Celebrando 25 anos de carreira, Ivny Matos estreia “Não há palco que dure”, um tributo a poesia

IMPREDÍVEL: Espetáculo “Não há palco que dure” celebra 25 anos de carreira da atriz e poetisa Ivny Matos e mobiliza várias linguagens artísticas para exaltar os poemas falados

“(…) preciso inventar / arte outra que de vez me encarete ou me desconfigure e refaça / e que eu renasça / flor / pedra / pão”. De forma intimista e ao mesmo tempo intensa, o espetáculo teatral inédito “Não há palco que dure!” traz à tona o desejo e a necessidade de reinventar a vida e construir novos sentidos para a existência humana, a partir da arte e, particularmente, da poesia.

É baseado no livro de poemas de mesmo título, lançado em 2022 (editora Pedregulho) pela atriz e poetisa Ivny Matos e celebra os 25 anos de carreira da artista. A peça lança uma ótica particular para o fazer poético e sua relação direta com o cotidiano (“Desconheço a métrica / perco a rima e as rédeas / e enlouqueço em plena tarde de segunda-feira (…)”).

Canções frutos de parcerias entre a artista e os compositores Douglas Tubarão e Mário Travassos (em memória) fazem parte do espetáculo, que conta também com o arranjo para piano de Affonso Talyuli, talentoso jovem músico de Mimoso do Sul- ES.

Estreia

Estará em cartaz no Teatro Sônia Cabral, centro de Vitória, próximos dias 14 e 15 de junho (sexta e sábado), às 20h, entrada franca. O espetáculo será apresentado, ainda, na EEEFM Leopoldino Rocha, em Itaipava, Itapemirim, onde Ivny reside atualmente, no dia 08 de junho (sexta e sábado), às 20h, também com entrada franca.

No dia 07 de junho (sexta-feira) será realizada uma atividade especial somente para as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com ensaio aberto e bate papo com os estudantes sobre produção cultural e todo o processo criativo desde a escrita dos poemas até a montagem do espetáculo.

Fazer da vida uma poesia parece ser a inspiração maior deste espetáculo, que revisita a trajetória pessoal de Ivny, desde os tempos da infância, em São José do Calçado, passando por sua temporada no Rio de Janeiro, onde se reencontrou com a poesia falada, nos diversos saraus da cidade, até o retorno ao Espírito Santo, em Itaipava, balneário do município de Itapemirim.

O mar

A relação com o mar é um dos destaques do texto. Os versos anseiam por renovação, como podemos ouvir em: “Não é sempre que a água do mar está azul / Aliás, ela se turva quando chove e os rios transbordam / E nas curvas por onde passam, as águas levam os restos / Abordam gravetos, carregam pudores, regam amores. / É por isso que o mar existe, pois é refeito, reposto.”

O simbolismo das águas também evoca o lado romântico da artista: “Meu coração é um mar de saudades / Mas, munida de medo e coragem / Me lanço no imenso azul, por hora, / Pois, meu desejo é te amar de verdade. / Quem poderia prever a tempestade, / Esse mar e o mau tempo?”.

Maternidade

Um dos pontos culminantes está no enfoque à gravidez e à maternidade, experiência vivida por Ivny há treze anos. “Sou mãe! / Apesar dos dois pontos, / com nós segurando as pontas / apesar do corte, / do golpe baixo, / da pressão. / Pelo sim e pelo não, / com toda a resistência e por toda persistência, / Parimos!”. Aliás, o filho da artista, Davi Gonçalves, faz uma participação especial, como percussionista, no que promete ser um dos momentos mais emocionantes da peça.

“Não há palco que dure” mobiliza vários recursos cênicos e artísticos para expansão da poesia, como a música, a dança e o audiovisual, linguagens que fazem parte do universo criativo de Ivny Matos. Em suas palavras, trata-se de “um espetáculo orgânico que, com toda certeza, vem sendo construído ao longo de toda a minha vida”.

Ainda de acordo com Ivny, a peça “é uma homenagem às mulheres artistas que, como eu, enfrentam uma série de obstáculos todos os dias, ainda mais sendo mãe solo e dona de casa. Enfim, não é fácil. Merecemos essa homenagem”.

A equipe artística e técnica é composta, em sua maioria, por amigos profissionais e parceiros de longa data, como Marcelo Ferreira, fundador da Cia. Teatro Urgente, onde a atriz iniciou a carreira, e que assina a encenação. Destaque ainda para o roteirista Fernando Gasparini, parceiro de Ivny no Poesia no Ar, canal de poesias lançado há oito anos. A preparação vocal é de Alza Alves e a direção musical é de Douglas Tubarão, e inclui a participação especial em cena do sanfoneiro Guilherme Valli.

“Não há palco que dure!” foi premiado no edital de seleção de projetos de artes cênicas da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo em 2022.

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