PCES desarticula rede de vídeos que ensinavam a fabricar armas caseiras no YouTube
Operação “ARMAS.COM” removeu mais de mil vídeos com 110 milhões de visualizações em canais com quase 1 milhão de inscritos, identificando possíveis fábricas clandestinas em mais de 10 estados brasileiros.
A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), concluiu com êxito a operação “ARMAS.COM”, que visava desmantelar uma rede de divulgação de vídeos de instrução para a fabricação de armas de fogo caseiras e o tráfico ilegal de armas através do YouTube. Mais de mil vídeos foram identificados e removidos, totalizando 110 milhões de visualizações em canais que agregavam cerca de 843 mil inscritos. Além disso, a investigação revelou a possível existência de fábricas clandestinas em mais de 10 estados da Federação.
A ação da PCES foi motivada por uma investigação anterior, denominada ‘Legado Armeria’, desencadeada em dezembro de 2023, na qual um suspeito confessou ter aprendido a fabricar armas por meio dos vídeos removidos, contribuindo para a produção de aproximadamente 200 armas clandestinas. Detalhes adicionais foram fornecidos em uma coletiva de imprensa realizada na Chefatura, com a presença do delegado-geral da Polícia Civil (PCES), José Darcy Arruda, o chefe da Divisão de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Diccor), delegado José Monteiro, e o titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), delegado Daniel Belchior.
Na coletiva, o delegado Belchior destacou a estratégia adotada pela polícia para combater tanto o tráfico quanto a fabricação ilegal de armas, revelando que a investigação identificou indivíduos aprendendo a produzir armas de fogo através de vídeos disponíveis em plataformas abertas como o YouTube. Esses vídeos não apenas ensinavam o processo de fabricação, mas também disponibilizavam materiais adicionais, como PDFs detalhados, ampliando a disseminação do conhecimento. Com apoio do Ministério Público, mais de mil vídeos foram removidos e diversos canais foram excluídos, resultando na interrupção de uma rede que comercializava e ensinava a produção de armas caseiras.
A investigação também revelou que a prática não se limitava ao Espírito Santo, mas se estendia por todo o país, envolvendo fabricantes em estados como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, e Santa Catarina. A presença desses conteúdos em plataformas abertas como o YouTube permitiu que até mesmo crianças e adolescentes tivessem acesso ao material, evidenciando a necessidade de ações enérgicas por parte das autoridades.
Diante do tamanho do problema, a operação despertou a atenção do Ministério da Justiça, que está cooperando com outras unidades federativas para lidar com a questão. Embora inicialmente tenha sido feita uma solicitação administrativa para a remoção dos vídeos com base nas diretrizes das plataformas, a falta de cumprimento levou à intervenção judicial, que só teve efeito após a imposição de multas significativas.