Ex-assessor de Bolsonaro é preso em investigação da PF sobre os atos golpistas
Ex-assessor ficou conhecido após ser acusado de ter feito um gesto de supremacia branca no Senado, em 2021
Nesta quinta-feira, 8, a Polícia Federal lançou uma operação focada em Filipe G. Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Filipe Garcia Martins, preso nesta quarta-feira 98), na Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), é ex-assessor especial para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro. Ele foi citado em depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Cid contou à PF que Bolsonaro recebeu das mãos de Filipe Martins a minuta de decreto golpista de convocação de novas eleições, logo após o resultado do ano passado, vencido pelo presidente Lula.
Filipe ficou conhecido após ser acusado de ter feito um gesto de supremacia branca em uma sessão do Senado Federal, em março de 2021. A investigação por crime de racismo cometido pelo bolsonarista Filipe Martins foi reaberta em novembro do ano passado pelo desembargador Ney Bello.
O desembargador reformou a sentença de absolvição e considerou que há evidências de crime contra Martins: “O que temos são indícios. Fortes indícios, diria eu. Por serem fortes indícios, não é cabível a manutenção da absolvição sumária do apelado”.
O caso será investigado, sob pena de “o Judiciário ser leniente em sua atuação com a prática de condutas racistas”. Em outubro de 2021, o juiz da 11ª Vara Criminal do Distrito Federal encerrou o processo por avaliar que o gesto denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) não configura crime e absolveu o réu.
8 de Janeiro
Filipe é seguidor ferrenho de Olavo de Carvalho e próximo de Donald Trump, está no centro das investigações sobre os ataques golpistas que culminaram no 8 de janeiro.
A PF deverá cruzar as informações fornecidas por Cid em sua delação com arquivos encontrados no celular do militar. Entre eles então a minuta golpista e um roteiro para o golpe de Estado, além de um parecer emitido pelo jurista e advogado Ives Gandra Martins para embasar juridicamente a empreitada criminosa.
Segundo informações do colunista Aguirre Talento, do UOL, Cid contou à PF que Filipe Martins levou para o encontro com Bolsonaro, no fim do ano passado, um advogado constitucionalista e um padre. O tenente-coronel, entretanto, disse não se lembrar dos nomes desses dois personagens.
A PF investiga se este constitucionalista é o advogado Ives Gandra Martins, que estaria lá para embasar juridicamente o golpe.
O colunista diz ainda que Mauro Cid teria afirmado na delação que, durante a reunião de Bolsonaro com os militares, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi favorável ao plano golpista.
O Alto Comando das Forças Armadas, no entanto, refutou o golpe.
Filipi Martins nasceu em Sorocaba e foi criado em Votorantim, no estado de São Paulo. É bacharel em Relações Internacionais. Foi nomeado, em 3 de janeiro de 2019, com apenas 31 anos de idade, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, após ter atuado com o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, outro devoto de Olavo de Carvalho, no governo de transição.
Fonte: Revista Forum