Café de qualidade: a rotina de quem produz e o segredo para seguir na lida

O café está presente na vida de muitos capixabas, mas para chegar às xícaras o caminho é longo. José Alexandre Abreu de Lacerda é produtor de café especial, e acorda todos os dias às 06h da manhã. Ele e a família cuidam da produção, desde o plantio até a colheita e o beneficiamento do grão. “A rotina de um produtor de café especial é de trabalho o ano todo, seja no período da colheita, da pós-colheita e também na manutenção da lavoura. E assim eu e a minha família cuidamos das plantações. A gente tem o maior cuidado com as plantas para ter bons frutos e resultado de qualidade”.

O sítio da família está localizado na região abrangida pela Indicação Geográfica (IG) Café do Caparaó, cedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma conquista para os produtores de café da região, que passam a ter um certificado de origem, valorizando ainda mais o produto. Segundo José Alexandre, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) sempre foi um parceiro tanto da família como dos demais produtores da região. “O Sebrae é indispensável para os produtores da região do Caparaó, sempre atuando e levando nossos produtores e produtos para participar de feiras”, conta.

“Todo mundo sai ganhando quando um produto recebe o reconhecimento da IG, e aqui no Caparaó não é diferente. Há valor agregado ao produto, que se torna distinto, com mais notoriedade em relação aos demais, e, consequentemente, gera renda para o produtor, além de valorizar o território em que os produtos estão inseridos. O consumidor também recebe a garantia de consumir um produto de maior qualidade e de origem garantida”, ressalta Anderson Baptista, gerente regional do Sebrae/ES, no Caparaó.

Premiações

Todo esse zelo já rendeu à família Abreu de Lacerda diversos prêmios pela qualidade do café. O trabalho com o café especial começou em 2010, com o patriarca da família, e, em dois anos, eles conquistaram o primeiro título nacional de café especial para o Caparaó, região em que o Sítio Forquilha do Rio se encontra.

“De lá para cá começaram os trabalhos para a questão do reconhecimento da região como produtora de cafés especiais. E nós, da família Abreu de Lacerda, aqui no sítio Forquilha do Rio, com constância, trabalho e dedicação, estamos até hoje trabalhando e conquistando diversos títulos”, relembra José Alexandre.

São, ao todo, seis títulos nacionais, sendo dois do Coffee Of The Year em 1º lugar, e quatro da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Isso sem contar os títulos estaduais e o último resultado do Cooffe Of The Year, em que a família colocou três cafés entre os dez melhores do Brasil, ocupando o 7º, 5º e 2º lugar da competição.

Pelo histórico de dedicação e premiações, não é difícil perceber a importância do café para a família Abreu de Lacerda: é a manutenção da família no campo. “A gente mora onde gosta, faz o que gosta e hoje nós somos remunerados para fazer isso. Então o café para minha família é o sustento, e a tranquilidade que a gente quer ter. Enfim, o café para a gente é tudo. Café é o nosso dia a dia, a nossa alegria e o nosso prazer de trabalhar com qualidade”, comemora o produtor.

E o segredo para continuar na lida, é ter sempre o bom e velho cafezinho para dar disposição. “Com certeza o café especial não pode faltar, né? A primeira ação do dia para a gente trabalhar é tomar um bom café”, confessa.

Café no Espírito Santo

O café capixaba é um destaque para o Brasil, não só por ocupar posições importantes na economia brasileira, colocando o Espírito Santo como o 2º maior produtor deste tipo de grão no país, com expressiva produção de arábica e conilon, mas também pelas inúmeras conquistas em premiações e certificações, como é o caso das Indicações Geográficas.


Das nove IGs registradas no Espírito Santo, três são para o café: IG Café do Caparaó, IG Café das Montanhas, e a mais recente, IG Café Conilon do Espírito Santo. As três certificações foram conquistadas em 2021, todas com suporte do Sebrae/ES.

Atualmente, cerca de 75 mil famílias vivem da cafeicultura no estado.

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