Pesadelos e o juiz

O texto a seguir é uma crônica da jornalista Luciana Maximo que perdeu o sono depois de três pesadelos. Dois de Agatha e um com Vianei e o juiz.

Excelência, são 2h29 e mais uma vez um pesadelo me acordou. Este é o terceiro esta noite. Os primeiros foram com minha doce e atrevida Ágatha. Os de Ágatha me levaram a levantar para acalmá-la e deitá-la novamente. No segundo, ela falava coisas estranhas enquanto esticava a mão na parede e parecia segurar algo com força. Travamos uma luta enquanto eu tentava acordá-la, ela rangia os dentes. Consegui despertá-la e conversar com ela ainda sonâmbula sobre um jogo que parecia inofensivo, mas nada na internet é inocente, tudo corroe nossas mentes e satura-nos tantas fakes news e debates superficiais onde um estuprador é visto como menos criminoso que uma criança já mentalmente assassinada por abusos frequentes de pais, padrastos, avôs e tios doentios.

Agora, o pesadelo é comigo, acredita? Vianei está morto, coberto por um lençol branco em uma maca de hospital de campanha. Vianei Viana entrou no meu pesadelo e me acordou. “Disgrama”. Ele tinha caído e batido a cabeça na rua, perto da castanheira, na Mathilde Rorh Pedroza, em frente à minha casa em Niterói, onde as pessoas mal-educadas acumulam entulho e lixo diariamente.

Calma, dr. Juiz, vou voltar neste raciocínio, agora que minhas memórias trazem a tona o pesadelo com Vianei. Lembro-me de ter socorrido a ele, eu estava com uma amiga, talvez Nizia, uma antiga companheira carioca que morava comigo em Cachoeiro. Não sei se ela ainda fuma maconha, mas com ela a prosa era sempre boa. Nunca namoramos…

No mesmo pesadelo, tomei coragem para avisar ao irmão de Vianei, no meu sonho era Rafael Scherrer. Mas eles não são da mesma cidade, não têm o mesmo sobrenome, e nunca foram irmãos nesta vida. O que Vianei tem a ver com meu pesadelo?

Acordei com o título na cabeça: “Kennedy, quem viver verá”. Será Dorlei ou Reginaldo? E Aluízio, desistiu, Fábio Jordão? Vianei, Rubens Moreira – ninguém mais fala dele. Amanda parece ter deixado a política e se dedicado à culinária, está casada e com um bebê, são as últimas informações.

Se há alguma relação entre Rafael e Vianei, eu não sei. Mas sei que sua tia Rafael, dona Martha, está andando com Kauê. Ah, é verdade! Mas afinal, ela está no partido dominado por Marcelo Santos? Marcelo não vai deixar barato, vai deixar o filho bater em Paulo para se vingar dos processos que a mãe deve ter: do leilão do ônibus, do mercado de peixe tão pequeno que mal cabe um peixeiro e um freezer no box, ou do cemitério onde as covas são apertadas demais para um caixão com um morto mais gordo, quem sabe o motor da máquina volte a funcionar com água do mar?

A política me devora, meritíssimo, até em meus sonhos. Minha agenda não é cumprida, não sobra espaço nem tempo para qualquer outro compromisso. Acabo perdendo dinheiro e audiência, como ontem, excelência. Vi o requerente desaparecer na rua depois de sair pelas escadas do fórum. 23 minutos me torturaram a tarde inteira.

No meio de tantas pré-candidaturas e uma edição impressa especial, ainda faltam 12 páginas para escrever, incluindo a matéria sobre a situação política na “Batalha”, onde um personagem parece estar morto, coberto por um lençol branco na maca.

Vianei, este ‘disgramado’ que me acordou em um maldito pesadelo. Como meu ex-amigo Peixoto dizia, “de bife em bife é que se come um boi”. Uma hora o filho é secretário de cultura, em outra presidente da Casa de Leis, e assim sobrevive diante da praça, o lugar mais querido no coração da cidade. Um imóvel para alugar por lá só se for uma agência da Caixa Econômica Federal, ou um irmão de Kakai para possuir um duplex.

Kennedy, tantos personagens de olho no ouro negro. O galo já está cantando, meritíssimo. São exatamente 3H25.

Dr. juiz, vamos voltar à amendoeira da Mathilde Rorh Pedroza, bem em frente à minha modesta casa de janelas de pau e trincos. O pé de amendoeira é exatamente onde pessoas mal-educadas acumulam entulho e lixo. Como sonho com uma lei, excelência, que puna esses imundos.

Na madrugada de ontem, enquanto levava o lixo, conversei com o gari antes de o caminhão passar, dizendo o quão difícil é lidar com humanos. Tirei fotos e vídeos, enviei para o secretário Celinho pedindo um coletor maior para lidar melhor com a montanha de lixo que vem de todos os lugares.

Na mesma manhã, dividi uma mesa com um jovem casal de Baixo Pongal na Padaria da Família, tomando café e organizando minha agenda no celular. A conversa, claro, foi sobre política; que jogar lixo na rua deveria ser considerado infração e o infrator multado, mas a rua precisa ser vigiada. Discutimos também sobre as enchentes e o lixo nos bueiros “do outro lado” após a chuva.

Agora uma matilha de cães late, rosna e uiva juntos! Que madrugada longa! Estou muito cansada.

Voltando ao café na padaria com o casal de Baixo Pongal, falamos sobre a educação para a vida, formando uma nova geração, e meu sonho de transformar os muros de Niterói em exposições permanentes com pinturas de todas as personagens e belezas de Piúma. Ted Lovi, Daridi, Dona Carmem, Zé da Palma, Dona Neide, o Homem Grande… Que pena, o café acabou.

Fui ao Sacolão, gravei um vídeo e garanti algumas frutas para minha próxima refeição.

Resumindo, acordei às 2h00 com a mente a mil e o barulho da descarga da moto de um engraçadinho. Só sei, meritíssimo, que preciso tomar um comprimido de cloridrato de Bupropiona e voltar ao psiquiatra urgente, ou sonhar com o próximo dia 12, quando eu, minha pequena e linda Ágatha, e mamãe Ana voaremos para Natal para curtir 8 dias de férias após 13 anos. Ufa! Vamos tentar dormir para adiantar as pautas que ainda faltam no mesmo especial. Galo, pato e cahorros, uma algazarra matinal. Bom dia excelentíssimo juiz!

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