Diagnóstico precoce do câncer de mama eleva em até 95% as chances de cura da doença

No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Segundo dados do INCA, para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres.

Pacientes com diagnóstico precoce da doença tem elevadas chances de cura, podendo chegar a 95% e provavelmente serão submetidas a cirurgias mais conservadoras, o que impacta muito positivamente na autoestima e qualidade de vida dessas mulheres.

Os benefícios da mamografia de rastreamento incluem a possibilidade de encontrar o câncer no início e ter um tratamento menos agressivo, assim como menor chance de morte pela doença, em função do tratamento oportuno.

De acordo com a mastologista da Rede Meridional, Karolline Coutinho, a mamografia é o único método comprovadamente capaz de reduzir a mortalidade pelo câncer de mama. “No Brasil, o programa de rastreamento desta doença estabelece como devemos conduzir cada paciente, observando seu risco pessoal de desenvolver a doença”, explicou.

As sociedades médicas recomendam que toda população feminina se submeta a mamografia anual a partir dos 40 anos. Isso é aplicável a pacientes assintomáticas. Mulheres que apresentam algum sintoma como nódulo palpável, alteração de pele, retração de mamilo, caroço nas axilas, devem ser submetidas a exames de diagnóstico, independentemente da idade.

Atualmente os médicos conseguem estratificar o risco individual da paciente para o câncer de mama. Mulheres com risco habitual devem seguir o rastreamento padrão. Pacientes de alto risco, principalmente com alterações genéticas comprovadas, precisam ser aconselhadas de maneira diferente. Geralmente iniciam mamografia 10 anos antes, muitas vezes associada a ressonância magnética.

O autoexame é importante como mecanismo de alerta a alterações que possam ser percebidas pela própria paciente, funcionando no auxílio na detecção da doença, mas jamais substituindo a mamografia, alertou a médica.

Para o oncologista da Rede Meridional, Fernando Zamprogno, a mamografia e o ultrassom são exames complementares, que ajudam na identificação do câncer de mama. O ultrassom vai mostrar possíveis nódulos, já através da mamografia pode-se identificar situações que ainda não viraram nódulos, mas que estão tendo calcificações agrupadas. “Por isso, que a técnica é tão importante. O que buscamos com a mamografia é diferente do que buscamos com o ultrassom. Então, esses exames se complementam e ajudam no rastreamento do câncer de mama, mas são completamente distintos um do outro.

O acesso a exames de qualidade ainda é um grande desafio no Brasil. Dos quase 6.340 aparelhos em operação no Brasil, apenas 7% possuem certificado de qualidade. “Temos muito mais aparelhos do que precisamos, porém, mal distribuídos. Isso impacta negativamente na cobertura nas regiões menos desenvolvidas”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cobertura mamográfica deve alcançar, no mínimo, 70% da população-alvo para realização dos exames. O Brasil não realiza nem a metade desse número”, afirmou Karolline.

A médica lembra, ainda, que somada a essa questão, o medo de sentir dor também é um fator envolvido para que algumas mulheres deixem de fazer o exame. “A mamografia na grande maioria das vezes é indolor. Alguns fatores podem desencadear certo desconforto durante o exame: a época do ciclo menstrual, a composição das mamas, a habilidade da técnica que realiza o exame. Daí a importância de conscientizarmos e informarmos a população”, alertou.

Homens também podem desenvolver câncer de mama. A doença é rara neles, correspondendo a menos de 1%. A proporção é de 100 casos femininos para um caso masculino. Os principais fatores de risco são a idade (quanto maior a idade, maior o risco) e a história familiar de câncer (principalmente câncer de mama, de ovário e de intestino). A forma hereditária da doença no homem chega a 40% dos casos. Devem se atentar para a obesidade, o uso de hormônios e álcool.

A mastologista lembra que um grupo que merece muita atenção e que é pouco lembrado são as mulheres trans. Elas podem ter um risco aumentado para o câncer de mama devido à utilização de hormônios femininos, e nesse caso, devem realizar mamografia sim. Homens trans que não tenham realizado a mastectomia, retirada das mamas, tem um risco similar ao de mulheres cisgênero. Também precisam realizar mamografia.

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *