Falta de infraestrutura prejudica setor imobiliário em Piúma

Corretores de imóveis perdem vendas por falta de infraestrutura, eles estão baixando o preço, ainda assim encontram dificuldades na hora de fechar o negócio

 

O mercado imobiliário que é um seguimento importante para alavancar a economia de Piúma, uma vez que a cidade vive basicamente do turismo, seguido da construção civil e o setor terciário está sofrendo muito com os problemas de infraestrutura do município. Apesar da procura ser grande por imóveis, principalmente para aluguel de temporada, as vendas têm caído e os preços estão tendo de baixar.

A situação da orla da praia principal tem feito os imóveis perderem o valor de mercado, além de afastar possíveis compradores. Ruas sem pavimentação e sem rede fluvial, iluminação precária, lixo e entulhos acabam afastando os interessados.

A Reportagem procurou corretores, todos foram unanimes em afirmar, a cidade é linda, mas precisa de mais cuidados. “O investidor quer vir para a cidade e encontrar ruas limpas, quer um calçamento, quer uma orla bonita. Geralmente as pessoas investem onde acreditam que vão ter retorno, ou no mínimo, se ele precisar desfazer do imóvel, consiga capitalizar. Quando ele começa perceber que existe uma oferta maior de imóveis no mercado para venda do que para compra, já enxerga que não é um bom negócio”, frisou Floriano Chácara no mercado há mais de 30 anos.

Segundo Floriano, o empresário só investe com a certeza de que terá retorno, “se eu vou chegar no lugar que a cidade está cada dia pior, cada vez mais destruída, eu não vou pôr o meu dinheiro no fogo. O mercado sofre com isso. Um imóvel que valia R$ 200 mil, é oferecido hoje a R$150 mil e nem oferta tem. Não é que não haja interesses em adquirir um imóvel em Piúma, existe e continua tendo, o que acontece é, muitos olham na internet e veem o imóvel e imagens da cidade linda, se apaixonam e vem, chegam aqui, encontram ruas alagadas, sem pavimentação, praia destruída, iluminação precária, fica difícil”, explicou Chácara.

A corretora Aline Freire também frisou que Piúma continua muito querida, mas as condições da cidade dificultam o setor imobiliário. As pessoas querem comprar os imóveis mais baratos por causa das péssimas condições da praia, da falta de infraestrutura, limpeza, saneamento básico. Falta administração, a cidade está abandonada. Uma cliente de Itaperuna quis vender um imóvel por causa da situação da praia”, comentou.

A corretora Regina Mara Rezende Araújo também associa a dificuldade de venda de imóveis a questão da infraestrutura. “O que dificulta mais é a falta de investimento na cidade por parte do poder público, falta de infraestrutura. Tem uma rua aqui que quando chove só de caiaque para atravessar de tanta água na rua. Um casal veio ver um imóvel para venda, ele não quis nenhum dos que eu tinha nesta esquina, da mesma forma como está aquele meio da praia, o que eu tenho para venda ali, estou tendo dificuldades”, assegurou Regina.

Rodrigo Trindade disse que está com uma cliente interessada em um imóvel na faixa de R$100 mil, mas ela enviou uma foto a ele com a Avenida Beira Mar destruída e perguntou a ele se era verdade. “Eu disse que era verdade e que provavelmente o governo do estado ia consertar, ela só falou assim, “é”, parece que eu perdi a cliente porque eu não podia falar o contrário, tinha de falar a verdade”, disse Trindade.

Pedro Paulo Filho afirmou que o mercado de imóveis está muito fraco. “Outro dia eu sai com um cliente para mostrar uma casa que ele viu na internet, quando eu entrei na rua onde estava localizada a casa, ele viu lixo, urubu na rua, lama, o cliente desistiu logo. Além de está fraco o mercado, temos que lutar contra isso”, ressaltou.

 

Procura por aluguel é alta, mas o preço…

Aline corretora defende que Piúma precisa de mais infraestrutura

Os corretores procurados pela reportagem foram unanimes em afirmar que a procura por um imóvel para a alta temporada é ótima. Inclusive a maioria já está alugada. Entretanto, embora as reservas estão sendo garantidas, o preço continua de três anos atrás.

A titulo de exemplo, uma casa grande em Piúma para 18 pessoas, com piscina, ar condicionado e boa localização, é alugada com preço bem mais abaixo que Iriri, para o réveillon está saindo em média R$3 mil o pacote.

“Uma quinzena de uma quitinete sai a R$ 100 reais a diária. Tem imóvel pra “cabeçada” de 10 a R$ 2.250,00. Aqui em Piúma tenho que lugar um prédio inteiro pra tirar R$10 mil. Minha melhor casa é 8 mil, com 6 quartos e ar condicionado. As primeiras coisas que o cliente pergunta se vai ter trio elétrico e se a praia tá caindo”, comentou Aline Freire.

Programação

 Regina corretora disse que na esquina da imobiliária dela deixou de vender um imóvel por conta da rua alagada em dias de chuva

Reclamam os corretores que a Prefeitura demora demais para divulgara programação de verão. “Quando o turista liga para fazer a reserva quer saber da programação. Ano passado liguei até dezembro para a Prefeitura e a resposta é, ‘estamos providenciando’. Na última hora não adianta. Iriri sai sempre na frente. Piúma sempre atrás na programação com as datas de feriado e alta temporada. A gente não tem praia, nem infraestrutura e nem programação. A procura é muito boa, pois quem vem pra Piúma ama muito. Mas os preços estão estagnados. Estamos até parcelando”, disse Regina.

Aline Freire concorda com Regina e tem a mesma opinião Floriano Chácara, o turismo precisa de planejamento.

“A procura por um imóvel para alugar na alta temporada é grande ainda, embora a cidade não tenha uma programação voltada ao turismo que instigue o turista. A falta da divulgação da programação de verão com antecedência acaba prejudicando muito os corretores de imóveis que na hora que o turista liga e pergunta ele não tem uma resposta definida”, finalizou Floriano

 

Corretora cria um grupo no WhatsApp para pedir ajuda

Alessandra é corretora de imóveis, ela criou um grupo no WhatsApp para pedir ajuda

Sem acreditar mais em uma palavra do prefeito de Piúma sobre a urbanização, contenção da erosão, ou busca de solução para resolver o problema da orla a corretora de imóveis, Alessandra Zouain aposta em uma última cartada. Ela criou um grupo no WhatsApp de pessoas para organizar um protesto e neste chamar atenção dos governos Estadual e Federal.  “O grupo surgiu quando um amigo me ligou reclamando por que Piúma não aceitou o empréstimo dos R$ 35 milhões que seria usado na urbanização da orla e dizendo que agora nunca vamos conseguir. Eu disse vai sair sim a obra, nem que eu tenha que tomar a frente. Eu tomei a frente e criei ao grupo. A última cartada para ver se a gente consegue salvar Piúma”, disse Alessandra que está organizando um protesto para o dia 09 de dezembro, às 14 horas

Alessandra ressaltou que já pensou em deixar Piúma e ir para Guarapari. “Eu penso em sair pela situação financeira, porque aqui não surte efeito meu trabalho, mas ao mesmo tempo fico com o coração partido porque eu amo Piúma. Eu acredito que Piúma tem tudo para ser uma cidade com o turismo incrível e com situação financeira independente o ano todo”.

Em relação ao empréstimo de R$35 milhões que o prefeito tentou aprovação do projeto na Casa de Leis, na opinião da corretora, Piúma não pode arcar com essa dívida, pois a cidade tem muitas outras necessidades básicas, ainda não supridas, e por se tratar de uma situação de calamidade pública precisa da interferência dos Governos Estadual e Federal. Ela acredita que as pessoas da cidade foram contra o empréstimo porque não acreditam mais nas promessas do prefeito. “Ele ainda não mostrou a que veio”!

 

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura informa que aguarda o recurso estadual prometido, no valor de R$ 5 milhões, para iniciar obra de contenção da maré. Alega precisar dos recursos estuais e federais para a urbanização. Para o verão, estão preparando 800 sacos (big bags), que custam cerca de 48 mil, e suportam até 1,5 tonelada de areia. Serão colocados na parte mais afetada da erosão na tentativa de conter, provisoriamente, o avanço do mar. Para o procedimento, no entanto, aguardam autorização do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).

Câmara nega autorização para empréstimo

Nesse mês, o prefeito de Piúma, Ricardo Costa, teve negado pela Câmara pedido de autorização para a contratação de crédito no valor de R$ 35 milhões junto à Caixa Econômica Federal. O recurso, justifica, seria para investir em trabalhos na cidade, incluindo o projeto urbanístico da orla. Seriam necessários oito votos de vereadores, mas só conseguiu seis.

Em vídeo, publicado antes mesmo da votação analisou: “Temos aqueles que querem nossa orla e temos aqueles que por vaidade não querem a solução.  Aqueles que votam contra, não estão pensando em nossa cidade”, disse.

Os vereadores contrários ao projeto alegaram que o endividamento do município com o empréstimo, considerando juros, poderia chegar a R$ 70 milhões, comprometendo as finanças e investimentos em áreas básicas, como Saúde e Educação. Defendem que os governos Federal e estadual custeiem a obra.

 

 

 

 

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