Homem que feriu advogada com pedra, dependente químico, removeu tornozeleira e continuou cometendo crimes

Autuado em flagrante pela infração, era foragido da polícia por haver removido uma tornozeleira eletrônica. Após ter sido encontrado e confessar o delito, alegou ter problemas com o uso de álcool e drogas e não imaginava a gravidade das lesões provocadas pelos seus atos.

A Polícia Civil do Espírito Santo, por meio do 6º Distrito Policial de Vila Velha, autuou em flagrante por tentativa de homicídio, na noite dessa segunda-feira (10), o homem de 40 anos, preso no começo da tarde, por suspeita de ter atirado uma pedra, contra uma advogada, na madrugada do último sábado (08), na Rodovia do Sol, em Vila Velha.

Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta terça, 11, na Chefatura, o delegado-geral da Polícia Civil (PCES), José Darcy Arruda, conta que se impressionou com o ocorrido e o histórico criminal do agressor, “quando eu tomei conhecimento dos fatos e vi a gravidade da lesão, imediatamente eu determinei ao doutor Guilherme Eugênio (delegado titular do 6º Distrito Policial de Vila Velha) que fizesse a investigação. O que me chamou a atenção foi, apesar das vezes em que foi preso e os crimes que praticou, ele ainda estar solto.”

Quando questionado sobre o que esperava a partir de agora com a prisão do infrator, José Arruda afirmou: “Pelo comportamento dele, a forma agressiva com que age, ele tem que ficar preso, tem que ser tratado, não pode ser devolvido à sociedade, porque expõe ao perigo a vida e a saúde de outras pessoas. Esperamos que com essa prisão, de fato, ele fique detido, passe por um tratamento e tenha condições de conviver em sociedade, da forma que está, ele vai causar outros danos e o resultado pode ser muito pior.”

A autuação foi feita pelo titular do 6º DP, delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, a quem, em depoimento, o suspeito confessou o crime. Segundo o delegado, o homem é dependente químico e, pouco depois de ser detido, teve a prisão preventiva decretada pela Segunda Vara Criminal de Vila Velha, por destruir a tornozeleira eletrônica que usava. O uso do equipamento foi determinado pela Justiça, em consequência de ações penais que o homem responde por crimes de trânsito, estupro, desacato, roubo e porte ilegal de arma de fogo.

“Ele confessou a autoria desse crime, disse que se encontrava sob efeito de álcool e transitando entre as faixas de rolamento da Rodovia do Sol em sentido a Vila Velha. Disse que o veículo (ocupado pelas vítimas) veio nesse mesmo sentido e passou a emitir sinais de luz e sonoros para ele, de forma a fazer com que deixasse a pista de rolamento e se dirigisse ao acostamento. Depois de uma certa insistência das vítimas, ele então se deslocou até o acostamento e o carro voltou a circular. Foi quando ele se abaixou, pegou uma pedra com a mão direita, virou-se em direção ao veículo, arremessando-a em direção ao para-brisa, quebrando na altura do banco do passageiro”, relata o delegado Guilherme Eugênio.

Ainda de acordo com a confissão do agressor, o delegado nos conta que o veículo das vítimas não chegou nem a parar e o infrator não havia conseguido perceber a dimensão do estrago que havia feito. “A família foi imediatamente em busca de socorro médico. Ele (o infrator) não sabia o quão grave era esse fato e, na versão dele, só soube quando foi efetivamente interrogado. Inclusive pediu para ver o que havia acontecido, o estrago que havia feito. Já sóbrio, a gente percebe até um certo arrependimento, algum remorso. Ele sob efeito de álcool é uma pessoa, sóbrio, é outro, porém, se embriaga todos os dias. Então, nessa condição, de dependência química, ele representa um risco extraordinário à paz social.”

O homem que era conhecido pelo apelido de “tornozeleira eletrônica”, justamente por haver usado o equipamento, antes de rompê-lo, devido à condicional que cumpria pelos diversos crimes cometidos, costumava beber e transitar pelas pistas de rolamento da Rodovia do Sol, essa não foi a primeira vez, como contou o delegado Guilherme Eugênio. “Ele já havia causado pelo menos mais um acidente na Rodovia do Sol. Em ocasião anterior, ele havia se embriagado, ocupado as pistas de rolamento, forçado o motorista de um automóvel a parar o carro, o que provocou um engavetamento de veículos, com lesões significativas a um motociclista.”

Diante desta ameaça, a própria comunidade da região ajudou a polícia na apuração, apontando a identidade do agressor, contando que com certa frequência ele teria esse hábito de caminhar entre as faixas da rodovia, provocando risco enorme de acidente, às vezes até mesmo agredindo suas vítimas.

A localização do infrator não foi muito fácil, ele se encontrava nas imediações da residência, excepcionalmente trabalhando como ajudante de pedreiro em uma obra, pois havia conseguido acesso a um medicamento, devido ao seu problema de dependência química, que o ajudou a se recuperar mais rápido dos efeitos do álcool. “Depois que ele rompeu a tornozeleira, a Secretaria de Justiça comunicou essa infração ao Judiciário, que decretou novamente a prisão dele. Então, já era um foragido da justiça, cuja localização não era simples, nem fácil, uma vez que ele tem o costume de desaparecer. Segundo a família do agressor, em alguns momentos, ele se embala em jornadas de uso de álcool e cocaína e perde o contato com todo mundo”, relata o delegado Guilherme.

O delegado explicou que somente foi possível interrogar o infrator pois o mesmo se encontrava sem o uso de álcool e entorpecentes por mais de 24 horas. “Ele bebe diariamente há 10 anos e em alguns dias ele consegue ter uma vida com um nível de consciência maior. Ontem foi um desses dias, graças a Deus. Até porque nós não poderíamos interrogá-lo se ele estivesse embriagado. O infrator não bebia há mais de 24 horas e não usava cocaína há mais de 30 dias por falta de dinheiro. Ele narra que a última dose de álcool, que havia adquirido, foi trocada em um ferro-velho, por sucatas. Ele falou que alguns ferros-velhos já aceitam trocar a sucata pagando em álcool e não mais em dinheiro, o que sustentava o vício dele.”

Quanto às medidas que serão tomadas com relação ao agressor, segundo Guilherme Eugênio, “ele foi preso em cumprimento ao mandado de prisão, que é relacionado ao crime de roubo anterior, e foi também autuado em flagrante por tentativa de homicídio. Esse entendimento de que houve uma tentativa de homicídio pode ser reavaliado pelo Judiciário, mas a meu ver, ele deve sim responder por tentativa de homicídio, na medida em que se mostrou completamente indiferente à vida humana. Ele agiu com a intenção de matar, ferir, danificar. Para ele pouco importa a vida alheia. Ele queria, de alguma forma, se dirigir contra aquele que, na verdade, nada fez contra ele, que, simplesmente, em prol da própria segurança dele, o alertou através de sinais luminosos e sonoros, para fazer com que o autuado, na condição de pedestre, ocupasse o espaço que lhe é reservado naquela via, o acostamento”.

Foto: Rodrigo Gomes/ A Gazeta

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