Artigo – Por que não entregou o cordão?
Por que não entregou o cordão? Interrogava e lamentava a sogra de Alto Falante, no Departamento Médico Legal – DML. Alto Falante, o bandido morto, envolvido na tentativa frustrada de assalto em Itaipava, Itapemirim, nesta sexta-feira, 26, que culminou com a morte de Boanerges do Bem Brandão, PM que passava férias com a família no balneário.
Por que não entregou o cordão? Essa pergunta abre um leque de reflexão. Os bandidos, que escolhem essa profissão a levam a sério pelo que se observa. Os cidadãos de bem, vítimas deles, devem obedecer a ordem e jamais reagir. Mas eles não obedecem a ordem de se entregar na hora que são surpreendidos com um policial na cena do crime. Apertam o gatilho sem se importar que a vítima tem suas famílias. A família dele, do bandido morto ainda tenta justificar o ato.
Ora ora, a mesma sogra que permite a filha viver com um homem desse, o mesmo que foi capaz de colocá-la na prostituição, o mesmo que a fez vender drogas para ele. O mesmo que tem um irmão foragido da justiça. O mesmo ainda tem um sepultamento digno em um cemitério pago.
É isso, o bandido também mãe, tem esposa, tem filhos, tias, tios, avós, tem raízes. Ele só ignorou, na hora de apertar o gatilho sem piedade que sua vítima também tem suas raízes.
Lamentavelmente os que trilham pelos tortos caminhos da criminalidade esquecem na hora de arrancar um cordão de ouro de suas vítimas, que aquele bem foi conquistado graças ao árduo trabalho que exerce. E se a vítima for um turista, quanto ele poupou para trazer sua família para descansar e poder curtir a alta temporada?
Perguntaram-me no dia do crime, em Itaipava: E os direitos Humanos do bandido morto? Eu fique sem palavras na hora, não quis parecer fria e retruquei, os mesmos direitos humanos vão proteger a família do valente policial morto com um tiro no pescoço?
Ironicamente, no Departamento Médico Legal – DML, duas famílias aguardavam a necropsia dos corpos de seus entes queridos para serem sepultados dignamente.
De um lado, a mãe do policial militar chorava, estaria voltando de férias com o filho no caixão. O herói que economizou e trabalhou tanto colocando sua vida em risco para proteger a sociedade de seres como o seu algoz.
Do outro lado, a família do bandido morto também chorava, afinal de contas era só ter entregue o cordão e nada disso tinha acontecido. Talvez sua sogra quisesse ter razão ao dizer que o PM morto, estaria vivo se aceitasse entregar o cordão. Faltou pouco dizer que o genro estava no exercício de sua nobre profissão, só queria o cordão. Deu mole o policial ao tentar reagir, teria sido melhor a escolha se render ao trabalhador da criminalidade, é isso mesmo?
Agora, o policial morto, sua noiva em prantos, sua mãe despedaçada, seu irmão picado como coentro para moqueca, cortado de dor, que deve está lhe roubando o inconsciente a cada segundo estão de luto. E aí?
Profissão bandido, que profissão! E a sociedade nas mãos desses homens e mulheres que, ainda tem os seus defensores, os que os protegem e ainda defendem esses profissionais da bandidagem. Meu Deus, que mundo cão! Na correria da busca pela informação, o jornalista não consegue saber detalhar os fatos que estão na cena do crime. O perito deve ser frio, ouvir de ambos os lados que sentem muita dor.
A família do PM, nossos sinceros sentimentos, a família do bandido, que Deus ilumine-a para que consigam sair dessa macabra profissão que se deleita no caviar do outro, que arranca o cordão e que mata friamente um inocente cidadão.