No júri, o assassino de Roseli, condenado a 26 anos de prisão, disse que a amava, e queria constituir família, pediu perdão e virou pastor
A sentença saiu na tarde desta terça, 27, após júri popular realizado no Fórum de Cachoeiro de Itapemirim.
O pecuarista Alexandre Nunes foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato, com um tiro na cabeça, da vendedora Roseli Valiati de Farias, crime ocorrido em 17 de outubro de 2021. A decisão foi proferida na tarde desta terça-feira (26), pelo juiz Bernardo Fajardo, que presidiu o júri popular realizado no fórum Desembargador Horta Araújo, em Cachoeiro de Itapemirim.
O julgamento durou seis horas. A sessão teve início às 9h, com o depoimento de uma policial civil que participou das investigações. Ela relembrou descobertas feitas ao longo do inquérito, que o réu só colaborou após ser preso e destacou a frieza do assassino ao mostrar onde estava o corpo. “Ele não demonstrou arrependimento ou nervosismo”, relatou.
A segunda testemunha a ser ouvida foi Gleydson Valiati Farias, irmão da vítima. Ele contou sua saga para achar Roseli e demonstrar que Alexandre estava envolvido com o desaparecimento. Destacou ainda, que fez buscas por câmeras que demonstrassem o deslocamento do assassino.
Gleciane Valiati de Farias, irmã de Roseli, foi a terceira a ser inquirida. Assim como Gleydson, relatou ao júri como soube do desaparecimento e, posteriormente, a descoberta da morte de Roseli.
Outro ponto de destaque do seu depoimento foi quando afirmou que era contra o relacionamento da vítima com Alexandre. “Ele mentiu para ela sobre o nome e sobre ter outro relacionamento. Terminaram. Alexandre foi na casa dela e voltaram, infelizmente”, lamenta com a voz embargada.
DEFESA
Após as três testemunhas da acusação, foi iniciada a oitiva das pessoas arroladas pela defesa. Falaram a ex-esposa e a enteada. Os depoimentos foram no sentido de mostrar que antes do crime, o assassino jamais se mostrara violento. Que fora bom padrasto e que teve por 20 anos um bom casamento, apesar de ter terminado por infidelidade conjugal por parte dele.
Por fim, foi a vez do testemunho de Alexandre Nunes. O réu confessou o assassinato, mas negou ter premeditado o crime. Afirmou que amava Roseli e queria constituir uma família com ela. Segundo Alexandre, o ato extremo foi motivado por uma discussão. “Perdi perdão a Deus, sou pastor na unidade. Estou arrependido, peço perdão a família”, testemunhou.
O réu fez uso parcial do direito ao silêncio e respondeu apenas as perguntas da defesa.
Após as oitivas foram feitas as sustentações orais da acusação e defesa. Em seguida o júri, composto por sete pessoas previamente sorteadas, se reuniu em sala se secreta onde se decidiram pela condenação do réu. Por fim, o juiz proferiu a sentença.
O crime de assassinato teve duas qualificadoras, foi enquadrado como feminicídio e por motivo torpe. Além disso, houve mais dois crimes, a ocultação de cadáver e porte ilegal de arma de fogo. A pena, de 26 anos e quatro meses, deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado. Alexandre está preso desde 2021.
ALÍVIO
Para Gleydson Valiati Farias, irmão de Roseli, a condenação foi satisfatória. “Queríamos 30 anos. Mas eu particularmente achei que seria menos. Estou satisfeito com 26 anos”, comenta.
Estavam presentes no plenário familiares e amigos da vítima. “Nada vai trazer minha irmã de volta mais esse julgamento fecha um ciclo”, conclui Gleydson quando perguntado sobre o sentimento da família.
O CRIME
Roseli foi assassinada com um tiro na cabeça enquanto dormia no sofá da casa de Alexandre Nunes no dia 17 de outubro de 2021. Seu corpo só foi encontrado três dias depois, enterrado em uma cova rasa na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo. Foi o próprio pecuarista que levou a Polícia até lá, depois que as investigações o apontaram como principal suspeito.
Ambos mantinham relacionamento, mas romperam após Roseli descobrir que ele a enganava com outra mulher. No dia do crime, a vítima foi até a casa dele conversar sobre uma possível reconciliação, mas acabou morta. À polícia, o réu disse que ela não aceitava o término.
Durante as investigações, a polícia descobriu, na casa dele um acervo com mais de 200 contatos de mulheres com quem ele conversava por meio de aplicativo instalado em seu celular. Roseli era uma delas, porém as mensagens trocadas entre os dois já haviam sido apagadas.
Fonte: Jornal Fato/ Cachoeiro de Itapemirim- Fotos/ divulgação