A bateria perdeu um pedaço
Uma breve homenagem do Jornal Espírito Santo Notícias a Antônio Carlos dos Santos Rodrigues.
A bicicleta, o caiaque, o Bloco do Mé, o Bar do Cacade, o Bagre. A Ilha, o carnaval, a família, os amigos, cadê?
Quanta alegria você nos deu naquela bateria. Quanto suor descia do seu rosto a cada apoteótica passagem do Bloco do Mé rasgando as ruas da Cidade de Piúma nos dias do carnaval.
Se fosse para virar porco, “seu safado” tinha virado há muito tempo, porque todo ano era a mesma coisa, a mesma ladainha. Tinha de conferir se estava tudo certinho, era dedicação por mais de 50 anos aquela bateria.
Ontem você se foi, anteontem pra ser mais precisa. Parece mentira “Ignorante”. Agora a prosa do Cacade terá de ser sem você, e o Bar do Pedrinho, e o Bagre, melhor endereço em Piúma do que esse, só se for aí em cima.
Hoje choram todos, todos da família e certamente, o melhor amigo, Maurinho. Hebinho, Marciano, Léo, Luiz, tantos bons amigos. Que saudade danada, bem que podia ser mentira.
Ano que vem, o carnaval não será o mesmo, perdeu uma peça, a graça, um pedaço da bateria.
E agora, somente um vazio gigante toma conta do coração de quem ficou, da casa, com suas peças, com seus costumes, com o seu cheiro e com o barulho ensurdecedor daquela bateria e aquela imagem tomando conta da Elizeu Nunes Xavier inteira.
O Limão perdeu um cara incrível, Piúma, um ícone do carnaval, a bateria agora falta um pedaço. “Não adianta pedir o helicóptero para ir te pegar vô, você se foi mesmo, e aqui fica uma sensação de que tudo não passa de um pesadelo sem fim, e parece mesmo mentira, você vai chegar a qualquer momento”.
Ah como seria incrível se você tivesse por aí, podia até ter ido dá um rolê na Ilha do Gambá, mesmo depois de ter arrancado o dente e com orientações para não andar de bicicleta. Ninguém ia falar nada.
Ah, e se fosse ignorante com qualquer coisa, ‘tava’ tudo bem também. Teimoso. E se alguém varresse a calçada e jogasse o lixo na rua, ia lá e varria a rua toda, que que tem, também, mania de fazer do jeito dele. Como se só ele soubesse.
Coisas de um avô que até chamou de Candinha uma varinha que pegou na Ilha para dar uma coça em Lívia que saiu de casa escondido. “Olha Lívia, Candinha Candinha”… Não tem como. A casa está triste, a casa está vazia. Não tem barulho de moto chegando. O cachorro Zeus sente sua falta, está amuado, não sabe falar, olha sem direção, cabisbaixo e não adianta mais posar de dono de nada, porque quem manda são os netos., lembra disso? Ah, por um instante quer ser Deus, né, pra quebrar o celular??? Eta saudade!!!
São muitas memórias, muitas;
Até qualquer hora Antônio Carlos dos Santos Rodrigues, “Ignorante”, ficamos por aqui sem esquecer nenhum detalhe e gratos por ter tido você entre nós, para sempre será amado, lembrado e reverenciado.
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A Sandra vossa senhoria, Jacqueline e Rodrigo, recebam nosso fraterno abraço, Lívia, Laís, Kaylane e Miguel aos netos, um carinho.
Ana Carolina, gratidão. A todos os seus amigos, um brinde pra um cara que é nota 10!