ARTIGO: Seu filho pode estar com monofobia
*por Jussimar Almeida
Não se espante e nem fique preocupado. Esta abordagem tem o objetivo de simplesmente alertar aos pais o que pode ocorrer com seus filhos que vivem na era tecnológica, onde praticamente tudo é comandado pelos tais algoritmos de engenharia de computação. A ideia do artigo é que não sejamos analfabetos digitais de aparelhos que não conseguimos mais viver sem os mesmo.
A tecnologia realmente foi a grande revolução dos últimos trinta anos, pelo menos aqui no Brasil. Para os 214 milhões de brasileiros, que é nossa população atual, possuímos aproximadamente 234 milhões de celulares. Isto significa dizer que praticamente todos os brasileiros possuem celular. Como sabemos muitas e muitas vezes, vemos crianças de 1,5 a 2 anos de idade utilizando celular e conseguindo acessar toda sorte de filminhos e joguinhos sem despregar os olhos da telinha.
O que isso tem a ver com MONOFOBIA. A definição de monofobia, possui o significado de medo de ficar sozinho. E o que isto tem a ver com crianças que usam o celular desde que “se entendem por gente”, como diz o ditado popular? A explicação é simples, embora as repercussões sobre a mente da criança possam ser bastante prejudiciais. Quando somos muito jovens e estamos de posse de algum objeto, como por exemplo a chupeta, a criança coloca a chupeta na boca e esta chupeta vira “parte dessa criança”. O que ocorre e é o que todo mundo vê, é que tão logo tiramos a chupeta da boca da criança um choro desesperado se inicia e ela deseja a chupeta de volta, pois tomaram dela um parte importante da vida dela.
O mesmo acontece com o celular que é entregue a criança e que ela passa a fazer uso como se fosse um pedaço do corpo dela. Ai, você amigo (a) leitor (a) já pode concluir que separar-se do celular passará em poucos dias a ser uma situação difícil para esta criança.
Monofobia é medo de ficar sozinho, de forma extrema. Muitas pessoas, sofrem de monofobia, e esta monofobia, não é um medo fácil de superar. A monofobia, caracteriza-se por extrema insegurança, ansiedade e depressão quando a pessoa tem que ficar sozinho, mesmo por pouco tempo, como por exemplo ir ao banheiro para tomar um banho. Como resultado, a pessoa se recusa a sair, a dormir, comer ou até mesmo ir ao banheiro sozinha, como citei acima. Pessoas que sofrem de monofobia são incapazes de fazer tarefas simples e isto torna para ela um grande problema de perda de autonomia, já que para sentirem-se seguras, necessitam sempre estarem acompanhadas de alguém conhecido. O medo de estar sozinho também leva a relacionamentos ruins, pois há casos em que o indivíduo prefere sofrer abuso e maltratos de outras pessoas, do que ser deixado sozinho.
Retornando a situação do uso de celulares por crianças de 2 a 6 anos que praticamente ficam grudados nas telinhas dos celulares todo o dia, ao permitir que isto ocorra, estamos fabricando uma geração de dependentes destes celulares e para informação de vocês, se as crianças pequenas viciadas em aparelhos celulares forem observadas enquanto dormem, os pais irão facilmente poder verificar que tais crianças ficam com um sono agitado e imitam com as mãos os movimentos como se estivessem usando os seus celulares.
O grande problema que as crianças pequenas enfrentam e que o desenvolvimento da nomofobia, vem junto com alguns transtornos tais como, ansiedade, angústia, depressão, ansiedade que são potencializados pelo medo de perder o celular.
Assim como acontece com outros tipos de fobias, o medo de estar sozinho, e no caso das crianças, elas desenvolvem o medo de ficar sem o celular, com tamanho apego ao aparelho, que não pode viver sem ele e com isso também desencadeia diversos sintomas físicos e emocionais. Desse modo os pais devem estarem atentos ao sinais da carência do telefone e que poderá levar as crianças a terem,
- Sensação de asfixia
- Aumento da frequência cardíaca, palpitações
- Suor excessivo
- Dor no peito e desconforto
- Sentir-se instável, ter tontura ou vertigem
- Náusea ou desconforto gastrointestinal
- Tremores ou estremecimento
- Dormência ou formigações.
Também deverão estar atentos a sintomas de crianças de mais idade (entre 5 e 10 anos), tais como:
- Incapacidade de distinguir entre realidade e irrealidade
- Medo de morrer
- O medo de perder o controle
- Medo de desmaiar
Sabemos que a maioria das ansiedades e fobias ocorrem em pessoas que não possuem estratégias bem desenvolvidas para lidar com situações difíceis na vida. Crianças criadas por pais ansiosos também são mais propensas a sofrer com as fobias. Elas aprendem com o comportamento descontrolado dos pais no dia a dia e desenvolvem a ansiedade que as faz reagir negativamente a situações e eventos estressantes.
Uma pessoa que sofre com o verdadeiro medo de ficar sozinho também provavelmente não têm confiança em si e nem de que as atividades possam ser realizadas isoladamente. Tais pessoas sentem que necessitam ter uma pessoa de confiança junto em todos os momentos. Quando isto não é tratado, geralmente evolui e surgem situações que causam pânico.
Muitos indivíduos que sofrem de monofobia desenvolvem estratégias de enfrentamento e técnicas de auto-ajuda para tentar resolver o problema. Como alternativa, pode-se também procurar tratamento de um psiquiatra, psicoterapeuta ou psicólogo, que pode recomendar terapias como a psicoterapia, através da Análise Transacional, técnica terapêutica elaborada pelo Dr. Eric Berne e já bem difundida no brasil e que é conhecida por curar quase 75% das pessoas que sofrem de diferentes fobias.
Medo de ficar sozinho não tem cura com remédios, geralmente; a terapia com a droga a curto prazo é conhecida por ser eficaz para tratar os sintomas. Beta-bloqueadores, ansiolíticos e anti-depressivos podem ser tomados sob a orientação de um médico para lidar com o stress e pânico causados pela monofobia. Observe seus filhos que fazem uso excessivo de celulares e a qualquer desconfiança de comportamentos semelhantes aos que acima descrevemos, procurem auxílio de terapeutas, psiquiatras, psicoterapeutas ou psicólogos para orientação adequada. Esta recomendação vale também para a atual juventude de adolescentes, que invariavelmente utilizam o celular como se fosse uma extensão de seu corpo.
*Jussimar Almeida e articulista do Jornal
foto: ilustrativa site: vecteezy