Abolição da escravatura: A abolição não libertou, apenas assinou papéis

Pastoral Afro-brasileira da Diocese de Cachoeiro reafirma necessidade de reflexão e políticas afirmativas sobre o tema

O assessor da Pastoral Afro-brasileira na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, padre Roberto Luis Ferreira, CP (Padre Beto) falou sobre os 136 anos de assinatura da Lei Áurea, lembrado nesta segunda-feira, 13 de maio, uma das datas que marcam a memória de lutas da população afro-brasileira.

Padre Beto considera 13 de maio uma data marcante para o Brasil, mas ressalta que a abolição da escravatura é uma obra inconclusa, devido às precárias condições de vida da população negra.

“Hoje não é um dia de celebração, mas de reflexão e de revisão da história. A abolição foi desastrosa, não deu possibilidade de estudos, trabalho ou moradia aos negros. Por isso, a Pastoral Afro propõem um dia de oração e reflexão”, afirmou o religioso.

Padre Beto reforçou, a “lembrança desta data traz para a nação brasileira a oportunidade de renovar o compromisso de solidariedade para com a população afro-brasileira, majoritariamente vivendo em condições de pobreza e miséria. A abolição não libertou, apenas assinou papéis”.

• Papel da Igreja

A Igreja coloca-se, acentua padre Beto, em uma posição de solidariedade e de defesa da população afro. “A Igreja Católica no Brasil, consciente da sua missão de “ser a advogada da justiça de defensora dos pobres” (DAp 395), coloca-se ao lado destes irmãos ainda marginalizados”.

O passionista lembra especialmente dos povos quilombolas, muitas vezes perseguidos em sua luta pela recuperação dos seus territórios. “Garantir a esta população a posse legalizada do seu território significa muito mais do que garantir um pedaço de chão. É a garantia da preservação da herança das culturas e das tradições afro-brasileiras presentes nestas populações”.

• Políticas públicas

Na opinião da Pastoral Afro-brasileira, uma educação básica de qualidade é um dos caminhos para aprofundar as políticas e ações afirmativas de inclusão cidadã do restante da população afro-brasileira, especialmente as crianças e jovens.

Além disso, se faz necessário, o acesso ao ensino superior público e o atendimento qualificado nas questões de saúde.

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