Polícia Federal descobre esquema de propina no Hospital Infantil de Vitória; Servidora afastada é farmacêutica
A Operação Manuscrito, conduzida pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema de desvio de recursos públicos na área da saúde, envolvendo uma funcionária do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória. A farmacêutica responsável pelas contratações de empresas prestadoras de serviço é suspeita de cobrar propinas de 5% dos contratos celebrados com uma empresa específica.
A investigação, que analisa contratos firmados entre 2019 e 2023, descobriu o esquema através de bilhetes apreendidos em 2023. Os contratos com a empresa investigada aumentaram significativamente ao longo dos anos, começando com R$ 200 mil em 2019 e chegando a valores entre R$ 700 mil e R$ 800 mil por ano em 2023. No período de 2020 a 2022, a empresa venceu licitações que somam, pelo menos, R$ 6,2 milhões, dos quais R$ 3,4 milhões eram destinados ao custeio de ações e serviços públicos de saúde do SUS.
“Essa empresa, em 2019, contratava algo em torno de R$ 200 mil. E, ano a ano, ela foi ganhando mais contratos, ao ponto de chegar em 2023, fornecer um quantitativo de R$ 700 mil a R$ 800 mil por ano em materiais”, informou o delegado da Polícia Federal, Marcelino Vieira Damasceno.
A servidora, que também trabalhou no Hospital São Lucas, onde iniciou as contratações com a mesma empresa, foi afastada de seu cargo pela Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (Sesa). “A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) informa que, diante da Operação Manuscrito, realizada no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), localizado em Vitória, afastou o servidor envolvido na investigação que tem como alvo a Central de Compras e estoque da Farmácia (CAF) da unidade”, informou a Sesa por nota.
Durante esta quinta-feira (23), a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão no Hospital Infantil, na casa da servidora e nas residências de três empresários, localizadas em Vitória, Vila Velha e na Serra. Segundo o delegado Damasceno, as investigações continuam para identificar possíveis outras empresas envolvidas no esquema de corrupção.
“Durante as investigações vão aparecendo outras pessoas, outros nomes. A gente observou que a servidora também tinha contatos com outras empresas e a investigação vai continuar para ver se essa outra empresa também fazia o pagamento de propina”, afirmou.
O valor total movimentado durante as contratações ainda está sendo calculado, mas a extensão e a complexidade do esquema já preocupam as autoridades, que intensificaram as investigações para garantir que todos os envolvidos sejam identificados e responsabilizados.