Pistola . 40 apreendida pela delegada, na casa do ex-namorado da enfermeira assassinada em Alfredo Chaves, pode ser a arma do crime que ele nega

O ex-namorado não contava que o corpo da enfermeira Íris fosse ser encontrado, deixou pistas que levaram a ele. A arma apreendida na sua casa bate com os cartuchos encontrados no local do crime em Alfredo Chaves.

Delegada fala da investigação e revela detalhes do crime

Todas as pistas, até o momento da investigação da Polícia Civil – PC, conduzem o vigilante Cleiton Santana dos Santos ao bárbaro feminicídio cometido contra a enfermeira, Ísis Rocha de 30 anos, na estrada de acesso a Carolina, interior de Alfredo Chaves.
A delegada titular da Delegacia de Alfredo Chaves, dra. Maria da Glória Pessotti, quem conduz a investigação, apreendeu, nesta sexta-feira, 19, uma pistola . 40, na casa do ex-namorado de Íris, no bairro de Lordes, em Vitória. Ocasião em que também foi apreendido um cofre da residência, cuja senha foi repassada por ele à delegada.
De acordo com a delegada, no local do crime, onde ela permaneceu por mais três horas aguardando a perícia da Polícia Civil para recolher o corpo da enfermeira, havia cinco cartuchos de pistola .40, a que, provavelmente, foi usada para assassinar Íris. “Tudo indica que ele matou no local, havia cinco cartuchos de pistola . 40. E, quinta, nós recuperamos um cofre na casa dele e a arma”, disse.
O jornal entrou em contato com a delegada Maria da Glória para parabenizar o eficiente trabalho que ela vem realizando no sul do Estado, e aproveitou a oportunidade para abordar o tema relacionamentos abusivos, violência contra a mulher e o caso em evidência, conduzido por ela, no inquérito em Alfredo Chaves.
Pessotti comentou que Cleiton nega ter cometido o crime, inclusive ele tenta justificar que na data em que ocorreu, ele passou o dia todo em casa, e acreditava que o corpo jamais fosse encontrado, por isso ele pode ter guardado a pistola.40 na residência. Ele não se dava conta de que alguém fosse achar o corpo de Íris.

Cleiton deixou outras pistas que o leva ao desfecho deste cruel feminicídio. Ele teria ido a região de Alfredo Chaves antes, pelo menos umas duas vezes, como se quisesse ter certeza de que lá jamais o corpo fosse encontrado. O local pouco movimentado, estrada de chão batido e árvores de um lado. Quem iria desconfiar que um crime seria cometido naquele lugar? Entretanto, como nenhum crime é perfeito, ficaram as manchas de sangue e os cartuchos da pistola.
Para quem conhece a região, sabe que há uma subida íngreme ao lado esquerdo e uma enorme pirambeira cercado por arbustos e cipós ao lado direito. “Uma plantação toda trançada, quando você joga alguma coisa, as árvores seguram. Provavelmente, ele matou a menina e jogou o corpo dela, ali. Quando ele percebeu que o corpo não desceu, devido às árvores, cobriu toda com cal. Só que, o que chamou atenção é que tinha sangue na estrada, chamou atenção de quem passou e viu. Como ele cobriu com bastante cal só ficou de fora o pé dela, a pessoa viu o pé e percebeu que se tratava de gente. Mas ela estava toda coberta de cal. E, ela ficou de bruços, não chegou a cobrir o rosto, cobriu a cabeça e a parte de trás. Ele jogou o corpo. Ele deve ter imaginado que nunca iam encontrar”.
Tudo aponta para que Cleiton tenha assassinado a enfermeira com a arma que está apreendida com a delegada, e imaginou que jamais fosse achar pelo local escolhido para cometer o crime. “Ele foi vários dias antes do crime na região, acho que ele estava tentando reconhecer o local onde era melhor para matar e jogar o corpo dela. Um local onde praticamente não tem trânsito e quem passa por lá é mais de moto. Eu fiquei umas três horas no local no dia e se passou duas ou três motos foram muitas”.
Como é de conhecimento de muitas pessoas a cal não permite o mal odor e ajuda a deteriorar o corpo.
A investigação continua, a delegada disse que, na segunda-feira, 22, a arma apreendida será encaminhada à perícia para comparação dos cartuchos e dos projeteis. “Vou solicitar exame de recenticidade, para saber se ele deu algum tiro recente, eficácia e micro comparação balística, que compara a arma com as capsulas, se bater, não vai ter dúvida mais. A arma apreendida é uma pistola . 40 e a que matou, também”.

O telefone dela está desligado


O telefone da enfermeira está desligado e desaparecido. Como lembrou a delegada Maria da Glória, era Cleiton quem respondia as mensagens dela. “Ele ficava do lado de fora da Ufes, onde ela trabalhava, o dia inteiro, e com o celular dela. Era ele quem respondia as mensagens do telefone dela”.

Três dias monitorando o vigilante


A delegada, em conversa com a jornalista Luciana Maximo, disse que a Polícia está trabalhando no caso desde quinta-feira, 11, quando o corpo foi encontrado. Um trabalho ininterrupto para identificar o corpo da enfermeira que não tinha documentos, apenas um cartão de crédito com nome incompleto.
Depois de identificá-la, chegar ao suspeito e prender, foi um desafio. “Foram três dias atrás do suspeito. Ele estava sendo monitorado. Quinta ele entrou num carro e só o seguimos. Como não podemos parar carro e abordar, pedimos a PRF. Quando o carro que ele estava indo na direção da PRF, entramos com contato e pedimos abordagem. A PRF abordou e a PC prendeu, nós estávamos à paisana”.
Contou a delegada que o corpo foi achado na quinta-feira, 11, e a investigação começou a ser feita, mas não tinha nada a ver as primeiras informações, como se ela fosse outra pessoa, não havia identidade dela ainda. No dia 15, foi quando foi descoberto que era ela, não tinha documento. O cartão era incompleto e havia várias pessoas com o nome parecido com o dela. A gente não achava e quando ligava para a família, a família não atendia, achava que era trote. Meu policial foi para Vitória no fim de semana para ir à casa, até que ele descobriu quem era a verdadeira vítima. Este fim de semana vamos trabalhar”.

Violência


Infelizmente a violência contra a mulher não é tão fácil de combater, muitas mulheres, por medo, não denunciam, outras por dependência financeira e emocional. “Pela experiência que eu tenho, infelizmente, elas mantêm a relação, não sei se é por medo, dependência econômica, dependência emocional, isso é muito comum. Quando eu assumi em Alfredo Chaves, no mesmo mês que eu fiquei lá, eu concluí 9 inquéritos de violência doméstica, todos para arquivar, e elas nunca justificam o porquê. Muitas têm filhos não querem que o ex-marido seja preso, ou porque já terminou e acha que não vai ter mais problemas, e geralmente não têm muita justificativa”.
Ressaltou a delegada que a família precisa se envolver mais. Quando a vítima se afasta da família, a família não deve aceitar este tipo de afastamento. Sempre que acontece isso, a mulher morre. “É preciso proteção da família, da polícia e da justiça. Tem que prender um cara deste”.

Foto: Pistola – Ilustração

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