MAB vai ampliar estrutura de apoio aos atingidos do Rio Grande do Sul com 10 cozinhas solidárias e intensificar campanha de doações

A proposta é intensificar a rede de solidariedade na região, diante da crise que assola o povo gaúcho, após as recentes enchentes que devastam o estado há mais de duas semanas.

Desde o dia 30 de abril, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) tem estruturado ações de solidariedade para os atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, como distribuição de cestas de alimentos, água potável e marmitas a partir das Cozinhas Solidárias montadas em diferentes municípios. Nos próximos dias, voluntários, organizados no Movimento em estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais devem se somar às ações na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e em municípios do Vale do Taquari, na região mais impactada do Rio Grande do Sul.

A situação local ainda é muito grave. Mesmo com a redução do Rio Guaíba (de 5 para 4,98 metros), na manhã desta quinta-feira (16), especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) preveem que o rio ainda se manterá acima de 4 metros até 21 de maio.

Em virtude desse cenário, o MAB está ampliando sua atuação no estado. Já são mais de 20 militantes (de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e agora Minas Gerais e Santa Catarina) atuando, diariamente, de maneira voluntária, nas cozinhas solidárias.

A decisão de reforçar essa equipe se dá em razão do aumento do número de desalojados e desabrigados a cada dia. Em muitos locais, por conta das condições de devastação, é através dessa iniciativa que tem chegado o único alimento do dia. Ao todo, o Movimento vai passar a produzir 5 mil refeições diárias. Segundo Alexania Rossato, integrante da coordenação do Movimento no Rio Grande do Sul, o maior desafio é o deslocamento até os territórios mais severamente afetados pelas fortes chuvas que caem no estado desde o dia 26 de abril.

Onde estão montadas as cozinhas solidárias

As cozinhas foram montadas em diversas localidades, incluindo Porto Alegre, Arroio do Meio e Lajeado. No Vale do Taquari, os trabalhos foram iniciados, em 6 de maio, com a produção de 200 marmitas/dia no município de Arroio do Meio. Em Lajeado, a ação terá início no próximo 18 e a produção será de 500 marmitas/dia, que são distribuídas também em Cruzeiro do Sul. Em Estrela, o início será amanhã, (16), com 200 marmitas/dia. A Cozinha da Azenha, em Porto Alegre, teve início no dia 3. Lá, são produzidas 3.500 marmitas todos os dias, através de uma organização que reúne militantes do MAB, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Marcha Mundial das Mulheres (MMM). A Cozinha de Canoas foi inicia no dia 18 e produzirá 300 refeições/dia a partir da parceria com o  MPA, com apoio das organizações como Cáritas e o Sindicato dos Petroleiros RS.

Impactos das enchentes

As recentes chuvas, que já acumulam, em poucos dias, quase 300 mm em determinadas regiões do estado, resultaram em repiques de cheias, agravando ainda mais a situação das áreas já inundadas. O Rio Taquari, por exemplo, atingiu seu terceiro maior nível na história, deixando um rastro de destruição e desespero entre os moradores. Dados divulgados pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, há 5 dias, indicam 445 municípios afetados, mais de 71 mil pessoas em abrigos, quase 340 mil desalojados, 74 mil ações de salvamento de pessoas, 136 óbitos, 736 feridos, 125 desaparecidos e mais de 2 milhões de pessoas atingidas.

Em seus registros, o MAB tem identificado que a falta de infraestrutura e de apoio, às vezes, inadequada tem agravado o sofrimento das vítimas, que enfrentam dificuldades para acesso à água potável, alimentos e abrigo, ou seja, o básico para sobrevivência.

“O rio ainda está muito alto, mas já estamos atuando no Vale do Taquari, onde os próprios atingidos se organizaram e estão montando as marmitas. Nosso foco principal agora é salvar vidas, levar água e comida também para as populações de Canoas e da região do Baixo Jacuí, que estão muito necessitadas. Tem gente espalhada por todos os lados aguardando ajuda. É absurdo o que estamos vivendo”, desabafa Alexania Rossato. O risco de rompimentos de barragens também é um agravante em diversas regiões do estado.

Maria Aparecida Luge, uma das integrantes do MAB que está à frente da Cozinha Solidária de Porto Alegre, conta que tem muita gente disposta a ajudar, mas a situação em algumas regiões do estado segue desesperadora. “A logística está muito difícil. Tem bairros da capital que não têm luz, não tem energia elétrica, não tem água, não tem ponte de acesso. No interior, tem cidades em que não sobrou uma casa.”

Ajude o MAB a ajudar o povo gaúcho, que sofre com as enchentes

Campanhas de doação têm sido fundamentais para garantir recursos e suprimentos necessários para manter o funcionamento das cozinhas solidárias e oferecer suporte às comunidades atingidas. Para contribuir com as ações do MAB e oferecer auxílio às vítimas das enchentes, as doações podem ser realizadas por meio do PIX ou diretamente para a conta bancária da Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), pelo PIX: 73316457/0001-83, outras formas em: mab.org.br/apoieosatingidos/ .Toda ajuda é bem-vinda e fundamental. 🤝

Fotos: Arquivo MAB

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