Associação dos Artesãos de Mãe-Bá realiza 1ª Expedição Ecológica na Lagoa e mostra como se faz a coleta da taboa

Um grupo de artesãos da Comunidade de Mãe-Bá fez a coleta da taboa para exemplificar a riqueza do artesanato que produz, durante a 1ª Expedição Ecológica na Lagoa.

A Associação dos Artesãos recebeu os visitantes para a Exepedição na Praia das Falésias -Foto/ Luciana Maximo

Ver as peças prontas com a fibra da taboa não dá para imaginar o trabalho feito pelos artesãos, até que o produto final fique pronto. E, talvez, quem se encante com as peças, até peça desconto, porque não sabe o valor agregado de cada produto.

Fotos: Divulgação


Abrindo a semana do Meio Ambiente, a manhã deste sábado, 03, foi uma aula para os visitantes que participaram da 1ª Expedição Ecológica Turística, com a coleta da taboa, na segunda maior lagoa do Espírito Santo, a Lagoa de Mãe-Bá, em Anchieta. A Associação dos Artesãos da comunidade mostrou como é belíssimo o trabalho dela e complexo, para não dizer ‘duro’. Primeiro elas entram nos caiaques e pequenos botes, na lagoa, e depois se embrenham no meio das taboas, para cortar uma a uma. O processo pode durar horas.
Antes da saída para a coleta da taboa, logo cedo, na Praia das Falésias, em Mãe-Bá, foi servido um delicioso café da manhã, compartilhado com a acolhida dos visitantes que puderam contemplar a coleta da taboa, utilizada no artesanato produzido na comunidade.


O objetivo da Expedição Ecológica é conscientizar as pessoas sobre o valor de cada peça produzida depois de um trabalho intenso, de coleta e tratamento da fibra, que demora não menos que 50 dias para iniciarem o trabalho de produção de cada peça.


O Consultor de Empreendedorismo, Rafael Salvarez, coordenador da Expedição Ecológica e professor, frisou que há muito valor agregado ao produto final, e a maioria das pessoas que adquirem as peças com a produção dos artesãos não conhecem a realidade no entorno. Uma bolsa, para ficar pronta, passa por vários processos, desde a coleta da taboa na lagoa, ao processo de secagem e produção. Cada peça é uma peça.
“As pessoas compram as peças e não sabem o valor agregado. Aqui tem história, tem trabalho, tem memória e, principalmente, tem determinação para que se chegue no final, chegando no produto final, ninguém conhece a história que estas pessoas tiveram para fazer a bolsa chegar no produto final. Nós trouxemos a ideia deste conhecimento para que as pessoas valorizem os produtos ofertados”.

A presidente da Associação Carmelita Furlan na coleta da taboa


Rafael ressaltou que, durante o curso, muitos momentos o comoveu, um deles ver o quanto o trabalho do artesão pode mudar a vida dele, principalmente no quesito receita. “O que me comoveu muito foi pegar uma turma para dar o curso e, dentro desta turma, ver que muitas pessoas tinham diversas dificuldades, sendo elas de saúde, problemas familiares e, com o curso, despertar, criar novas oportunidades. Elas viram na fibra de taboa, na fibra de bananeira e na fibra do junco, outras oportunidades que, com o curso, pudemos despertar para a criação e inovação de novos produtos. O mercado hoje não se sustenta com práticas antigas, o mercado se sustenta técnicas inovadoras, quem mais se inova, mais se mantem no mercado, então, justamente, a minha função aqui é este despertar para que elas criem produtos e tragam a necessidade que o mercado precisa”, salientou.


De acordo com a presidente da Associação dos Artesãos de Mãe-Bá, Carmelita Nascimento Furlan, o trabalho dos artesãos com fibra da taboa já existe há décadas. “Essa Associação antiga. Há 28 anos nós trabalhamos com a fibra da taboa. Os nossos avós que faziam as esteiras, os balaios para pegar os peixes da Lagoa. Não é um artesanato novo, é um artesanato de tradição. As meninas, todos os dias, vem com novidades. Nós desenvolvemos também a bio joias, feitas com a matéria da lagoa, com o cipó, envolvemos o minério de ferro, envolvemos a semente do pau brasil, as conchas do mar, e a gente vai criando. A gente reutiliza tudo. A Associação não só faz o trabalha com a fibra da taboa, mas também desenvolve a sustentabilidade com os sacos de ração e como se pode ver, desenvolvemos bolsas e belíssimos aventais, tirando estes sacos da natureza, onde demoraria 400 anos para se decompor. Hoje, nós transformamos eles em bolsas e aventais”.

Rafael e Pedro comandando a Expedição pela Lagoa de Mãe-bá


A mestranda, Graziele Malta, participou da Expedição e não só adquiriu colares produzidos pelos artesãos, ela considerou o momento uma oportunidade para conhecer de perto um pouco mais do trabalho da Associação e também contemplar toda beleza da Lagoa de Mãe-Bá.

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