Em Londres, MAB e atingidos da Bacia do Rio Doce cobram justiça para Mariana

No mesmo horário em que há quase nove anos o crime socioambiental da Samarco matou 19 pessoas e devastou a vida outras milhares , o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e atingidos/as da Bacia do Rio Doce de várias cidades, entre elas, Ipatinga, Mariana, Ouro Preto, Governador Valadares e Barra Longa, ocuparam hoje (22 de outubro de 2024), as ruas de Londres para denunciar a BHP Billiton e exigir justiça para os atingidos.

Além da manifestação, integrantes do MAB participaram de uma reunião na Portcullis House, em Westminster, com parlamentares do Reino Unido, que ouviram relatos dos atingidos sobre os danos contínuos da tragédia criminosa. A mobilização ocorreu durante o segundo dia do julgamento histórico contra a empresa, na Corte Britânica, que decidirá sobre a responsabilidade da BHP, co-proprietária da Samarco junto à Vale, pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015.

O crime resultou ainda no despejo de toneladas de lama tóxica que percorreu quase 700 km, causando destruição ambiental e social ao longo da Bacia do Rio Doce, até o Espírito Santo.

No Reino Unido, a BHP enfrenta um processo que pode resultar em indenizações de até R$ 260 bilhões para mais de 600 mil pessoas atingidas, um valor significativamente superior aos R$ 170 bilhões propostos no acordo em negociação no Brasil, criticado pelo MAB pela falta de participação dos atingidos nas negociações e pelo valor insuficiente da reparação.

Olivia Santiago, integrante da coordenação do MAB em Minas Gerais, acompanha o julgamento e destaca a importância deste processo para a luta por justiça que já dura quase uma década. “Estamos em Londres acompanhando o início da fase pública do julgamento contra a BHP Billiton. Esse é um importante passo na luta por justiça para todas as pessoas atingidas pelo rompimento. As empresas precisam ser responsabilizadas por esse crime, que teve impacto devastador não só sobre o meio ambiente, mas sobre a vida e a saúde de milhares de pessoas”, afirmou. Ela ressaltou a expectativa de que as empresas sejam penalizadas de forma adequada, como parte da busca por uma reparação integral, incluindo os danos ambientais, econômicos e à saúde.

O julgamento em Londres, iniciado nesta semana, está previsto para durar até março de 2025, com a decisão sobre a responsabilidade da BHP sendo anunciada até junho do próximo ano. Caso a empresa seja condenada, a fase de definição das indenizações pode se estender por mais três a cinco anos, devido ao grande número de pessoas afetadas. O MAB segue vigilante e mobilizado, aguardando que a justiça britânica seja coerente com a gravidade dos acontecimentos. As consequências desse crime são históricas, e a luta do movimento é por uma reparação integral e por uma justiça que responsabilize de forma efetiva as empresas envolvidas.

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