relembrar o lugar onde tudo começou.

“É uma emoção muito grande, difícil de controlar. Não é complicado, mas é delicado, porque é uma emoção muito grande realmente. Chegar em Cachoeiro, olhar isso tudo aqui, a cidade onde eu nasci, onde eu vivi há bastante tempo, é uma emoção muito grande”, disse ele na época.

Enquanto o próximo encontro não acontece, os conterrâneos do rei seguem orgulhosos por viverem no berço de um dos ícones da história da música brasileira. Uma história guardada em inúmeros registros e eternizada em cada um através das canções, gravadas de cor.

Uma trajetória ímpar

Na segunda metade dos anos cinquenta, Roberto Carlos mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi lá que teve contato com novos ritmos musicais, como o rock and roll. Em 1961, Roberto lançou o primeiro álbum, “Louco Por Você”.

Apesar de não ter feito sucesso, Roberto insistiu e, em novembro de 1963, lançou seu segundo álbum de estúdio, “Splish Splash”, já contando com a parceria com o amigo Erasmo.

Conquistando seu espaço, em 1965 Roberto Carlos foi convidado a apresentar o programa “Jovem Guarda” aos domingos, na TV Record, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa.

O cantor capixaba também compôs sozinho sucessos como “Como É Grande o Meu Amor por Você”, “Por Isso Corro Demais”, “Quando” e “De Que Vale Tudo Isso”, que foram lançados no LP Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, base da trilha sonora do filme homônimo. O filme foi um sucesso nacional nos cinemas.

A mudança no estilo musical do cantor acontece no final dos anos 1960. O álbum Roberto Carlos apresentou mais romantismo em lugar dos tradicionais temas juvenis típicos da Jovem Guarda.

Entre os anos 1970 e 1980, o cantor foi um dos que mais venderam discos no Brasil. No início dos anos 1970 ele lançou o sucesso “Detalhes” e “Como vai você”.

Em dezembro de 1974, a Rede Globo exibiu um especial do cantor. Com o sucesso, a atração virou um especial anual na emissora.

Nos anos 1980, vieram mais sucessos, como “Emoções” e mais reconhecimentos internacionais. Na década de 1990, lançou até álbum em espanhol, consolidando-se como um dos maiores nomes da música na América Latina.

Nos anos 200, gravou alguns projetos especiais com outros artistas. Em 2012, por exemplo, lançou “Esse Cara Sou Eu”, um sucesso na TV e nas rádios.

Fonte: g1

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