ARTIGO • Suicídio: Por que isso acontece?
*por Jussimar Almeida
Ainda mantendo o perfil do artigo anterior no qual abordei a EPIGENÉTICA, precisamos conhecer mais aprofundado o que ocorre com as pessoas a nível de pensamentos, sentimentos e condutas e que podem levá-las lamentavelmente ao suicídio.
Também devo lembrar que compete as autoridades públicas tomarem providências junto a juventude, a fim de evitar que isto aconteça. Recentemente e infelizmente a comunidade de Piúma foi surpreendida com este acontecimento que retirou da sociedade duas jovens que em muito poderiam ter contribuído para nossa sociedade. Algumas coisa faltou para que isso não viesse a acontecer. Os serviços de saúde vacilam muito em não possuir ações estruturadas para contemplar a juventude com programas, com profundidade suficiente para que tais desastres sejam evitados. O que nos cumpre dizer é que vida não volta, e que é necessário se mobilizar e fazer contato com quem possui habilidades e competências para abordar diretamente diretrizes capazes de salvar vidas…
Para explicar o que ocorre e trazer alguma luz a compreensão a fato tão grave, torna-se necessário que expliquemos que quando uma criança nasce, tudo que os pais fazem para ela ou com ela, poderá ter influência em sua vida. Quando ela tem de 9 meses a 1 ano (época em que já compreende muita coisa), necessita ser tratada com amor, carinho e reconhecimento. Pode ser que nessa época essa criança tenha também recebido algum tipo de mal trato, ou mesmo, um tratamento mais rude pelos pais, que pensam que estão corrigindo a criança para ser boa no futuro. Acontece que a criança não possui ainda um pensamento concreto e então ela recebe aquela correção, como um maltrato e fica nela gravado um sentimento de menos valor. Esse sentimento, fica gravado em seus genes e são os tais genes que são responsáveis por respostas emocionais quando nós crescemos. Desse modo, o registro que ficou no gene (que comanda o funcionamento de nossas células), liberam substâncias químicas que informam às células do cérebro dessas pessoas, fatos que ocorrem na juventude e que são interpretados como tão desagradáveis, como foram quando ela tinha um ano de vida e sofreu repreensões por parte dos pais. Repito: os pais não desejavam o mal para aquela criança de um ano de idade, porém essa criança de um ano, como não possui pensamento lógico estruturado, guarda aquilo na memória de seu DNA (ou do gene) e 10 a 12 anos depois por algum sofrimento na juventude, volta a reviver o sentimento da infância. Se assim for, essa jovem começa a ter depressão, tem um sentimento que chamamos de “menos valor” e por sentir-se não amada, não querida, não importante e não conseguir expressar isto aos seus pais, amigos e familiares ela termina por achar que a saída é dar fim à vida. Ao chegar na juventude, por volta dos 12 a 14 anos se por algum motivo, esse jovem não encontra satisfação naquilo que faz ele então começa a buscar se reconhecido pelo mundo, mas não consegue. Assim, iniciam-se os conflitos psicológicos e as cidades não estão estruturadas para dar suporte a esta juventude que necessita de atenção, carinho, amor, atividades físicas e recreativas. É necessário equipes de competência para promover ações de saúde que ofereçam o que já é muito conhecido. Busquem informações no google sobre pirâmide de Maslow e encontrarão na base dessa pirâmide a maior necessidade do ser humano que é a necessidade de reconhecimento. Simples assim, mas é necessário saber o que fazer e como fazer. Então, esse jovem ou essa jovem, que se sente não amado, não querido, não compreendido, e, ao se relacionar com os demais amigos da mesma idade, pode se sentir menosprezado, humilhado ou desgastado, necessita de locais onde possa encontrar “sua turma”, encontrar “sua identidade”, “seu chão” “sua vida”!
Como coloquei no início, as autoridades não podem ficar apenas em planejamento enquanto vidas vão embora. Os serviços de saúde das cidades de um modo geral, desconhecem os processos de adoecimento da população, e por isso, só saberem cuidar das pessoas quando elas estão doentes, enxugam gelo. De nada adianta tratar hipertensão, diabetes, AVC, Alzheimer, infarto colocando ponte de safena, tratar ansiedade, angústia, depressão, pois todas estas medidas significam correr atrás do prejuízo. É importante que aqueles que aceitam cargos públicos para cuidarem da saúde da população, se debrucem em estudos e conhecimentos de novas formas de ações que evitem as doenças. O futuro chegou e o segredo da boa prática de cuidar bem da saúde da população está em CUIDAR ANTES DE ADOEÇER. Gastar rios de dinheiro com população doente e nada fazer para evitar que as pessoas adoeçam, é enxugar gelo ou tapar o céu com peneira. As eleições se aproximam, vamos exigir que os governantes futuros apresentem projetos de sanidade física e mental para nossas populações…e para os que estão exercendo cargos públicos no momento, fica um alerta: é possível fazer algo agora, pois o amanhã poderá ser tarde demais. E a você estimado leitor, não fique aguardando passivamente, cobre das autoridades serviços dignos de promover qualidade de vida para você e os seus. É impossivel em tempos tão modernos que você ainda espere no sol, na chuva e na fila para chegar não sabe lá quando, a um serviço de saúde. Imagine você como é difícil e quase impossivel chegar em tempo suficiente para ser ajudado a um bom serviço de saúde mental !
*Jussimar Almeida e articulista do Jornal
foto: GETTY