Poeira nas canelas e maçã do amor
O texto a seguir é uma crônica de Luciana Maximo, que traz a memória a Festa de Presidente Kennedy nos tempos em que era adolescente.
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais”!
A gente ia de carroça pra festa, ou a pé, cortando a estrada na poeira, ora com calça boca de sino e conga nos pés, ora com vestidos balonê que Zete, minha costureira predileta, fazia. O cheiro vem à memória: da chuva molhando a poeira, da carne frita na gordura da frigideira. Rememoro as pernas russas de poeira. Era tanta alegria que me contagia ao relembrar cada detalhe.
Morávamos no Grupo, onde tinha a escola e a cadeia. Que alegria, que alegria! O parque chegou na Praça e o circo já está com a lona colorida esticada, os elefantes, o leão, o palhaço… Era festa na cidade. A festa de Kennedy era para todos, não tinha desfile de botas e chapéus, nem casacos e coletes de marca. O palco era a carroceria do caminhão, onde tinham os comícios. Os bois ficavam expostos na várzea, hoje aterrada, nas terras de Orestes Bahiense.
O desfile escolar, todas de saias pregueadas azuis marinho e kichute. Que festa que Kennedy fazia! Ah, a maçã do amor! A gente tinha todos os dentes, Lia ainda não tinha arrancado no maldito boticão. Que ódio. Eu gostava mesmo era lá no posto de tia Ruth e Genilda, elas eram boas.
Os shows pobrezinhos, as barracas de bambu e pau, todo mundo se divertia. Tinha rico e pobre, mas não tinha camarote. E por falar em festa, Kennedy já anunciou: nos dias 04 a 07 de julho no Parque de Exposições Afonso Costalonga. Marque o salão e não vale repetir roupa, só a jornalista que vai usar a mesma bota da Festa de Jaqueira. Bora que o prefeito vai botar quente!