FAMES: Aulas de música para melhorar o humor e reduzir o estresse em idosos
O projeto “Música na maturidade”, da Fames, completou 14 anos, beneficiando 90 alunos da terceira idade com melhor qualidade de vida por meio da música, e recebeu homenagem de Gandini
Se você tem 60 anos ou mais, vive de mau humor e quer reduzir o estresse do dia a dia, o projeto de Extensão da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) “Música na Maturidade” pode te ajudar. Nas aulas, que são gratuitas, os idosos aprendem flauta doce, canto em grupo e expressão corporal.
A educação musical, além de um conjunto de técnicas, métodos e atividades que desenvolvem habilidades, também insere a arte no dia a dia das pessoas. A prática traz inúmeros benefícios, como a melhora do humor, a socialização, a redução do estresse e o exercício do cérebro. Para muitos terapeutas, a música pode reduzir o avanço do Alzheimer.
A iniciativa surgiu em 2010, com a professora Letir Silva de Souza, e tem a intenção de proporcionar à melhor idade condições de socialização por meio da musicalidade e da cultura.
Segundo Letir, a metodologia contribui para o desenvolvimento da audição, utilizando a flauta doce; o estímulo da memória, através de exercícios de imitação do ritmo e da melodia; a maior consciência corporal, com exercícios de respiração, relaxamento e alongamento; a coordenação motora, por meio de danças e jogos sonoros; e também os conceitos e teorias da música, partindo da vivência musical dos participantes.
“A Fames nunca tinha tido um trabalho com a terceira idade, até que eu consegui alguns horários vagos e resolvi preencher com aulas para idosos. O projeto começou a crescer, começamos a fazer apresentações, abrimos mais turmas e depois tivemos de pedir monitores para estar com a gente e ajudar”, lembrou a professora.
Ela comentou que, inicialmente, a ideia era que o curso durasse quatro anos, mas os alunos não quiseram parar. Atualmente, as aulas têm uma frequência semanal e acontecem às segundas e terças-feiras. Ao todo, são 90 alunos.
“Na segunda, no primeiro horário, eles têm aula de canto coral. Depois, a prática de conjunto, onde a gente trabalha com a flauta doce e os sinos. Também tem uma aula de corpo e movimento, onde a gente explora pulsação, ritmo e a coordenação motora. Já na terça, temos aula de flauta e teoria musical, dividas em turmas do nível mais iniciante ao mais avançado”, explicou Letir.
HOMENAGEM
O deputado estadual Fabrício Gandini (PSD) recebeu os responsáveis pelo projeto em seu gabinete, na Assembleia Legislativa, e prestou homenagem ao “Música na Maturidade”, pelos seus 14 anos de atuação.
O diretor da faculdade, o professor Fabiano Araújo Costa, e as professoras fundadoras do projeto, Letir e Raquel Bianca Castro de Sousa, além da aluna Célia Gandine Carneiro, receberam um voto de congratulação da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.
Célia relatou que as aulas têm feito muito bem para ela. “Foi um impacto muito grande na minha vida, mais conhecimento e qualidade de vida. Eu tive períodos mais aborrecidos, mais tristes e, depois que comecei a participar, isso diminuiu muito”, relatou.
De acordo com um estudo da Fundação Alzheimer da Espanha, muitos terapeutas utilizam da música para diminuir o avanço da doença, que é progressiva e destrói a memória e outras funções mentais importantes.
A pesquisa demonstrou que grande parte das pessoas com o distúrbio não lembram nomes de parentes, mas lembram de letras de canções, já que a música tem relação estreita com as emoções. Célia contou que compartilha a sala de aula com alguns colegas que possuem a doença.
“Nós temos alunos com Alzheimer. Eles vão com acompanhante. Isso traz bons resultados para essas pessoas e a família faz questão de levar porque percebe que ajuda a desenvolver. Quando você estuda a música, não quer parar mais”, destacou.
O coral formado pelos alunos se apresenta todo final de ano, mostrando os resultados de todo o seu aprendizado. Em 2023, o espetáculo aconteceu no teatro do Sesc Glória, em Vila Velha. Este ano, está previsto para o dia 6 de novembro, no mesmo local.
Gandini, que prestou a homenagem ao projeto, contou que foi convidado pela aluna para assistir a essa apresentação. “Fiquei maravilhado com o espetáculo e com essa oportunidade que os capixabas de idade avançada têm. É uma iniciativa gratuita, que contribui muito na vida desses alunos e que precisa ser mostrada aqui no nosso Estado”, declarou o deputado.
O projeto é mantido pelo governo do Estado, por meio da Fames. Para participar e preciso entrar em contato com a Fames, pessoalmente ou através do e-mail [email protected] e aguardar a oferta de vagas que acontece no início de cada ano.