Estudantes protagonizam ato em defesa da educação e contra o bolsonarismo

Mobilização saiu de dois pontos: a Ufes, campus de Goiabeiras, e o ifes de Vitória, seguindo para Assembleia Legislativa.

Defesa da educação, eleição de Lula (PT) à Presidência da República e reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) foram as pautas que levaram centenas de pessoas para as ruas de Vitória nesta terça-feira (18). O ato foi organizado por sindicatos e pelo movimento estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal (Ifes).

O protagonismo foi, de fato, dos estudantes, que conduziram a mobilização do início ao fim.

Os sindicatos que participaram da organização foram a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes); Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes); e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe – Seção Sindical Ifes). Entretanto, o protesto teve adesão de outras organizações, como centrais sindicais, coletivos de juventude, partidos e mandatos parlamentares.

Foram duas concentrações: na Ufes, campus de Goiabeiras; e no Ifes, campus de Vitória. Com um número maior de pessoas, o grupo que saiu da Ufes contou com a presença da vereadora da Capital e deputada estadual eleita Camila Valadão (Psol), do deputado estadual eleito João Coser (PT), da deputada estadual reeleita Iriny Lopes (PT), da deputada federal eleita Jackeline Rocha (PT) e do deputado federal reeleito Helder Salomão (PT). 

Camila Valadão projetou que no dia 30 de outubro o segundo turno, o povo estará nas ruas para comemorar as vitórias de Lula e Casagrande e disse que esses parlamentares “formam a bancada que vai dizer para os fascistas que não tem arrego”. Helder Salomão destacou que e reeleição de Casagrande é necessária para “não haver retrocessos”. Jackeline convocou estudantes, professores, sindicalistas e movimentos sociais para “se juntar nas ruas, ocupar e resistir até o dia 30, às 17h, quando estaremos elegendo Luiz Inácio Lula da Silva e Renato Casagrande”. Queremos um Brasil pela educação, com mais universidade, com mais Ifes, também para a saúde, políticas sociais, respeito às mulheres, LGBTs”, disse João Coser.

Os estudantes da Ufes, em suas palavras de ordem, relembraram, principalmente, o chamado Tsunami da Educação, como: “Bolsonaro quer acabar com a educação, ele corta os investimentos na Ufes, no Ifes, corta de montão”. O Tsunami da Educação foram manifestações ocorridas em 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) implementou os primeiros cortes nessa área em sua gestão.

Fotos: Leonardo Sá

Além da precarização da educação, outros problemas que afetam o país foram lembrados através de palavras de ordem como “o arroz tá caro, o feijão tá caro, traz de volta o Lula e manda embora o Bolsonaro”. 

Na altura do Shopping Boulevard da Praia, o grupo que saiu da Ufes se encontrou com o do Ifes, que, embora menor, era mais eufórico. A partir daí, a caminhada rumo ao ponto de chegada, a Assembleia Legislativa, além de ainda mais numerosa em quantidade de pessoas, tornou-se mais vibrante.

Durante o percurso, em alguns momentos, as pessoas deixavam a via de passagem dos ônibus livre, mas na maior parte do tempo, todas as vias foram ocupadas pelos participantes. Seja por meio de buzinas dos veículos que passavam ou da manifestação dos moradores nas janelas e varandas dos prédios, houve muita sinalização de apoio, principalmente em relação à eleição de Lula, perceptível, por exemplo, com as diversas toalhas que estampavam o rosto do presidente e o gesto do L com as mãos.

Manifestações de descontentamento também foram registradas, mas em menor intensidade, concentradas principalmente em um pequeno grupo de apoiadores do candidato bolsonarista Carlos Manatto (PL), que concorre ao Governo do Estado. Esse grupo se localizava na altura do antigo WalMart, na Reta da Penha. 

A estudante do curso de Logística do Ifes de Viana, Helen Vitória, que participou do ato, afirma que a situação da instituição de ensino é “precária”, uma vez que “falta material para reforma, dinheiro para reagente nos laboratórios de química, e só está sendo oferecida uma refeição por dia”.

De acordo com ela, essa quantidade é insuficiente, pois muitos alunos estudam em tempo integral. Antes, afirma, eram servidas duas refeições. Para Helen, a não reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) significa “ter educação de qualidade, não se preocupar se vai ter auxílio no outro mês ou não, se vão cortar minha alimentação, se vou conseguir chegar na minha escola”. 

A mobilização desta terça-feira foi convocada antes mesmo do primeiro turno, quando o Governo Federal bloqueou o orçamento do Ministério da Educação (MEC) por meio do Decreto Presidencial nº 11.216, assinado por Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em 30 de setembro. O governo anunciou o recuo do bloqueio após repercussão negativa, mas ainda não ocorreu sua efetivação pelo Ministério da Economia.Fora acrescentadas à pauta a defesa da eleição de Lula e a reeleição de Casagrande, por serem consideradas como a possibilidade de “derrotar o bolsonarismo” e “continuar lutando”, conforme defendeu a presidente da Adufes, Junia Zaidan. A dirigente sindical destaca que com o bolsonarismo não há diálogo, somente práticas autoritárias, sendo necessário derrotá-lo “para continuar reivindicando os interesses dos trabalhadores”.
Junia classifica Carlos Manato (PL), candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL) e que disputa o segundo com Casagrande, como “uma expressão do bolsonarismo”. No Espírito Santo, Bolsonaro foi o candidato à Presidência mais votado, com 52,2% dos votos válidos, enquanto Lula recebeu 40,40%. O segundo turno na gestão estadual foi inesperado, uma vez que as pesquisas apontavam vitória de Casagrande. Ele teve 46,94% dos votos, e Manatto, 38,48%.

FONTE SÉCULO DIÁRIO: TEXTO ELAINE DAL GOBBO

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